Capítulo 5 - Porcelana

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–Não fala da minha mãe, seu desgraçado! – Gritei irritada e ele se aproximou, me empurrou no carro e eu gemi de dor quando minhas costas bateram na janela. Eu ainda tinha os hematomas de algumas semanas atrás, e nada me doeu mais do que saber o quão frágil eu estava.

–Larga ela! – Chris gritou mas ele pareceu não ouvir.

–Sai de perto de mim!–Falei irritada e ele empurrou a coxa entre minhas pernas me prendendo, seus olhos castanhos me fitaram e ele sorriu. Nunca senti tanto nojo de alguém na minha vida. Eu sei o que ele vai fazer se eu não conseguir sair daqui.

–Até que você é bem bonita pra uma vagabunda - Ele pressionou o corpo no meu e eu gritei cuspindo em seu rosto.

Minha garganta se encheu com um gosto ruim, o corpo dele colado ao meu me dava uma sensação horrível, como se eu estivesse suja, por dentro. Esmurrei seu peito para que ele saísse e eu me sentisse melhor, mas o que consegui fazer foi tirar algumas risadas dele.

Como era de se esperar, não me senti menos nojenta com o que aconteceu depois, seus lábios tocaram meu pescoço e a barba roçou na minha pele causando um arrepio de nojo que atravessou minha espinha até chegar em minha cabeça com uma forte embriaguez. Algo áspero deslizou sobre meu pescoço e eu percebi que era sua língua.

Céus, ele me lambeu.

–Você é um cachorro? Que porra você acha que está fazendo?!–gritei sentindo ênfase de nojo na Minha voz, como se ele fosse um daqueles pervertidos do metrô–E talvez ele fosse.

A barra de ferro caiu no chão e ele mergulhou a cabeça entre meu pescoço e meu ombro, tentei dar socos para que me largasse mas no mesmo instante ele agarrou meus pulsos e soltou uma risada do tipo que faria qualquer um ter medo, ao invés disso eu senti minhas pernas cederem em um arco quase que perfeito, se tivesse sorte me sobrariam braços para poder cavar minha própria cova.

–Christopher, porra! Tira esse cara de cima de mim! - Gritei irritada, a minha voz mais aguda que o normal.

A barra de ferro fez um arco perfeito no céu e aterrissou na cabeça do brutamontes o fazendo soltar meus pulsos, apenas isso já foi suficiente para que eu chutasse sua barriga e ele cambaleasse para trás.

–Eu não consegui ver o que aquele merda estava fazendo. –Chris perguntou e eu senti um nó na garganta.

Geralmente as pessoas não lambem desconhecidos, então acho que com certeza ele fez algo.

–Entra logo no carro – Retruquei e sentei no banco do motorista, girei a chave na ignição e liguei o mesmo. Meu coração estava apertado no peito. Aquele homem era doentio.

Me senti estranha e acelerei.

–Charlie... – Ele entrou no banco do carona e eu olhei no retrovisor, deixando o homem enorme para trás, cinco minutos depois já estávamos na estrada novamente.

–Charlie... me desculpa por favor, esse cara tem me seguido mas eu não sabia que ele podia fazer isso –Chris falou e eu tentei manter os olhos na estrada, se encarasse seus olhos azuis com certeza o culparia. Um mal estar estava me invadindo pouco a pouco, como se duas mãos torcessem meu estômago.

–Esquece isso, é só... – Lembrei do seu hálito no meu pescoço e tive vontade de vomitar. Senti o ar parar na minha garganta e eu estacionei o carro no acostamento.

Sai do carro apressada e tentei me acalmar, respirei profundamente três vezes e quis tomar um banho para tirar o cheiro daquele cara de mim, a saliva dele ainda estava sobre meu pescoço, aquilo era nojento, repulsivo. Senti o gosto ruim e vomitei o que tinha comido, nem sequer olhei o líquido, apenas limpei minha boca.

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