O menino desaparecido

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Você viu e garoto? - Dizia o cartaz pregado num poste a três quarteirões da casa do Hudson.

Mas ninguém o viu. E os dias e horas se arrastavam e as lagrimas se acumulavam na sala da família Hudson a espera por uma ligação, um telefonema que nunca aconteceu.

Antes de acionar a policia e os pais das crianças, Cristina correu até o banheiro e vomitou. Começou quando lhe faltou um pouco de ar assim que mais bolhas de preocupação estouraram em seu estomago e tomaram o seu corpo todo a colocando num estado zumbificado de "Isso não esta acontecendo aqui, não comigo". Durante os dias que se seguiram ela pode observar sua vida como se não estivesse mesmo em seu corpo, como se fosse uma terceira pessoa assistindo tudo do alto, de longe de um lugar despreocupado, esperando a verdadeira Cristina sair dessa enrascada para retornar a sua vida. Parecia um sonho, um sonho bem ruim.

O Sr. e a Sra. Hudson chegaram em casa praticamente juntos com a policia. A principio o comportamento do casal foi de compreensão para com Cristina, ela estava tão assustada quanto as filhas do casal. Quem cuidou de imediato do caso foi o Delegado Rodrigues. Enquanto uma equipe buscava o menino pelas ruas, a Sra. Hudson vasculhava a casa pela quinta vez e o Sr. Hudson sentava-se no sofá abraçando suas filhas, uma de cada lado ainda incrédulo do sumiço de seu caçula.

Dois dias depois, quando não haviam sinais de invasão, digitais de terceiros, sinais de arrombamento, não haviam pistas do paradeiro do menino, Cristina foi chamada a depor novamente na delegacia. Acompanhada de seus pais a menina compareceu com os olhos vermelhos de tanto chorar. Enquanto depunha, seu pai foi agredido pelo Sr. Hudson.

_Onde esta meu filho? – ele gritava – O que ela fez com meu filho?

Cristina que tinha apenas 16 anos era babá dos filhos dos Hudson desde que completara quinze. As crianças eram tranquilas, as vezes bagunceiras, mas calmas. O Dinheiro que Cristina conseguia olhando crianças de vez em quando, era para uso pessoal. Não havia reclamações de outras duas famílias que também a utilizavam como babá. O Delegado estava pressionado pelos pais da criança desaparecida e tentou crescer pra cima da menina.

_Esta me dizendo que fechou a porta do guarda roupas e quando abriu o menino não estava lá? É isso que aconteceu? Como em um truque de mágica?

_Ela é uma criança, – gritou a mãe de Cristina – não pense que esta falando com um bandido!

A porta da sala de Rodrigues foi batida com tanta força pela mãe da garota que o vidro trincou. Conseguiram um advogado publico, mas Cristina não podia mais nem sair na rua, não podia ir a escola, todos a conheciam dos jornais como a babá que deu fim no menino. O inquérito instaurado não culpou a babá e também não a inocentou. Sem provas o caso foi arquivado um ano mais tarde quando Cristina e seus pais já haviam se mudado de cidade fugindo do holofote da mídia.

Sentada no banco de trás, olhando as ruas onde vivera sua infância pela ultima vez, Cristina pensou nas meninas, em como eram adoráveis e que tipo de inferno viveriam agora sem seu irmão mais novo. Depois Cristina riu. Teve um surto de risos que durou por minutos a fio. Seu pai teve de parar o carro e lhe comprar uma água. Ela riu até vomitar no meio-fio. Quando perguntaram o que tinha acontecido, ela disse que foi algo que o Sr. Hudson falou na delegacia: Que sua esposa ainda estava procurando o menino pela casa toda, já esvaziara o guarda-roupas diversas vezes para constatar que Michel não estava lá. Estava rindo porque aquele jogo de esconde-esconde ainda não estava terminado...

_Acabou Cris! – disse seu pai quando a menina se acalmou e eles já pegavam a rodovia. – Acabou filha!

Mas de certa forma ela sabia que aquela brincadeira só acabava quando todos fossem encontrados.

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