O homem que andava para trás

30 2 1
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quarta - 6 de Julho de 2016

A tequila desce rasgando a garganta de Alan. Ele não esta acostumado a esse tipo de bebida, nem cerveja ele costuma tomar com freqüência. Tosse e acha que vai vomitar tudo o que comeu no almoço dando um pequeno vexame no barzinho, não é um bom dia para ele.

Resolveu pouco depois das 18 horas que ia encher a cara, beber até cair. Mas ele não é assim, em toda sua vida se tomou 2 porres foi muito. Mas hoje Alan chegou em casa e viu que parte de sua vida estava apagada e mal sabia o porquê ou como aconteceu. Aquela piranha, Patrícia, esse era o nome da piranha, o havia deixado. Simplesmente pegou suas coisas e se foi, numa mudança completa, deixando o apartamento com poucos moveis. Não deixou nem um bilhete – mas era preciso? – aquela piranha, que ele amava, ou achava que amava e agora se esforçava para odiar – mas era preciso?

Se a visse em sua frente, depois de toda aquela semana, talvez tivesse socado sua cara na parede, mas ele não era assim, ele era Alan, ele era policial e se orgulhava de ser um dos poucos incorruptíveis da corporação. Mas estava cansado de ser assim, como ele era, incorruptível, e um grande segurador de merdas de todos os tipos desde a época da escola. Estava cansado de ficar sempre com a parte mais difícil e de ser o elo forte. Achava, seu pai achava, sua mãe achava, que Deus os tenha, que ele era um elo forte e que o mundo precisava de pessoas como ele para que o caos e escuridão não dominassem tudo e todos.

Mas Patrícia fora demais, aquela doida transformara sua vida num inferno e ele a amava. Por quê? Porque Ela era enfermeira e cuidou de sua mãe nos últimos dias de vida que lhe restara? Porque seu sorriso... como doía pensar nisso... porque seu sorriso era lindo e resplandecia seu rosto? A quis, desde o primeiro momento que a viu, terminou um namoro de 2 anos para ficar com ela. As coisas fluíram muito bem entre os dois nos primeiros mesês, e logo se casaram. E foi bem ali que Alan viu o homem mais uma vez. E talvez por isso tenha deixado passar o primeiro resquício de que tudo não estava bem como aparentava, o primeiro fiapo da verdadeira Patrícia aparecendo por sobre o vestido de noiva, algo fora de seus padrões, inaceitável, ele normalmente falaria alguma coisa, isso esta errado, mas quem se importaria com o comportamento de outrem quando lá fora havia um homem de preto andando de costas?

Tudo começou quando ainda era uma criança... nem conseguia lembrar de quantos anos tinha, mas foi na escola, apesar de não se lembrar em que série estava. Estava andando sozinho no recreio, não tinha muitos amigos, lembrava dessa cena e pensava em si mesmo como um menino pequeno, menor que um Hobbit, cabeça baixa e acanhado e brincando sozinho com seus próprios pensamentos, comendo um saco de pipoca. Havia um prédio no interior da escola que tinha a forma de um pentágono e era usado como sala de artes, uma pequena calçada contornava todo o prédio, não era muito grande. Alan dava a volta andando pela calçada, cada volta demorava um minuto ou dois, e ele gostava de pensar que estava entrando em uma gigantesca masmorra com o objetivo de recuperar um tesouro roubado por uma fera imensa. Pensava num monstro gigante e fedido, com patas, escamas e tentáculos. Ele estava ali a três voltas no prédio e quanto mais se aproximava um medo gostoso tomava conta do coração de Alan. Gostava de brincar disso, gostava daquela sensação, caminhando para o desconhecido, o perigoso desconhecido. Mal se imaginava com uma lança, pois não havia armas que pudessem derrotar aquela besta, ele só tinha uma chance: ser rápido, se esgueirar, ser invisível. Seu pai lera para ele O Hobbit e era nisso que ele se baseava, mas trocara o dragão Smaug por uma mistura de monstro que mais lhe assustava. Dragões eram bonitos e apesar de imponentes jamais causavam o mesmo medo que um monstro mais sobrenatural e desconhecido acima de tudo. No seu trajeto pela Masmorra imaginava que havia muitos corpos ali, de pessoas que como ele se arriscaram a ir até lá, fazer o que tivesse que ser feito e falharam miseravelmente.

Onde dorme a escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora