Sim, o momento havia chegado. Era hora de dizer adeus ao meu sentimento que, para Henrique, nunca havia existido. Era estranho não contar mais com a presença constante dele em minha vida. Do meu melhor amigo, que esteve comigo em todos os momentos. Eu nunca poderia imaginar que alguém poderia leva-lo para longe de mim. Não deveria ser dramática, já que nós nos víamos com frequência por conta do colégio. Mas, do mesmo jeito, algo estava mudado. Não era mais o número do meu telefone que ele discava quando queria conversar sobre algo, não era mais a minha casa que ele passava as tardes depois do colégio, não era mais a minha companhia que ele ansiava além de todas as coisas.
- Acho que irei comprar aquela saia que Clarissa disse que queria, sabe? – Ele disse uma vez na hora do intervalo.
Eu olhei para a minha garrafa de água e bebi todo o conteúdo querendo comer tempo para conversar mais uma vez sobre isso.
- Massa. Acho que ela realmente vai gostar muito.
- Você bem que poderia ir comigo... Faz tempo que a gente não sai junto, sabe. – Ele disse e olhou para o celular.
- Você só percebeu agora?
- Espera. – Ele atendeu o celular e saiu. Ele estava sorrindo enquanto conversava mais uma vez com Clarissa.
Eu realmente não poderia imaginar que ele iria se transformar neste completo babaca. Uma lágrima escorreu em meu rosto, porém, eu fui rápida em dizimá-la.
O que fazer quando meses se passam sem que você consiga arrancar aquele sentimento que te machuca?
Olhei mais uma vez para Henrique e o seu sorriso. Sim, eu estava feliz por sua felicidade, acho que essa era uma conduta louvável minha. Em algum momento ele iria virar para mim e ver que eu estava encarando, mas eu já não ligava. Agora eu era a amiga invisível.
Deveria ter algum contrato onde as pessoas quando começassem a namorar assinariam, dizendo que não iriam se afastar dos amigos.
Próxima semana as provas finais iriam começar e depois disso iríamos entrar de férias. Férias do colégio, do cursinho, de tudo. De nós.
Senti um aperto no peito quando pensei que os nossos momentos, tão reduzidos, iriam ser exterminados.
- Oi, voltei. – Ele sentou-se ao meu lado. – Era Clarissa...
Revirei os olhos e não fiz questão de esconder.
- Ló, para com isso! – Ele pareceu ofendido com a minha demonstração e afeto para com a sua namorada sugadora. – Ela só queria saber como eu estava.
- Vocês se falaram hoje de manhã antes da aula começar.
- É a saudade... Quando você começar a gostar de alguém desse jeito você vai conseguir compreender. Eu gosto desse jeito dela. Ela cuida de mim.
Aquele comentário me deixou bastante irritada. Eu me levantei rapidamente. Respirei várias vezes tentando manter a calma.
- Quando eu começar a gostar de alguém do jeito que vocês dois se amam eu irei me jogar de uma ponte. É um saco ter que escutar você falando dela 24 hrs por dia, é um saco saber que o tempo em que nós poderíamos estar saindo, você está saindo com ela. É um saco ter que só te ver de manhã, pois você não dá bola mais para mim. É um saco tudo isso, Henrique. É um saco saber que eu realmente não sou tão importante assim na sua vida. Sim, não me olhe desse jeito. – Eu cheguei mais perto dele, pois não queria que as outras pessoas escutassem. – Não acredito que depois de meses você ainda não percebeu que sim! Sim, Henrique – algumas lágrimas perversas escorreram de meu rosto transformando tudo mais dramático do que realmente deveria ser – eu gosto já de alguém. Porém, essa pessoa se transformou em alguém que não liga para os outros, se transformou em um babaca completo. Essa pessoa parecia me entender em tudo, me completar, mas ela não é realmente isso tudo. E eu não sei o que fazer para esquecer esse cara que só fez me machucar durante esse tempo.
- Nossa, Ló, quem é?
Eu comecei a rir.
- Você sabe, Henrique. E isso é o que mais dói. Você sabe que essa pessoa é você.
Nesse momento ele se aproximou de mim e me abraçou forte. Repousei o meu rosto em seu peito e chorei baixinho.
- Desculpa, Ló. Eu realmente não achei que fosse verdade. Eu realmente quis acreditar que ainda iríamos continuar mantendo a nossa amizade. Eu realmente só vejo você como amiga.
- Eu sei... Eu sei esse tempo todo que você nunca iria gostar de mim. – Me afastei dele. – Eu preciso de um tempo para mim. Isso aqui – me referia ao abraço – só me machuca cada vez mais. Eu realmente não sei o que aconteceu com nós dois... Não sei se realmente tem volta.
Virei as costas e saí andando até a sala de aula.
Os outros alunos seguiam o seu caminho. Algumas pessoas olhavam para mim, e eu sabia que elas haviam ficado curiosas sobre o que havia acontecido entre mim e Henrique.
A semana de provas foi torturante.
Foi terrível ter que ir todos os dias para a escola e não cruzar o olhar com Henrique. Foi terrível estudar para a prova de física e lembrar que foi estudando para a prova de física que eu havia notado o meu sentimento. Foi terrível ir no último dia e ir embora sem me despedir.
Porém, em meu coração, era audível o som do adeus.
Nota da autora:
Ei, pessoal, tudo bom? Passando aqui para avisar que irei voltar a escrever regularmente :D Consegui defender o meu TCC, foi isso que fez com que eu parasse de escrever.
Queria saber o que vocês estão achando da história até o momento :D Algumas coisas eu escrevo da época em que eu estava passando pela mesma situação de Lorena haha quem nunca ficou na friend zone, né? Eu já sei como essa história irá terminar, mas e aí, o que vocês estão achando?
Fico muito feliz com a quantidade de visualizações, muito obrigada <3 Não esqueçam de compartilhar a história e indicar para outras pessoas <3 Vocês irão me fazer muito feliz.
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Como Deixar de Amar o Seu Melhor Amigo
RomancePonto. É agora. Eu realmente não acredito que isso iria acontecer logo comigo. Amor é algo realmente banal. Principalmente por conta da pessoa por quem eu fui me apaixonar. Sério, Lorena? Poderia ser todo mundo. Até mesmo o carinha que vende cachorr...