Já estava pensando no resto do dia que seria um tédio até escutar alguém me chamando no portão de casa. Eu sabia quem era, pois havia escutado aquela voz durante anos e anos da minha vida. Parei e me olhei na frente do espelho. Estava normal, como sempre. Ele não estava merecendo que eu tentasse me arrumar de alguma forma. Estava de bermuda jeans e uma blusa regata e me senti bastante bem comigo mesma. Fui até o portão de casa e abri. Fiquei surpresa quando vi que ele estava segurando uma caixa de pizza. Tentei disfarçar a vontade que tinha de abrir um sorriso por sentir aquele cheiro maravilhoso, por isso, fiz cara de mal. Mostrando que ele não iria me ganhar tão fácil assim, mesmo a pizza me chamando de uma forma terrivelmente gostosa.
- Então... – Ele começa.
Durante o silêncio que se infiltra entre nós dois eu fico pensando em inúmeras maneiras de roubar a pizza dele e entrar em casa. Algo muito maduro de se fazer, afinal, eu estava brigada com ele, e não com a pizza. Nunca estive brigada com pizza. Isso seria completamente inusitado e impossível de minha parte.
- Então... – Repito.
- Olha, eu não deveria ter sido aquele completo idiota de hoje cedo. – Sim, ele estava certo. Ele foi um completo idiota. – Não deveria ficar jogando você para cima de outro menino, só se você quiser...
- Não, eu não quero. Se for para me jogar em cima de um menino eu não irei precisar de sua ajuda. – Nossa, eu fui muito grossa. Tenho que admitir. Eu já precisei da ajuda de Henrique para alguns assuntos relacionados com o coração. Mas agora era ele que estava me destruindo e eu não tinha ideia de como me jogar em cima dele, ou como correr de perto dele.
- Eu... – Ele parou e olhou para os seus pés por alguns segundos até voltar seus olhos para os meus. – Eu realmente não sei o que está acontecendo com a gente, Ló. Você pode até não falar, mas eu sei que tem algo estranho. Eu te conheço muito bem para não conseguir sentir tem alguma coisa errada, e o pior é que eu sei que é algo relacionado comigo.
- Não está acontecendo nada... – BANG! Acabei de me matar. De acabar com a oportunidade que a vida estava me dando. Qual o meu problema? Deveria falar logo que aqueles olhos dele estavam me deixando zonza, bem mais que o cheiro da pizza, e que eu só queria sentir como era ser abraçada por ele, não como amiga...
- Não está?
- Não... – Olhei fixamente para os seus olhos para comprovar que estava falando a verdade.
- Então?...
- Então, então... Qual os eu problema? – Eu perguntei e arranquei a caixa de pizza de suas mãos. – Me dá isso. Qual foi o sabor que você comprou?
- Frango com catupiry.
Abri a caixa e pude comprovar que ele falava a verdade. Olhei para ele e arqueei uma sobrancelha.
- Está bem! Vamos entrar, mas eu vou comer mais fatias do que você, certo?
- Certo. – Ele riu e entrou.
Mas eu não estava satisfeita com o que acabara de acontecer, portanto eu termino perguntando:
- E Clarissa? – Olho para ele como quem não quer nada.
- Ah, ela foi para casa. – Ele passou seu braço direito ao redor do meu pescoço e se aproximou de mim. – Hoje seremos só você, eu e a nossa querida pizza.
A sua aproximação fez com que meu corpo arrepiasse todo e fiquei com medo de que ele perceba, mas, se perceber, espero que coloque a culpa no vento gelado.
- Sim, nossas amadas calorias.
Coloco a pizza em cima da mesa e abro a caixa. Olho para a maior fatia e pego com a mão.
- Ah – ele fala – você pegou uma corzinha hoje. – Ele pega uma fatia de pizza.
- Sério? Nem notei. – Viro o meu rosto, para que ele não veja, e dou um sorriso.
Ele realmente não facilitava a minha vida e acho que era isso que fazia com que eu não conseguisse tirar esse sentimento estúpido por ele.
Abocanho a pizza.
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Como Deixar de Amar o Seu Melhor Amigo
RomansaPonto. É agora. Eu realmente não acredito que isso iria acontecer logo comigo. Amor é algo realmente banal. Principalmente por conta da pessoa por quem eu fui me apaixonar. Sério, Lorena? Poderia ser todo mundo. Até mesmo o carinha que vende cachorr...