Não dessa vez!

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Por fim eu a tinha encontrado, e dessa vez não a deixaria fugir, e sobre nenhuma circunstância ela sairia das vistas de meus olhos. Entretanto nesse momento tudo o que eu almejava era entender o motivo que a fez fazer isso, que a fez me abandonar. Foquei meu pensamento nesse raciocínio e sem o mínimo de paciência parei o carro que ela dirigia com uma mão, e com a outra soquei seu capô abrindo um buraco ali, destruindo completamente qualquer chance que ela pudesse sequer cogitar de tentar manobrá-lo para tentar fugir.

E várias pessoas que estavam no local começaram a correr gritando, mas eu não lhes dei atenção.

E em um piscar de seus tensos olhos, eu já postava-me ao lado do carro, arrebatando a porta do motorista, jogando-a longe. Ela me olhou horrorizada e tentou se afastar, todavia, o cinto de segurança a impediu. Segurei seu braço com uma certa brutalidade, precisava me controlar ou a machucaria de verdade, mais o desespero desses últimos meses estavam se transformando em pura raiva ao vê-la ali tão bem, não que eu desejasse que ela estivesse mal (até rezava a Atena que cuidasse dela), mais ao menos eu esperava, no meu intimo, que ela não tivesse fugido, que algo houvesse acontecido.

Arranquei o cinto de segurança que a prendia, e a puxei com certa brutalidade para fora do que sobrou do Gol que ela dirigia, e Anna teve dificuldade para se por em pé, mas assim que firmou os pés no chão tentou se soltar de mim e quando eu a compeli contra o carro ela gritou me fazendo parar, desprendendo-me de qualquer sentimento que eu pudesse ter antes.

-NÃO. -eu não conseguia respirar tal era meu choque. -Por favor não me machuque. -eu não acreditei que ela tivesse feito isso comigo.

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"Não me procure!"

Foi essa frase que eu deixei escrito em um papel sobre a mesa da cozinha, quando resolvi fugir de madrugada do Santuário. Não, não foi nada fácil sair dali, e minha maior sorte era que eu tinha livre acesso as casas de todos os cavaleiros, ou seja, eu podia passar sem lhes pedir permissão. A pior parte foi atravessar a ponte sem chamar atenção das pessoas, e para isso eu esperei ficar de madrugada. Quando consegui atravessar pela passagem secreta lágrimas teimosas desceram meu rosto, e eu ainda me sentia tremendamente triste por tudo, por ele, eu o amava, o amava tanto que tive medo de confrontá-lo, de ouvir de seus belos lábios que eu não passava de uma mera ferramenta para um fim ao qual ele necessitava, ou pior, ouvir uma bela mentira que me faria acreditar nele e seguir nessa vida para sempre.

Estava amanhecendo quando consegui chegar a rodoviária, então adentrei o banheiro e tirei da mochila a tinta de cabelo que tinha comprado no mercado e pintei meus fios de loiro na pia deste, e eu sabia que estava perdendo um tempo precioso ali, então assim que terminei coloquei um óculos escuro, me dirigi ao guichê e comprei uma passagem para uma cidade praieira. Seriam umas três horas de viagem então apenas peguei a mochila e adentrei ao ônibus com a maior cara de turista. Meu coração estava a mil quando o ônibus para meu novo destino começou a se mover, eu tinha medo que ele já estivesse a minha procura, e talvez uma parte minha quisesse ser encontrada.

Peguei meu celular e o joguei dentro de um caminhão que passou por nós, com sorte ele seria encontrado bem longe de mim, e isso me daria mais tempo para sumir.

Os Deuses estavam ao meu favor e a viagem foi completamente tranquila, e quando enfim cheguei ao meu novo destino eu respirei fundo, eu precisava ser rápida para conseguir sair dali também.

Eu tinha pouco dinheiro, e precisava sumir daquele lugar o mais rápido possível, então minha melhor opção era conseguir embarcar em algum navio transatlântico, e claro, eu já tinha me inscrito para uma vaga de emprego e por ser poliglota foi fácil consegui-lo.

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