Sem escolhas!

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"As vezes a vida te dá uma chacoalhada tão forte, que parece que a alma muda até de lugar. E na busca de uma nova posição, ela provoca sensações que antes a gente não tinha." -eu havia lido isso em algum lugar na adolescência, mas só agora me fazia sentido.

Seis meses, era o tempo que estava de gestação, ou seja, já faziam quase 6 semanas desde aquela fatídica conversa que tive com Shun, e enganasse quem pensa que ele me tratou diferente depois daquilo, não, ele deu na minha cara todos os dias me mostrando o homem gentil e atencioso que era.

Depois de me "resolver" com Shun, me vi na obrigação de me desculpar com os outros cavaleiros (que tirando Seiya me ouviram primeiro e só depois me deram seus respectivos "conselhos").

Shun me deixou livre para perambular pelo Santuário quando prometi-lhe que não atravessaria as fronteiras destes e como os outros cavaleiros tinham novamente me permitido passar por suas casas eu me vi naquela madrugada impelida a andar. Então me levantei e apenas com a luz da lua a iluminar o quarto e me vesti (com certa dificuldade), e sai não só do quarto mais da casa de virgem. Antes de sair deixei um bilhete avisando que voltaria mais tarde, para que Shun não se preocupasse.

Deixe-me guiar por meus pés e quando notei eu caminhava em direção ao cemitério, então peguei algumas flores e só parei novamente quando estava em frente ao tumulo de minha filha.

-Sakura minha filha! -levei um bom tempo para conseguir me ajoelhar ali. -Sinto muito não ter vindo mais aqui, mas sei que seu pai não lhe deixou sozinha, já que diferente de mim ele é sensato. -respirei fundo. -Esses são seus irmãos ou irmãs pequena. -alisei a barriga, de forma calma. -A cara do seu pai quando me viu grávida foi impagável, não que tenha sido certo o que eu fiz com ele sabe, mais saiba você que vou me arrepender o resto da minha vida por isso. -eu ria e chorava. -Mas não se preocupe filha, eu sei que seu pai jamais deixará que seus irmãos cresçam sem sua presença, e eu vou amá-los tanto quanto sempre amarei você.

Fiquei ali até o sol aparecer no horizonte, e quando me levantei estava decidida a seguir a diante. Caminhei pela cidade a procura de casas para alugar e visitei algumas pela manhã, almocei e por fim decidi procurar algo que fosse mais confortável e perto de algum lago para as crianças brincarem.

Eu sabia que não deveria permanecer na casa de virgem depois que as crianças nascessem, não que Shun fosse me expulsar de lá, todavia aquilo não era certo para nenhum de nós. Possivelmente foi esse o motivo que me levou aquela decisão. E até tinha gostado de algumas casas de campo.

Já estava noite quando eu resolvi que era hora de voltar, mas como toda criança eu parei para observar o luar da ponte e até me esforcei para me pendurar ali, e sorri quando consegui minha façanha.

-DESÇA JÁ DAÍ! -gritou um homem, e eu me assustei e me desequilibrei um pouco, e este vinha em minha direção provavelmente para me puxar.

-Não ouse sequer tocar nela. -me arrepiei com aquela voz e os olhos verdes florescentes foram a primeira coisa que vi quando este se aproximou de nós, fazendo o homem se afastar imediatamente. -Venha! -ele me estendeu a mão e me ajudou a descer, me pegando pela cintura com a outra mão.

-Me desculpe senhor, só...

-Não se assusta uma mulher grávida. -ele disse ríspido e se afastou me puxando consigo. -Dá próxima vez que for impedir alguém de se jogar de uma ponte tente não gritar. -o homem abaixou a cabeça. -Você está bem Anna?

-Sim. -eu não sentia nada de errado, além da confusão de o vê-lo ali. -Me desculpe por ter demorado a voltar e tê-lo preocupado. -ele deveria estar desesperado já que eu tinha passado o dia fora, que droga.

A escolhida para mim!Onde histórias criam vida. Descubra agora