sentado num banco de cimento
enquanto o sol da manhã
começava esquentar meus braços
e em poucos minutos
queimaria meu corpoela estava parada
ao lado de uma amiga
numa sombra de árvoreabusei da imaginação
sonhava de olhos fechados
tê-la!
nada maisnão percebia o quanto idiota seria
se não me levantasse,
caminhasse em sua direção,
para então questioná-la
"qual é desse sorriso
calmo e excitante?"continuei me enganando
sentado feito um banco.ela e seu sorriso maravilhoso
fazia tremer meus ossosmeu cérebro me dava mil motivos
para não me levantar;
minha perna não se movia;
meu coração disparadamente
batia;
cheguei a pensar
num infarto precocena dúvida,
levantei meus braços
e espreguicei
na tentativa de lhe arrancar
uma reação,
mas ela
não reagiu.eu assistia seu corpo
navegar entre o vento;
na forma como ela
ajeitava o cabelo
atrás da orelha
com os dedos da mãoela não me entendia,
mas sorria;
eu não me entendia,
e morria;
o amor é desproporcionalmente
incompreensívelela partiu naquele
sol matinal
e eu fiquei lá,
sentado
fritando o corpo,
fritando a mente.
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Bebendo Coragem, Vomitando Covardia
PoetryPoesias concebidas entre devaneios alcoólicos e crises existenciais solitárias, onde um jovem tenta se lançar num mundo cheio de armadilhas para o seu fraco e inquieto coração.