ela possuía olhos
demoníacos
eu era um picolé
derretendoseus cabelos
cortados acima do ombro
dourados à castanho
e eu era
um simples picoléela esbanjava
enxutas maçãs do rosto;
comunista do interior
não era santa,
era educadamente
encantadora;
seus olhos demoníacos
ironicamente
me congelava
eu era um picoléela possuía mil formas
de me ferir
sem dizer nada
sem saber meu nomeela possuía lábios
isso era um ponto
saborosomas eu continuava à derreter
um picolé pela sala vazia
estico-me sobre um colchão
e o ventilador de teto
devagarando as sombras
nas paredes brancas
que aprisiona meu corpo
como um hospício
aprisiona loucosela era um anjo caído
eu era um cão
farejando ossos
enterrados
no âmago
do coraçãoum picolé que derrete
e escorre
pelos dedos meladoseu me martirizava
com pensamentos
doloridos
derretia
picolé
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Bebendo Coragem, Vomitando Covardia
PoetryPoesias concebidas entre devaneios alcoólicos e crises existenciais solitárias, onde um jovem tenta se lançar num mundo cheio de armadilhas para o seu fraco e inquieto coração.