Capítulo 15.

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POV ANGELINE

Sentada na espreguiçadeira começo a pensar em tudo que já me aconteceu nesse tempo que estou aqui, tanta coisa já aconteceu, tantas coisas estou descobrindo, não achei que fosse me adaptar tão rápido nessa vida de humana, tudo bem que ainda tenho muita coisa para descobrir, para aprender, mas por enquanto está tudo bem, estou calma e ao mesmo tempo ansiosa para a reunião do conselho, que pode ser a qualquer momento. Ainda não sei o que vou fazer, o que escolher, estou muito dividida, muito mesmo.

- Preciso de ajuda.

Suspiro e levanto a cabeça, vejo Harry na sacada do quarto dele, ele acena, aceno de volta, com gestos ele parece perguntar se pode descer para ficar comigo, balanço a cabeça dizendo não, ele finge chorar, esfrega os olhos, é impossível não achar graça, sorrio e levanto, junto as mãos e faço como se fosse dormir e aponto para ele, ele me pede para chegar mais perto, demoro um pouco, mas acabo levantando e indo até a sacada.

- O que foi? - falo baixinho - você já deveria estar dormindo - estou enrolada em uma coberta.

- Estou sem sono Angel, queria descer e ficar com você, mas você não quer.

- Eu já ia entrar, faz um tempo que estou aqui fora - tiro o cabelo da frente dos olhos.

- Então você já vai? - ele pergunta, debruçado sobre o parapeito.

- Sim, já vou dormir e você deve fazer o mesmo.

- Você vem? Você vem cuidar de mim? Por favor, não estou conseguindo dormir.

- Eu... - não sei o que responder, ele precisa saber a verdade - eu vou - minto.

- Vou te esperar.

- Não não, deita e fecha os olhos, quando você menos esperar, estarei com você.

- Tá bom - ele diz - boa noite Angel.

- Boa noite Harry.

Me afasto, mas consigo sentir seus olhos sobre mim. Tive que mentir mais uma vez, não irei para seu quarto, não irei cuidar dele, não zelarei por seu sono e isso me deixa triste, se eu pudesse iria agora para seu quarto, para fazê-lo dormir de algum jeito, só de saber que ele não tem conseguido dormir direito sinto uma coisa no peito. Entro na casa e vou para o meu quarto, me sento na cama e pego no cristal do cordão.

- Eu não sou mais um anjo, sou uma humana, mas sei que o senhor pode me ouvir, não vou pedir mais do que já lhe peço, cuida dele senhor, zele por seu sono, que ele consiga dormir bem, pelo menos essa noite, sinto tanto por não estar com ele, por favor senhor, zele pelo sono do meu menino. ” 

Harry deve ter tido uma noite ruim, como tem acontecido desde que não sou mais o seu anjo, gostaria de saber quem é seu novo anjo da guarda, se está cuidando dele direito, se descobriu o que tanto o perturba, se as sombras foram embora ou se ainda continuam por perto, não entendo como alguém tão puro como ele pode passar por algo assim, na verdade, muitas pessoa boas passam por isso, é como se não pudessem viver felizes, como se a felicidade e o bem estar incomodassem os outros e na verdade incomoda mesmo. Ele saiu cedo para correr, ouvi quando falou com Helga, que como de costume brigou com ele, por ele estar saindo sem comer.

Menino Harry, come pelo menos uma fruta, não saia sem comer, vamos, coma uma fruta.

E seu esforço adiantou, ele comeu uma banana antes de sair e levou uma para comer no caminho e isso deixou Helga contente. Assim que ele saiu, Helga me mandou subir para dar uma olhada no quarto, recolher alguma roupa suja e dar uma organizada e acabei encontrando com Anne no corredor, que parou para falar comigo sobre a receita dos Waffles que passei para ela, ela disse que fez a receita e que ficaram bons, não como os meus, disse que preciso ensinar o segredo, mas expliquei que não tem segredo nenhum, e não tem mesmo. Ao entrar no quarto vi a bagunça, não sei o que ele arrumou ontem, mas o quarto estava mais bagunçado do que o normal, a cama toda revirada, papel amassado no chão, camisa, meia, mas nada que eu não pudesse resolver.

Hey AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora