Capítulo 6: Audição

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— Já pensou se vocês pegam um papel de casal? — Júlio perguntou, brincando.

— Não seria ruim. — James falou, deitando em sua cama. — Quem sabe.

— Você já viu a Erica?

— Não. — Ele se sentou, mais atento. — Por quê? Você viu?

— Vi... Ela tá meio diferente.

— Diferente como?

— Tem algo diferente, mas não sei o quê.

James ficou pensativo e encarou o guarda-roupa. — Eu não quero ver ela.

— Você não vai conseguir fugir até a formatura. Uma hora vai acabar trombando com ela e você sabe.

— Eu sei, mas eu não quero continuar gostando dela. Quero gostar da Bruna, ela é legal e não tem cara de quem faria uma aposta com a Lili.

— E você acha que resolve alguma coisa gostar da Bruna? Se ela não gostar de você não adianta nada. — Júlio levou uma olhada reprovadora. — Tô sendo realista, ué.

— Eu não quero ficar pensando nisso. — James olhou através da sacada, vendo a luz do quarto de Bruna acesa.


...


— Daqui a pouco é hora — sussurrei para mim, respirando fundo mais cinco vezes.

Fui ao banheiro, lavei o rosto e arrumei o cabelo pela terceira vez. Apertei o nó da gravata, ajeitei a camisa dentro da saia, puxei as meias e fiz sei lá mais o quê sem prestar atenção.

Meu estômago estava inquieto, eu só não sabia se era pelo teatro ou pelo Yan.

Afofei meu travesseiro, arrumei o despertador no criado-mudo e arrumei os materiais em cima da escrivaninha. Quando deu a hora, saí do quarto e desci, ficando perto da entrada do dormitório, esperando James. Um tempo depois o vi aparecendo por entre as árvores e nos encontramos no meio do caminho.

Andamos para o fundo do campus, onde ficavam o teatro e as quadras. Entramos no auditório. Era grande — não como um teatro normal, mas era bem parecido, só que menor —. Devia ter menos de duzentos lugares ali. A entrada ficava de frente a escada que levava até lá em baixo, e lá do outro lado havia outro corredor de escadas — como se fosse um cinema.

As paredes eram escuras, o chão de madeira clara e as poltronas de um tom de vermelho escuro terroso. O palco era de uma madeira mais escura, e as cortinas tinham a mesma cor das poltronas.

Já tinham pessoas sentadas, e os professores estavam sentados na beirada do palco, conversando com os alunos mais próximos.

Descemos as escadas e nos sentamos na segunda fileira da frente, onde Yan estava sentado sozinho. James foi na frente e se sentou do lado dele, e eu do seu lado. Uma professora que eu não conhecia acenou para James, e ele retribuiu.

— Bom — começou a professora Eduarda. — Acho que estão todos aqui. Podemos começar. — Levantou. — A peça que queremos fazer esse ano chama-se O Outro. Vocês irão receber o roteiro e o livro, mas basicamente é a história de uma garota chamada Jasmim, que é obrigada a se casar pelo pai com um homem mais velho que ela, o Gregório. Depois de casar, ela conhece um rapaz por quem se apaixona, o Heitor, e eles têm um romance às escondidas, e no final... Bem, vocês vão ler! — Riu. — E sim, tem muitas partes que tiramos do roteiro, como cenas de violência ou as que contém conteúdo sexual. Vamos entregar alguns trechos do roteiro, daremos um tempo pra vocês lerem e treinarem, e depois cada um virá ao palco interpretar. Eu, o professor Marcos e a professora Aline iremos decidir os papeis. Primeiro, vamos pegar os papeis principais.

Saint Peter: A Escola Dos Mimimis Amorosos (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora