Segui a parede do refeitório, e logo vi a porta de vidro da enfermaria. Não havia ninguém na sala de espera. A porta da direita estava fechada, mas a da frente estava aberta. Parei ali na frente, me deparando com Yan sentado no meio da primeira maca, segurando um pano embolado e ensanguentado no colo, com o braço machucado esticado para o lado com algumas trilhas de sangue.
Ele me percebeu ali parada. — Bruna? Como sabia que eu tava aqui?
Meu rosto ferveu, talvez pelo fato dele não ter nada cobrindo seu tórax, só talvez. — Mateus e Gabriel me falaram... — Me aproximei timidamente, tentando manter o olhar em seu rosto, encostando na ponta da maca. — O que aconteceu?
— Além de acordar atrasado, acordei com isso aqui sangrando. Eu devo ter dormido em cima do braço, sei lá.
— Tá doendo?
— Um pouco. — Olhou para o braço com uma leve expressão de dor. — Caramba, se a dona Célia continuar demorando assim vou perder todo meu sangue.
— Eu te faço uma doação se precisar... — soltei sem pensar, e só depois de alguns segundos é que meu rosto reagiu ao que eu tinha falado.
Yan me olhou e sorriu de um jeito divertido, e antes que respondesse algo, a enfermeira entrou na sala, segurando uma bandeja de aço com algumas coisas em cima.
— Desculpe a demora... — E ela me notou ali, mas não fez nenhum comentário. Começou a rasgar alguns pacotes de gaze e vestiu luvas descartáveis. Pegou um frasco de um liquido incolor e jogou no braço de Yan, passando as gazes em seguida para limpar.
Yan fez algumas caretas que me fizeram ficar tensa.
Queria poder confortá-lo de alguma forma, mas não sabia como.
Ele estendeu a mão direita em minha direção, e com o coração acelerado, entendi o que ele queria. Me aproximei, longe o bastante para não atrapalhar a enfermeira, e peguei sua mão, a segurando em cima do colchão. Claro que minhas bochechas reagiram, mas tentei ignorar.
— Ele vai ter que ir pra aula? — perguntei a enfermeira.
— Se ele não quiser, não — respondeu gentilmente, concentrada no que estava fazendo.
— Não posso perder aula. Eu sou destro, não tem motivos pra não ir — comentou ele, apertando mais minha mão quando a enfermeira voltou a limpar o ferimento maior.
A mão dele suava um pouco na minha. Devia estar doendo bastante.
Depois de algum tempo, ela terminou de limpar todo o sangue, passar um tipo de remédio e começou a enfaixar o braço.
— Melhor você ir — Yan disse baixinho. — Ou vai se atrasar pra primeira aula.
— Tem certeza?
— Tenho. — Sorriu. — A pior parte já passou.
— Tudo bem... — Dei uma leve apertada em sua mão e nos soltamos. Andei até a porta e olhei para trás. Ele ainda me olhava e deu um pequeno sorriso de agradecimento.
Retribui, saindo logo em seguida. Corri para o refeitório, já esvaziando. Lili estava na mesa, conversando com Mateus e Gabriel. Quando me aproximei, Gabriel levantou.
— Como ele tá?
— Tá bem. A enfermeira tava enfaixando o braço dele quando saí. — Peguei minha mochila da cadeira e a coloquei nas costas.
— Ainda bem. Ele falou se vai pra aula?
— Ele disse que vai.
Ele olhou para Mateus. — Vamos lá ajudar ele.
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Saint Peter: A Escola Dos Mimimis Amorosos (Vol. 1)
Teen FictionAmores, amizades, provas, ensaios de teatro, hormônios, momentos vergonhosos... Que adolescente não passa por isso e muito mais no Ensino Médio? Para os alunos da Saint Peter não é diferente, porém, há uma pequena diferença: Eles só podem dar aquela...