Depois de trocarmos contactos andámos um bocado com longos silêncios a acompanharem o som da areia a remexer - se com o vento.
- Andas em que escola?-disse ele para quebrar o gelo.
Tento recordar-me da história que inventei para o Owen...e se bem me lembro...
-Desisti.-digo.
-Ah, bem me parecia que nunca te tinha visto aqui.
-E tu?
-Estava em pensar em ir para a universidade, uma bem longe.-ele humedece o lábio inferior com a sua língua e tenho de admitir que isso é de uma forma atraente. O Ashton nunca o fazia mas ele não precisava disso para se tornar mais atraente. Ele já tinha tudo.
Quando me encontrei com o Joshua ele disse que não ia ter sentimentos mas por vezes sinto como se fosse um choque no meu braço ou perna, como se fosse uma faísca a tentar me reanimar. Acho que nada me vai dar vida de volta.
-E vais seguir que curso?-tento continuar a conversa, mesmo um pouco enferrujada.
-Provavelmente literatura ou algo assim.
Ele também não quer que esta conversa acabe. Mas já não tem mais nada a dizer. Por isso faço uma estupidez.
- Porque é que estavas na ponte no dia em que nos conhecemos.
Ele para de andar. ABORTAR DIANA ABORTAR!.
-Ahh esquece não devia ter perguntado isto desculpa!
-Não faz mal, acho eu. Afinal és a minha única amiga e se não contar a ninguém mais vale ir para a ponte de novo.-ele sorri, mas porque raio é que ele está a sorrir? Quem é que põe um sorriso na cara a falar de morte! Alguém danificado, penso eu.
Tento ficar mais próxima dele para pessoas alheias não se intrometerem.
-Vais achar isto imensamente estúpido, mas foi por causa de um coração partido.
- O que é que tem um coração partido de estúpido?
Ele dá um meio sorriso, nem tem força para um inteiro. Ele anda curvado por ser alto e chuta a areia cada vez que dá um passo, finjo que isso não me irrita. Mas a idea dele irrita - me um bocado. O facto de querer morrer enquanto eu daria tudo para sentir vida, o facto de ele sorrir mesmo estando danificado, o facto de os caracóis voltarem sempre ao sítio a seguir de ele mexer no cabelo 300 vezes, o facto de ele ainda cheirar ao mesmo que cheirava há 2 anos atrás, o facto de os olhos dele me encadearem sempre que eu cruzo o olhar, o facto de ele irradiar uma luz que a mim me parece ultravioleta e o facto de ele querer ser meu amigo. Completa e totalmente irritante. Talvez esteja lixada com ele.
-Bem, eu já passei por um coração partido, um completo e amável parvalhão.-digo. Eu ainda não ultrapassei dói sempre que penso nele o que acontece pelo menos 5 vezes ao dia.
- Ela não fez de propósito. Ela estava a andar de bicicleta e um camião pôs se no caminho.
Porra. Mas que merda de mundo é este.
-Só que -ele continua- eu era suposto ter - me encontrado com ela nessa tarde, e arrependo - me de não ter estado lá. Ahah o destino é uma merda não é?- a voz dele desce de tom.
Neste momento apoio-me completamente nele e a minha mão agarra - se ao seu antebraço apertando-o.
-Lamento imenso.
-Obrigada. Isto já aconteceu há um bocado, talvez há uns dois ou três anos. Até lá já tinha tentado mais vezes, tu sabes, mas ainda ninguém me tinha impedido. Como tu. Por isso calculei que talvez com uma possível amiga por perto eu pudesse sentir-me normal outra vez.
Permaneço calada e continuo a apertar gentilmente o braço dele, ele não o tira por isso calculo que esteja a gostar do gesto ou simplesmente a ser educado.
Saímos da praia e ele acompanha-me
a casa.
- Não era preciso teres vindo, mas obrigada.
-Ora essa, achas que estava a ser cavalheiro? Foi só para decorar a tua morada.- ele pisca o olho e parece um parvo completo.
Reviro os olhos e agradeço - lhe por ser meu amigo.
Ele ri-se e segue o seu caminho----------------
Btw o gatão na imagem é a aparência física do Elias e o ator chama-se Aaron Johnson.
Bjs e até logo.
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•Waking up dead•
Lãng mạn•Diana, uma rapariga normal, tão normal que até é cliché. Até que um certo dia de São Valentim muda a sua vida por completo•