Acordo sem dificuldades nenhumas o que me surpreende e olho para o relógio de cabeceira mas recordo-me que este está partido. Levanto-me da cama e deslizo as cortinas, observando que o sol ainda nem sequer está perto da vista. O problema é que não tenho sono nenhum. Fico a vaguear pelo quarto até que me dirijo à cozinha e olho para o relógio de parede e o ponteiro menor aponta para as 05h. Ainda tenho o meu cabelo numa confusão e a minha cara numa confusão ainda maior. O meu olho esquerdo está entreaberto e o meu hálito terrível. Decido comer mesmo que não tenha muita fome. Depois vou preparar-me para o meu primeiro dia de trabalho e segundo dia na minha missão. Ato o meu cabelo num elástico perfeito e às 06h57 saio de casa. Demoro pelo menos 10 minutos ao chegar ao café e quando o faço ainda não está lá ninguém, aparentemente o café só abre às 07h30. Não que eu tenha de esperar muito tempo mas é totalmente aborrecido. Sento-me num degrau à porta do café e pego num pau que estava a meu redor. Começo a desenhar círculos e símbolos abstractos que na minha cabeça fazem todo o sentido, mas não ficam marcados na calçada. Carrego com demasiada força e o pau parte-se. Olho para baixo sem nada para fazer e vejo uns sapatos masculinos. Olho para cima e é Owen que me aparece à frente. Ele está com um ar confuso mas a sorrir.
-Sabes que não era preciso vir tão cedo certo?-disse ele gozando comigo.
-Então o que é que estás a fazer aqui?
- Eu sou o responsável para abrir o café-ele riu-se.
Simplesmente levantei-me e fiquei a seu lado para ele abrir a porta.
Ele deixa-me entrar primeiro e arrumamos as coisas, preparando o café.
-Hey-diz ele- a tua farda está no cacifo.
-Certo.
Dirijo-me ao meu cacifo e abro-o fazendo rodar a chave. Tiro de lá uma camisa simples branca e uma saia ligeiramente acima do joelho bordô. A ideia não me agrada muito e fico a olhar para a saia desagradada.
-Di!-disse uma voz.
Viro-me e vejo Owen encostado à ombreira da porta com um par de calças do mesmo tom que o da saia na mão.
-Calculei que não quizesses usar isso. Também acho que és demasiado nova.Como assim demasiado nova? Eu tenho 18 anos...até sou mais velha que ele. Ah,mas tenho este corpo dois anos mais novo e como morri com esta idade terna até faz sentido...
Pego nas calças e agradeço-lhe ao que ele reage sorrindo e saindo de onde estão os cacifos.
Visto-as e no cacifo está lá dentro uma plaqueta com o meu nome. Diana. Observo esta e tentando afastar pensamentos desagradáveis da minha mente coloco-a ao meu peito.
•••
O café já abriu há um bom bocado e está tudo a correr bem, já não há tantas pessoas por isso está calmo. Vou levar uma bebida difícil de pronunciar o seu nome e umas bolachas a uma mesa. Os clientes da mesa correspondiam a uma senhora robótica, visto que os seus olhos só pertenciam ao telemóvel gigante e brilhante, e uma pequena criança que não podia ter mais de 5 anos. Fiquei surpreendida, nunca tinha visto tanta infelicidade na cara de uma criança. Debrucei-me para ficar ao nível do miúdo e a mãe deste nem levantou o olhar daquele dispositivo. Ele tinha uma tesoura de pontas redondas e folhas de papel cortadas em formas incompreensíveis.
-Hey, o que estás a fazer?-perguntei docemente.
Ele olhou para mim como se ninguém nunca tivesse falado com ele. Depois disse baixinho:
-Corações de papel.
- Que bonitos! Posso escrever uma coisinha?
Ele anuiu. Peguei numa caneta e comecei a escrever. Dei-lhe o tal coração e ele ficou a olhar. Fui para ao pé do balcão onde estava a Sonya.
- O que é que escreveste?-perguntou ela.
-Sorri.-disse simplesmente.
Passado unn minutos vejo a mãe a sair de mão dada com o filho mas ele olha para mim e faz um gesto para eu me aproximar. Assim o faço e quando chego perto, ele dá-me um coração de papel e eu dou-lhe uma carícia no cabelo. Despeço-me deles e depois abro o coração encontrando palavras por debaixo do meu "sorri" que acho que significam "Obrigado Diana".
Como o café já fechou, retiro a minha farda começando pela plaqueta. Estava a retirá-la quando sem querer um dos pins se enfia no meu dedo indicador e tenho dificuldades e dor ao tirá-lo. Quando assim o consigo fazer começo a sangrar mais do que achava e fico a olhar ao meu dedo sem saber o que fazer. O sangue caiu sobre a minha camisa branca ,manchando-a então ponho o dedo na boca e tento estancar a ferida. Estava a chupar o meu dedo e ouço um som de algo a embater no chão e encontro Owen de boca aberta, corado e com as chaves do seu cacifo caídas no chão. Olho para ele a tentar compreender o porquê das suas bochechas encarnadas. Ele abana a cabeça e depois dirige-se até mim,confiante ,e tira-me o dedo da boca.
-És algum bebé?-diz ele ainda corado.
- Tu é que disseste que eu era demasiado nova.-disse com o meu olhar fixado no dele.
Ele fica a olhar para mim até as suas orelhas ficarem também vermelhas e depois volta-se dizendo de costas:
- Eu arranjo-te uma nova camisa amanhã.
-Hmh, obrigada.
Ele sai daquela divisão evitanto contacto comigo.
Finalmente saio do café e já é quase de noite. Ando até casa ouvindo os meus passos e o vento entre as folhas encarnadas das árvores que resistiram ao frio.
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Fim de outro capítulo. Espero que tenham gostado e se gostaram por favor comentem as vossas opiniões e votem!!
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•Waking up dead•
Romance•Diana, uma rapariga normal, tão normal que até é cliché. Até que um certo dia de São Valentim muda a sua vida por completo•