"O amor é a compensação da morte." (Arthur Schopenhauer)
A cada passo dado aquilo parecia ainda mais perto de mim, a adrenalina que corria por minhas veias me fazia correr em uma velocidade desconhecida por mim mesma. Mas já podia sentir a presença cada vez mais próxima, meu coração batia tão acelerado que parecia chacoalhar meu corpo inteiro, meus olhos estavam secos devido a brisa forte e fria vinda da noite escura. Quando uma mão firme segurou em minha perna bem próximo ao meu pé, foi impossível manter o equilíbrio, cai sobre o chão frio e úmido daquela floresta, esperando o momento exato em que a dor me atingiria, fechei os olhos com o máximo de força que consegui soltando um suspiro que achei que seria o último da minha vida, então o silêncio se fez presente. Ousei abrir os olhos e ao redor de mim a floresta sombria havia dado lugar a um mar de pétalas de rosas brancas...foi aí que os raios de Sol começaram a incomodar minhas pálpebras e acordei.
Estava suada como se tivesse corrido uma maratona na noite passada, pisquei os olhos alguns vezes para me certificar que havia sido apenas um sonho, apesar do meu corpo dizer o contrário. Pareceu tão real, eu quase ainda podia sentir o medo, o frio. Quando pensei em voltar a dormir me lembrei de algumas coisas terríveis e me levantei subitamente.1- Precisava fazer hoje um jantar para Javier.
2- Meu carro não estava aqui para que pudesse comprar coisas para o jantar.
3- Eu era uma péssima cozinheira.Onde estava com a cabeça quando inventei esse jantar? Ou pior, por que usei a expressão: "quero mostrar para você meus dotes culinários"? Sendo que eu não tinha nenhum. Eram sete da manhã e precisava de ajuda para trazer meu carro para casa, precisava de ajuda para cozinhar e Oh céus! Eu precisava de ajuda. Busquei meu celular por entre os cobertores e já que não havia o Google ali para me socorrer, liguei para a primeira pessoa que veio em minha mente. Foram cinco ligações não atendidas até que aquela voz rouca e sonolenta soasse em meu ouvido.
- Realmente espero que você esteja morrendo ou sua casa esteja pegando fogo para ter tido a audácia de me ligar de madrugada.
- Bom dia pra você também meu amor, já passam das sete da manhã - usei o tom de voz mais doce que consegui.
- SETE? - ela berrou - isso é madrugada, Keana! Quem está morrendo aí para esta me ligando tão cedo?
- Ally, eu preciso de ajuda!
- Diz logo! - ela bufou do outro lado da linha - e não enrola, meu raciocínio é lento essa hora da manhã, aliás eu nem estou raciocinando.
- Eu preciso preparar um jantar especial, mas você sabe que cozinhar não é um dos meus dons e ...
- Ah! Isso é verdade. Ainda sinto no meu estômago o peso daquela coisa horrível que você chamou de macarrão, aquilo realmente estava...
- Alyson! - falei mais alto - eu preciso de ajuda!
- Não quer que eu vá até aí cozinhar pra você não, né?
- Não seria má ideia, mas acho que consigo fazer algo se você me ensinar, não posso ser um desastre gastronômico tão grande assim.
- Pra que você inventou isso? Afinal, pra quem é esse jantar?
Enquanto ela falava eu andava de um lado para outro tentando controlar minha ansiedade. Abri a janela e permiti que a brisa fria com cheiro de sereno entrasse em casa, o cheiro de chuva estava ali, mas dessa vez o dilúvio havia dado uma trégua.
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Minha luz particular
FantasyApós terminar a faculdade, a jovem Keana sente que é hora de começar a escrever seu livro. Decide então se refugiar na pacata cidade de Pinkons, um lugar pequeno e repleto de lendas que lhe servirão de inspiração. Ao buscar luz para as ideias, Keana...