Onze - Esperada

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Lydia me deu uma carona até a casa do meu pai. E assim que eu coloquei os pés no batente da sala, meu pai apareceu e ficou me olhando...

- Espero não ver nada preocupante no noticiário amanhã...

O modo como ele falou aquilo me encheu de tristeza. Ele podia até estar me aceitando de volta, mas no fundo ainda tinha horror a mim, ainda tinha vergonha do que me tornei.

- Não matei ninguém, se é isso que quer saber. Eu não mato ninguém. Nunca matei...

- Isso me deixa um pouco mais aliviado.

Eu atravessei o hall, passando direto por ele.

- Que bom. Boa noite.

- Annya espere... Venha aqui. – Eu me virei para encará-lo, ele estava com o braço estendido. Me aproximei. Ele passou os dedos no canto dos meus lábios, como se estivesse limpando alguma coisa. – Não é culpa sua, você sempre foi negligente, mas não é culpa sua. Eu sei que você não queria isso...

O que ele falou não tirou nenhuma grama do peso que eu carregava nas costas. Se ele realmente pensava assim, por que ele me mandou embora daquela maneira? Não... Eu era um monstro no momento em que agarrei o pé da Allison, e eu ainda sou um monstro. Foi melhor pra todo mundo, eles terem me afastado.

- Tudo bem, pai... Eu sei o que sou. Já aceitei... Eu poderia morrer de uma vez, mas tem havido uns boatos de que a alma de um ser sobrenatural não se liberta realmente, fica preso em algum lugar. E eu definitivamente não quero isso...

Meu pai acenou com a cabeça, o olhar dolorido, então se aproximou e beijou minha testa, suas mãos pousadas em meus ombros.

- Mesmo que não existisse essa prisão para seres sobrenaturais, do outro lado, eu ainda não iria querer que você morresse...

- Mas eu já estou morta, de qualquer maneira.

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