Doze - Amanhecida

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Eu não conseguiria mais dormir de qualquer maneira... O que Lydia me contou me deixou como muito à pensar. E eu não consegui mais parar de bisbilhotar as coisas da minha irmã. Percebi que papai não tinha mexido em nada, não tirou nada do lugar. Vi isso quando encontrei um pacote de alcaçuz sobre a penteadeira.

Um livro na cabeceira, marcado com fotos instantâneas, daquelas cabines, de Allison e Scott, me fez perceber o quanto aquele garoto da cara torta era importante pra ela. Lydia me disse que Allison morreu nos braços dele... Eu queria saber quais foram suas últimas palavras, mas algo dentro de mim sabia que essas palavras não foram para mim, foram pra ele. E eu não poderia força-lo a me dar uma coisa que não me pertencia... Por mais que eu quisesse muito.

Abri seu computador, depois de colocar a senha que era a mesma de sempre, e a primeira coisa que aparece na tela, no papel de parede, é uma foto de nós duas. Abraçadas, rindo de alguma coisa que foi há muito tempo. Eu vi em mim, naquela foto, uma sorriso que eu não possuía mais, que só possuía quando estava com ela. E agora eu a perdi para sempre...

Só vim perceber que havia um texto do world com meu nome, minimizado na barra de tarefas, quando finalmente consegui desviar os olhos do sorriso da minha irmã.

Abri e vi que era um tipo de diário, com mais de 500 páginas, como se ela estivesse contando pra mim tudo o que se passou durante esse ano em que estivemos separadas... Havia detalhes que ela não me contara nas ligações, por que nossos telefonemas eram muito rápidos, mamãe poderia aparecer a qualquer momento.

Eu li aquilo durante horas, imaginando cada cena como se eu estivesse lá com ela. Quando me dei conta a claridade do sol nascente já entrava pela janela. O dia do velório chegou...

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