capítulo 19

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Perdão a demora,mas aí mais um capítulo.

NÃO REVISADO



Quando Rafa e Christopher retornaram à Mansão Uckermann, Adelaide se aproximou.

-Graças a Deus encontrou-a senhor.
Exclamou. Depois virou-se para Rafa aflita, notando a palidez da ruiva.
-Por onde estava, senhora? Se perdeu? O capataz veio correndo e disse que tinha perdido a senhora de vista lá no campo, Apareceu desesperado.

-Hoje mesmo colocarei na rua esse estúpido.
Christopher disse com indiferença.

Rafa se sentiu culpada, e virou-se para o marido.
-Não faça isso,A culpa foi minha. Estava frustrada por estar sendo vigiada, e esporeei o cavalo para longe dos olhos dele,Ele me perdeu de vista quando eu entrei no atalho e foi então que eu me perdi.

Christopher a olhou de forma superior.
-Então a culpada foi você,Eu a avisei das regras, Rafaela, Sempre que sair, para andar à cavalo ou não, terá que sair acompanhada por alguém da mansão. E você, com estes seus ataques de rebeldia, desrespeitou a regra e deu no que deu, Poderia ter acabado pior.



-Eu sei disso,Mas como eu poderia adivinhar?


-Basta pensar nos seus atos, Tentando fugir e escapar assim só faz com que se meta em problemas Rafaela não entende? -Ele perguntou, gélido.


-A culpa é sua por tentar me manter como uma prisioneira, vigiado em todos os momentos Você mal me deixa respirar
Pronto, estava feito.
A trégua que havia se estabelecido entre eles horas antes, inclusive enquanto voltavam para casa, estava desfeita.

Adelaide, assustada com a súbita discussão acalorada dos patrões, murmurou uma licença e se retirou.

-Vá tomar um banho se quiser e trocar esta roupa.
Ele mandou, e Rafa soube que ele estava se controlando.

-A não ser que queira preservar as lembranças de hoje com você. Ele acrescentou de forma meio zombadora.
A ruiva recuou, ofendida e surpresa como se tivesse levado um tapa.

-Me restou pouca paciência...vou pra biblioteca. -Ele saiu dali, de forma fria.

Rafa cruzou os braços delicados, abraçando-se, e deu um tapa forte no corrimão da escada. Furiosa, subiu os degraus e se trancou no quarto Antes do jantar Rafa foi passear pelo jardim, e percebeu que o borboletário estava acesso. Rafa abriu a porta devagar e viu que Adelaide limpando delicadamente o quadro da linda moça. A ruiva não se conteve e perguntou.
- Adelaide quem é essa moça? Rafa perguntou enquanto, chegava perto da mulher.

Adelaide tomou um susto e ficou com a boca seca, pálida feito papel.
-S... Senhora...

-Fale, Adelaide.-Rafaela mandou.

- Não deixarei que saia daqui antes de esclarecer de uma vez por todas tudo isto. Quem é a moça do quadro?
Após quase um minuto de silêncio, em que Adelaide parecia não fazer idéia do que fazer, a mulher recostou o quadro no chão e deu um profundo suspiro. Rafa a encarava, imperturbável.

-Muito bem.
Adelaide ergueu os olhos.
Sabia que não havia mais como fugir daquela situação, tampouco mentir iria ajudar.
-Vou lhe contar a verdade, senhora Rafaela.
A moça do quadro é... irmã do senhor Uckermann.

-Quê? -Rafa franziu o cenho.
- Irmã? Mas você mesma me disse que ele não tem família, irmãos, nada.

-Realmente agora não tem mais. O senhor agora é sozinho.

-Então, esta moça irmã dele, está morta?
Rafa sussurrou.

-Sim. -Adelaide soltou o ar.
-Já que não tenho saída, vou contar a história completa.
Rafa assentiu, temerosa.

-Christopher perdeu os pais muito novo.
Adelaide disse.
-Não devia ter sequer cinco anos. Por isso nunca pôde conhecer o amor fraterno, Porém, ele não estava totalmente sozinho. Tinha uma irmãzinha de um ano de idade,Se chamava Ilana.
Ilana Uckermann foi uma das mulheres mais bondosas e alegres que já conheci.
Adelaide assumiu ar nostálgico e triste.

-Eu presenciei o crescimento de Ilana e Christopher.
Já trabalhava para a família Uckermann à muito tempo, por isso quando faleceram eu não pude ir embora,Ilana com apenas um ano, e Christopher tão pequeno. Assim os dois cresceram cercados de luxo, dinheiro devido à herança deixada para eles, e empregados. Mas isto não representava nada, no fundo os dois irmãos só tinham um ao outro.
Christopher se sentia obrigado a proteger a irmã em todas as situações, pois era o mais velho e a única coisa que a pequena Ilana tinha. Assim os dois cresceram, Ilana dependia inteiramente de Christopher e ele se sentia no dever de cuidar dela.

"E posso lhe dizer, senhora, nunca em minha vida eu vi irmãos mais unidos.
Era uma coisa bonita, Ilana era a alegria de Christopher.
Faziam tudo juntos, ele se preocupava muito com ela. Um completava o outro.
O senhor Christopher era um rapaz relaxado, alegre e risonho, por mais que se responsabilizasse pela irmã.'

Rafa engoliu em seco. Nem que se esforçasse conseguia imaginar o marido alegre e risonho.

-Mas um dia houve um acidente. Adelaide olhou para baixo, a voz baixa.
-Christopher e Ilana haviam saído juntos para cavalgar. Era um dia de sol, ninguém poderia imaginar...
bem, foi uma tragédia. O cavalo da senhora Ilana perdeu o controle, correu para fora do alcance de todos.
O senhor fez de tudo para impedir, foi atrás, mas antes que pudesse fazer algo o cavalo jogou a senhorita Ilana longe. Quando a pegaram, já estava morta.
Rafa tapou a boca com as mãos.

-Oh, não.

Então era por isso que Christopher odiava cavalgar, e não permitia que Rafa andasse à cavalo.
-Sim.
Adelaide conteve as lágrimas, abalada.
-E era tão jovem... tão bonita, com o coração enorme. Na época a família Uckermann não morava aqui, morava em outra cidade. Na cidade todos conheciam a vida de todos, e foi um abalo para as pessoas. Ilana era muito cativante, todos da cidade gostavam dela.

-E como Christopher reagiu à tudo isso?
Rafa murmurou, com os olhos ardendo.

Adelaide balançou a cabeça.
-Senhora, a irmã era tudo na vida do patrão, Era seu mundo Quando ela morreu, deixou todos desnorteados. Christopher ficou sem chão, tudo desmoronou.
E como se não fosse suficiente, a cidade inteira o acusou de assassino.

-Não.
Rafa balançou a cabeça.
-Mas ele não teve culpa.

-Não.
Adelaide concordou.
-Mas por Ilana ter morrido quando estava cavalgando com Christopher, e ninguém mais, colocaram a culpa nele.
Todos se puseram contra o rapaz, acusando-o de forma infame e sem piedade.

Rafa estava incrédula.
-Mas...e depois?

-Bem. O senhor Christopher foi expulso da cidade e abandonou tudo. Dos criados, somente eu o acompanhei,Depois de toda a tragédia, o patrão perdeu o sentido para viver.
Perdeu a alegria, perdeu tudo. Construiu esta mansão e se isolou aqui, sozinho.
Nunca mais foi o mesmo O rapaz alegre, cheio de vida, morreu com a irmã.
Só restou amargura, tristeza e solidão.
Christopher se culpa até hoje pela morte da irmã.

-Mas...Adelaide, ele não a matou. Foi um acidente.
Rafa disse alto.
-É claro, senhora,nunca o culpei, Mas Christopher se sentiu tão mal por não ter conseguido fazer nada para impedir a morte da irmã, que se alto denominou o assassino.
Afinal, ele era o único que poderia ter feito algo, mas não conseguiu...
a tragédia foi mais rápida.

-Então...
Rafa engoliu em seco, a garganta ardia.
-É essa a razão... é por isso que Christopher se tornou tão frio e maldoso?

-Sinceramente, não posso julgá-lo.
Adelaide admitiu-lhe tiraram tudo, senhora.
Não teve pais, e a única coisa que lhe dava sentido à vida lhe foi tirada de maneira cruel.
E ainda foi acusado e julgado por isso, como um assassino impiedoso. Depois de tudo, só o que restou para que o patrão continuasse vivendo foi a arrogância e a solidão.
Foi a maneira que o senhor achou para se defender, para esconder o passado e não sofrer por mais nada.
No fundo só o que lhe restou para oferecer à vida, foi crueldade e decepção.
Adelaide deu um suspiro de lamento.
-O coração se transformou em gelo, e não há como culpá-lo por isso.



-Não, não há como culpá-lo.
Rafa sussurrou, por fim entendendo e ligando tudo em sua mente.

Afinal, viu que Christopher não era o monstro cruel e frio que ela sempre vira,Era apenas um ser humano ferido e sem esperanças.

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