Chapter 5: Tornando "algo" importante

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- E para que serve isso?

- Para a ignição

- E isso?

- Para mudar a marcha.

- E aquele pedal?

- Acelerar

- E aquele outro?

- Frear

- E...

- Você quer que a gente saia daqui hoje ou não?

Já fazia horas que estávamos sentados dentro daquele maldito carro (bem... talvez não horas, mas tempo o suficiente para não
suportar mais ouvir a voz do moleque) e tudo o que ele fazia era me encher de perguntas
sobre partes diferente do automóvel.

Como ele poderia ser mais exasperante?

- Claro que quero – responde sorridente

- Retórica... Essa foi uma pergunta retórica – eu digo quase chorando.

Não importa de que ângulo eu visse, a situação não poderia ser mais patética.

Alem de me obrigar a levá-lo para fazer compras, o pirralho deixou bem claro que queria por que queria que fossemos de carro. Segundo ele por que nunca tinha andado em um antes. Tentei argumentar que ontem mesmo ele havia andado em um, mas tudo o que ele fez foi me ignorar e cantarolando e ir em direção ao veiculo.

Mas o pior, é que eu simplesmente me resignei em segui-lo.

Longo dia, o que me espera é um longo dia.

- Do jeito que você sempre faz parecer saber tudo – Digo quando já havíamos saído para a
rua – era de se esperar que soubesse ao menos o básico do básico de um carro.

Resmungo contrariado

- E sei – Harry abre a janela e parece se divertir ao sentir o vento bater contra o rosto.

Mascote, definitivamente ele acha que é um mascote, não vou me surpreender se ele pedir para que eu pare em uma pet shop.

- Você sabe? – o olho malignamente de esgueira – você já sabia as respostas das
perguntas que ficou me azucrinando para responder agora a pouco?

- Claro que sim... – sorri maroto – é o básico do básico.

O maldito faz questão de repetir as minhas palavras. Eu vou joga-lo pela janela, eu juro que vou joga-lo pela maldita janela!

- Então porque perguntou se já sabia? – questiono entre dentes, temendo a resposta.

- Por que não era o que eu perguntava ou o que me respondiam – ele olha para mim
daquela forma docemente incomoda – mas quem me respondia – pontualisa a sentença com um sorriso.

- Perda de tempo. – resmungo tentando centrar minha atenção no transito mas não resistindo em olhar para ele de vez em
quando.

- Nunca é perda de tempo ouvir a sua voz – Harry responde fazendo um biquinho contrariado – se você me diz algo, isso se torna importante, se eu te pergunto algo é para que esse "algo" se torne importante – ele acaricia a porta do seu lado – quero tornar cada segundo ao seu lado importante - e dá
entre ombros como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

Eu não ruborizei. Deixo claro que essa frase não me fez ruborizar. Foi apenas o vento da
janela que bateu no meu rosto...

... apesar de que a janela aberta era a do lado do garoto.

Mantivemos um silencio estranhamente agradável durante o resto do percurso, de vez em quando eu olhava de lado e via que ele ainda não afastava o rosto da janela,
completamente extasiado, como se realmente nunca tivesse andado de carro antes, o que
me lembra que ontem ele fez a mesma coisa quando íamos e voltávamos do bar.

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