Capitulo 12 : A mão que o seu medo pede .

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- O que você faz quando sente medo?

Foram apenas essas poucas palavras que consegui arrancar daquela estranha garota, antes que as coisas nesse dia dessem
novamente uma drástica reviravolta.

E acredite. As coisas realmente tomaram um rumo estranho.

De tudo o que aconteceu hoje, eu realmente não esperava estar agora servindo de chofer para essa desconhecida nanica.

Uma nanica muito mandona.

- Vire aqui! Aqui! AQUIIII! Droga, preste atenção nos sinais! Agora pegue a esquerda... Não! NÃO! Desculpa, era para pegar a direita.

Cristo... Hermione, a nanica em questão, olhava nervosa a estrada, me guiando para algum lugar que eu ainda não tenho a mínima idéia de onde ficava.

Espere! Esse trajeto... Se não me engano esse trajeto pode dar tanto na área do Shopping "London", como na do supermercado preferido do Harry, ou também na do... do
hospital "st. Mary".

Por Deus, que essa louca só esteja me raptando para comprar umas batatinhas.
Por tudo o que mais amo - o que no momento se resumia ao Harry - que essa nanica doida não esteja me levando para onde
eu realmente acho que está.

Que ela realmente não esteja me levando para...

- Onde está Harry? - consegui finalmente perguntar quando entramos em um acirrado
engarrafamento e minha co-piloto parou de dar pulinhos no banco do passageiro.

- ... - ela me olhou por alguns segundos como se escolhendo as palavras apropriadas - O que... O que você faz quando sente medo?

Aquela pergunta estúpida de novo?

- Quando eu era pequena eu fechava os olhos bem forte. - ela responde sua própria pergunta evitando meus olhos desviando os dela na direção da janela - Uma vez, quando minha avó teve um ataque do coração, meus
pais saíram tão desesperados para levá-la ao hospital que acabaram me deixaram sozinha
em casa. Eu deveria ter uns seis anos na época. Estava morta de medo quando a noite chegou e ninguém voltava. Então eu fechei os olhos como sempre fazia, mas o medo não diminuiu. Foi aí que eu pensei que se apagasse todas as luzes da casa talvez funcionasse melhor, que a escuridão ao meu redor me
tranqüilizaria tanto quanto fechar os olhos, mas quando tudo ficou escuro, e meus olhos
se acostumaram ao escuro, eu comecei a ver vultos e sombras estranhas... Meu medo apenas aumentou. Aumentou tanto que eu me encolhi no canto da sala e chorei baixinho. Eu estava tão assustada... Foi então que senti
alguém pegar minha mão. Senti um calor tão gostoso que minhas lagrimas pararam, e quando as luzes se acenderam, eu vi minha
mãe agachada perto de mim, falando que tudo estava bem e sorrindo de modo carinhoso.
Acho que nunca em minha vida eu me senti tão bem.

Eu apenas olhei sua face sonhadora dizendo aquelas palavras que a ligavam ao passado, mas o que isso tem haver com Harry?

- Existem varias maneiras de superar o medo, mas em minha opinião, a mais eficaz é ter
alguém que segure a sua mão e que possa lhe dizer que tudo está bem. Mesmo sabendo disso... Eu o abandonei.

Como?

- Depois que Rony morreu... - seu corpo estremeceu ao pronunciar o nome da criança
falecida e tentando se conter ela se envolve com seus braços e continua a falar com a cabeça baixa - Acho que os gêmeos chegaram a contar sobre o que aconteceu com ele. Bem, depois do que aconteceu, eu parei de freqüentar o orfanato. Antes eu entrava lá escondida para brincar com os meninos, mas depois daquilo... - não pude ver, mas por sua voz quebrada pude ao menos supor que a menina deixava cair lagrimas que não podia mais conter.

- Se não quiser continuar a falar disso, eu entenderei - tento ser razoável com a figura tremula ao meu lado.

- Eu simplesmente não consegui... - continuou a dizer com dificuldade - Sabia que
Harry e os gêmeos deveriam estar sofrendo tanto ou mais do que eu, mas não consegui...
Era como aceitar que aquele pequeno sentimento que nascia dentro de mim por Rony nunca teria chance de se desenvolver...
Era como... como... se aceitasse que essa estranha alegria que sentia ao vê-lo nunca mais... voltaria... Que eu nunca descobrirei se o que sentia poderia ser, ou se já era... amor.

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