Chapter 13: Posso ser sua estrela?

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Dizer que as coisas foram mais fáceis de ali por diante seria uma piada. Mas mesmo assim valeu à pena cada minuto.

Cada hora

Cada dia

Cada noite....

Como já havia se tornado costume, eu agora estou sentado perto da cama de Harry enquanto ele dorme.

Faço questão disso.

De vê-lo adormecer e no dia seguinte acordar bem cedo para vê-lo despertar.

Tenho que sempre segurar a sua mão à medida que sua face sonolenta sorri abobada se deixando levar pela inconsciência... Não apenas por ele, mas por mim mesmo.

Para ter certeza de que ele está lá.

Para ter certeza de que quando eu olhar novamente para frente daquela cama ele estará lá.

Essa era a primeira noite que o via adormecido sem as suas madeixas negras.

Havia sido uma pequena guerra para convencê-lo a cortá-las de uma vez ao invés de esperar que elas caíssem gradativamente
durante o tratamento, graças aos efeitos dos medicamentos, e quando perguntamos o motivo da recusa eu tive que me esforçar muito para não rir:

- Por que eu quero que Severus continue a afagar os meus cabelos.

Meu menino mimado.

Claro que eu entendi o que ele realmente quis dizer, ele tinha medo que eu não gostasse de
como ele ficaria sem seu cabelo. Como resposta aos seus temores, simplesmente fiz questão de eu mesmo raspar a sua cabeça.

Olho com carinho aquela expressão serena e com minha mão livre acaricio a calva cabeça.

E me lembro um pouco envergonhado o argumento que usei quando me prontifiquei a
raspá-la.

"Eu amo os seus cabelos Harry, mas apenas por que eles fazem parte de você. E se você quer mesmo que um dia eu volte a afagá-los, vamos fazer de cada fio de seu cabelo um símbolo de uma promessa: A promessa de que nos esforçaremos para que um dia eu possa novamente afagar os belos fios negros que um dia com certeza voltaram a crescer".

He he... Depois disso foi fácil domar a ferinha, ele passou o resto do dia com o rosto vermelho e meio abobalhado.

Harry realmente é uma pessoa fácil de lidar quando se aprende certos "macetes".

Com os dias que dividimos (mais
necessariamente as manhãs e as noites já que eu não posso abandonar o trabalho... saco),
descobri que minha pequena estrela não é muito diferente do que havia se mostrado para mim nos meses em que moramos juntos.

Sua personalidade é a mesma, a leve acidez e sabedoria que esconde em suas doces palavras não mudaram um milímetro. Seu
conhecimento de mundo se resumia ao que tinha lido em livros, já que desde que fora
adotado pelos Dursleys nunca havia saído de dentro do orfanato com exceção das duas
fugas.

Assim como Hermione havia me advertido não pressionei Harry atrás de justificativas ou
explicações. À medida que nos
encontrávamos, ele contava aos poucos sobre seu passado, sobre como me conheceu.

Pouco a pouco... E isso me fazia feliz, ah... Pouco a pouco ele abria para mim seu coração.

Mas apesar desses pequenos momentos de felicidade nunca conseguia esquecer de que
ele estava em uma fase muito delicada de sua vida. Uma em que a única ajuda que pude dar
foi a minha presença e umas poucas palavras de apoio.

Patético.

Seu tratamento havia acabado de começar e devido as medicações e a radioterapia, seu
corpo se debilitava mais e mais... Mas era incrível. Não importava o quão fraco estivesse seu corpo após cada sessão, seu sorriso
quando eu podia enfim me sentar ao seu lado era tão firme quanto antes.

Posso ser sua estrela?Onde histórias criam vida. Descubra agora