Naquele dia, apenas naquele dia, eu deveria ter conseguido dizer "não"
Abri os olhos, sentindo o frio penetrando meus ossos. Queria ficar debaixo das cobertas para sempre, mas ao ver que BaekHyun não estava na cama, acabei me levantando e cruzando o corredor. Esperava encontrá-lo dançando na cozinha ao som de alguma música antiga, mas não o encontrei dançando, e nem ouvi música alguma, e o que enchia o apartamento não era o som de música velha.
Um som horrível vinha do banheiro, como uma tosse.
Ao recobrar meus sentidos (ainda estava sonolento) corri até o lugar, a porta estava fechada, e alguém estava lá dentro. - BaekHyun!! - bati na porta com força, o desespero já havia tomado conta de mim, sentia meu corpo tremendo, mas não era pelo frio, e sim pelo medo, medo de sabia-se lá o que estava acontecendo naquele banheiro.
Ouvi um baque, algo caindo no chão.
Uma pessoa.
Não pensei duas vezes, chutei a porta com toda a força que minhas pernas tinham, quebrando a tranca, consegui abri-la.
Deparei-me com ele deitado no chão do banheiro, uma poça de sangue na pia, e seu pijama sujo de vermelho.
Ajoelhei-me ao seu lado, a respiração dele estava fraca, e ele tossia, tossia demais, e a cada tosse era mais sangue espalhando-se pelo chão do banheiro, respingando no meu pijama, e até nas paredes. Aquele lugar parecia uma cena de crime. Minhas mãos estavam tremendo, eu não sabia o que fazer, então me levantei para correr até o quarto e pegar meu celular. precisava de uma ambulância, mas senti aquelas mãos delicadas e fracas puxarem a barra da calça do meu pijama antes que eu pudesse me levantar.
Ele estava branco, mais do que o normal, seus lábios estavam vermelhos apenas por conta do sangue, e seus olhos... não tinham brilho, não tinham vida, não tinham nada. - Por favor, não chame um médico.
O que?
- BaekHyun, você está delirando, perdeu sangue demais, não se preocupe, eu não vou deixar você, ok? Eu vou apenas levantar para-
- POR FAVOR! - ele elevou a voz o máximo que eu já havia o visto fazer, e o maximo que sua condição o permitia. - E-eu não quero um médico, eu não quero, não... - vi lágrimas descendo por seus olhos, misturando-se ao sangue no azulejo. Ele segurou a barra da minha calça com mais força, sua voz estava trêmula. - por favor, Chanyeol, eu te imploro, não chame ninguém.
Quanta pressão psicológica uma pessoa pode receber até que finalmente ceda?
- Levante a cabeça e olhe para cima do balcão da cozinha. - ele ordenou. Achei estranho, mas apenas obedeci. Levantei a cabeça, esticando o pescoço e vendo, por meio da porta aberta do banheiro, um pequeno guarda-chuva em cima do balcão. - eu- eu estava preparando tudo para sair com você hoje, não vai ser isso que vai me impedir. - apoiou-se no chão, e ficou sentado, de frente para mim, claramente, ele não tinha condições de ir a lugar nenhum que não fosse um médico.
- BaekHyun, eu-
- Planetário. - ele disse, me interrompendo. - eu queria ir ao planetário. - eu posso jurar que vi o brilho daqueles pequenos e mortos olhos voltar por um segundo ao ouvir ele falando no planetário. - se nós formos, eu prometo que você pode me levar em um médico logo depois, eu não vou contestar. Apenas... Por favor, vamos? - fiquei alguns segundos refletindo naquela proposta, e decidindo se a última frase era uma pergunta ou uma afirmação.
- Tudo bem.
Quanto uma decisão errada pode pesar no futuro?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Heaven | Chanbaek
Romance"Eu disse à minha professora na segunda série que a coisa mais brilhante que existia era o sol. Ah, Byun Baekhyun, se eu soubesse como estava enganado. Eu disse que a coisa mais brilhante do universo era o sol, mas isso é apenas porque eu nunca havi...