Lembro-me apenas de desespero. A partir daquele momento, uma onda de angústia e dor invadiu meu peito, eu via apenas o escuro, me sentia cego, me sentia incompleto. Havia um buraco no meio do meu tórax, e esse buraco tinha o formato de Byun Baekhyun.
O levei até o hospital, mas a partir do momento em que ele encostou em meu ombro, já não respirava mais. O pequeno coraçãozinho que havia dentro daquele corpo nunca mais bateria, seus pulmões nunca mais encheriam-se de ar, e ele nunca mais mexeria nenhum músculo.
Muito havia ouvido falar sobre a dor da morte, e, ao presenciar de perto essa dor, ao sentir essa dor, tive a mais absoluta certeza de que nunca mais queria senti-la. Mas ali estava eu novamente, sentado em meio a mesma sala de espera daquele mesmo hospital. Eu já sabia o que havia acontecido, já sabia sobre sua morte, já deveria ter saído dali, mas eu não conseguia me mexer.
Imaginar que eu nunca mais veria aquele sorriso, nem ouviria aquela voz, nem sentiria seu cheiro... Era, no mínimo, desesperador.
Byun Baekhyun era uma nuvem. Leve, bonita, inalcançável, dificilmente compreendivel, poderia ser interpretado de várias maneiras diferentes, ter várias formas, e ser de várias cores, inclusive cinza.
Quando o médico se aproximou de mim, eu apenas me levantei, olhando para ele e assentindo negativamente com a cabeça. Mesmo que BaekHyun fosse a única pessoa com quem eu consegui me comunicar sem necessariamente usar de palavras, no momento em que aquele médico me olhou, a dor naqueles olhos, a pena, eu já havia passado por tudo aquilo mais de uma vez. Aquela era a terceira. Ele parecia entender que eu não queria ouvir nada, então apenas curvou-se, me deixando sozinho naquela sala de espera.
Soltei um grito alto. Não me importava com quem estava ali, ou se hospital era lugar de silêncio. Eu só queria gritar, queria sair correndo e gritar com o céu, as estrelas, o universo, gritar comigo mesmo.
Saí daquele lugar, que poderia ser grande, mas me dava uma claustrofobia indescritível.
Totalmente desnorteado, eu apenas andava pela rua, sem rumo.
Na verdade, eu tinha um rumo.
Cheguei até a porta do prédio, entrando, e subindo até o apartamento. Chegando ao lugar, tudo o que eu conseguia sentir era o cheiro de sangue, impregnado por todo o lugar.
Me ajoelhei no chão, passando os dedos pelos cabelos, vendo as lágrimas pingando no chão abaixo de mim. Sentindo aquele cheio de morte por todo o apartamento.
Pela terceira vez, eu descobri a dor da perda.
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Heaven | Chanbaek
Romance"Eu disse à minha professora na segunda série que a coisa mais brilhante que existia era o sol. Ah, Byun Baekhyun, se eu soubesse como estava enganado. Eu disse que a coisa mais brilhante do universo era o sol, mas isso é apenas porque eu nunca havi...