Heaven | Chanbaek

And I felt

Enquanto dirigia, tudo o que eu conseguia pensar era na possibilidade de ele desmaiar ao meu lado, ou começar a tossir sangue novamente, ou pior...

Há mais ou menos 3 anos atrás, eu estava sentado no sofá, vendo um programa de variedade qualquer, e ou ouvi alguém bater na minha porta.

Quando se está assistindo um programa de variedade, a última coisa que você espera é que um polícial bata a sua porta avisando que seus pais haviam se suicidado com uma overdose de remédios tarja preta para depressão, e que os dois estavam com depressão após a morte do seu filho mais novo, que acontecera há 5 anos atrás.

O que piorou o recebimento daquela notícia foi o fato de ela ter vindo exatamente no momento em que eu estava discando o número da minha mãe para ligar para ela e perguntar se estava sentindo-se sozinha, se precisava de algo, ou se apenas queria ouvir minha voz.

Eu não chorei, nem sequer tive como reagir, eu apenas permaneci parado, e fechei a porta, virando-me, e voltando a sentar-me no sofá.

As palavras ainda ecoavam na minha mente.

"Sua mãe e seu pai foram encontrados mortos no chão de seu apartamento, a causa da morte foi overdose por remédios tarja preta para a depressão"

E até hoje, tudo o que eu consigo pensar é que talvez, se eu tivesse ligado para ela antes, e conversado com ela da forma certa, se eu tivesse ido até lá naquele dia, como havia planejado ir, mas a faculdade não havia permitido, se eu tivesse feito qualquer coisa diferente, será que eles estariam vivos?

Quanto uma decisão errada pode pesar no futuro?

Parei o carro no estacionamento, achando uma vaga facilmente. Durante o trajeto, a única coisa que BaekHyun fazia era cantarolar a música que tocava no rádio, sem falar, e tentando fingir que sua garganta não estava provavelmente toda destruída pola quantidade absurda de sangue que havia acado de tossir.

BaekHyun sabia fingir muito bem, mas não sabia mentir.

Uma vez, havíamos acabado de comer, e era a vez dele de limpar a mesa e lavar as coisas, (claro que eu sempre o ajudava, mas isso era porque eu nunca consegui deixá-lo fazer tudo aquilo sozinho) e ele disse que estava sentindo-se mal, que sua barriga doía, e ele estava sentindo tontura, então levei-o para o quarto, e limpei tudo. Quando abri a porta, para perguntar se ele estava bem, me deparei com uma criaturinha rolando de rir enquanto via televisão, e acabou por confessar que apenas não queria arrumar a mesa. Mas eu não consegui ficar com raiva, tudo o que fiz foi ir até ele e abracá-lo, fazendo cócegas e dizendo que ele era muito preguiçoso.

Agora que penso nisso, será mesmo que ele estava fingindo estar mal?

Entramos no lugar, e nunca na minha vida havia o visto tão feliz e radiante. Sorria para as paredes.

E eu não conseguia parar de me preocupar.

Entramos na sala que simulava o universo como uma projeção no teto, sentamos em duas cadeiras, e esperamos o show começar.

Até aonde a hipocrisia humana consegue chegar?