Capítulo 22

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Me aproximei definitivamente sem entender.

"Precisamos conversar." Ela disse sem expressão alguma, deve ser bem sério para ela ter vindo até aqui.

"Chloe..." Disse ainda sem compreender o que ela queria comigo, embora já tenha mais ou menos uma noção.

"Vamos andando, temos muito o que falar." Se levantou e começou a andar em minha frente. Acompanhei em silêncio, isso estava se assustando.

Quando dei por mim estávamos bem distantes, já estávamos naquele ponto de ônibus em que encontrei o professor Luke, me sentei lá e a encarei em busca de respostas.

"Amélia eu cansei sabe, eu juro que tento te entender." Disse suspirando se sentando naquele ponto quase vazio, o dia já estava quase escurecendo. Permaneci em silêncio.

"Você era totalmente desmiolada, tão cheia de vida, o que está acontecendo?" Perguntou segurando em minhas mãos, meus olhos estavam marejados, calma Amélia.

"Ver você daquele jeito acaba comigo, e você não faz nada. Não quero que você se isole por causa daquela desgraçada." Disse seria tentando me encarar.

"Eu não ligo para ela Chloe." Isso é verdade apenas em partes.

"Você deveria dar uma surra naquela fresca." Disse e permiti dar um pequeno sorriso em negação.

"Isso vai passar." Garanti encarando o fundo de seus olhos. Ela bufou e soltou as minhas mãos.

"Lá vem você em me dizer que tem problemas maiores, você tem medo dela? Amélia eu não entendo, você deixa ela te tratar assim e acha super normal." Estava se esforçando para não gritar.

"Chloe, o meu pai me maltrata, depois que a minha mãe morreu ele passou a me controlar, a não me deixar sair, a me forçar a fazer as coisas em casa e me bate, bem ele me espanca, o que a Rafaela faz perto do que eu passo em casa não é absolutamente nada, nada, perto do que eu passo em casa." Disse já chorando, não aguentava mais isso, precisava desabafar com alguém, e ela é a minha melhor amiga, tem esse direito.

Ela me abraçou chorando igualmente a mim e me entreguei aos soluços e chorei tudo aquilo que tinha para chorar, chorei pela morte de minha mãe, chorei por ter que ficar sozinha em casa, chorei pelo comportamento estupido dele, chorei pelas agressões, chorei pelas palavras ditas, chorei por ter que aguentar isso, simplesmente chorei por tudo.

"Por que você nunca me contou isso?" Disse ainda me abraçando. Porque sou uma covarde.

"Não tive coragem." Disse ainda entre soluços.

Permaneci chorando enquanto ela me consolava, como senti falta disso, de alguém me abraçando enquanto eu chorava me dizendo que tudo vai ficar bem.

"Precisamos denunciar ele." Ela disse e neguei freneticamente.

"Calma, ele faz outra coisa, além, de hm..." Disse cuidadosa e neguei, ele nunca tentou me estrupar.

"Preciso arrumar um emprego para ajuntar um dinheiro, para sai dessa situação." Disse limpando as lágrimas e inflando o peito como se fosse uma coisa a se seguir, determinação para dar um basta nessa história.

"Então você já tem o emprego, amanhã a gente não vamos a escola, você vai me explicar tudo, e vamos lá na loja." Ela disse com um sorrisinho enquanto mexia em meu cabelo.

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