Capítulo 32

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Olhei para o lado direito e esquerdo, não tinha ninguém na rua. Franzi o cenho, será que sai muito cedo? Será que o meu relógio estava errado? Olhei atentamente mais uma vez para as ruas vagas, já estava começando a ficar com medo e assustada de aparecer alguém e me sequestrar ou pior, me estuprar. Só de pensar um arrepio percorreu pelo meu corpo inteiro.

"Ora, ora, ora..." Uma voz disse mas não consegui identificar quem era. Engoli em seco e apressei os passos. Falta pouco para chegar na casa da Chloe, falta pouco...

"Não corre, você nunca vai conseguir fugir de mim." Gritou, parecia que estava mais perto. Nesse momento ignorei o fato de ser discreta, de ignora-lo e sai correndo, ouvindo seus passos pesados atrás de mim.

"Me deixa em paz." Gritei já sentindo meus olhos arderem com as lágrimas que estavam prestes a vir.

"Em paz?" Questionou e como se suas palavras tivessem efeito sobre mim, no mesmo momento me fez parar de correr abruptamente. Virei para trás e encontrei uma estatura alta.

"O que você quer de mim?" Disse desesperada tentando mover meus pés que insistiam ficar parados.

"Quero que você confie em mim, não vou te machucar." Anunciou, porém suas ações foram totalmente contrárias quando senti um murro em minha barriga.

Em um pulo acordei... Foi um sonho, apenas um sonho. Mais um daqueles sonhos horríveis sem sentido.
***

"Você está aérea hoje." Meu tio disse puxando a cadeira para que eu pudesse me sentar. Então tio, eu tive mais um pesadelo indescritível e estou tentando entendê-lo — pensei.

"Estou só um pouquinho lenta, acordar cedo não é legal." Fiz uma careta para enfatizar a mentira.

"Eu também não sou muito fã de acordar cedo." Disse levando o copo de café que havia pedido a boca. Então por que me buscou em casa, me trouxe para tomar café e vai me levar para escola, justamente cedo? — pensei mais uma vez.

"Sobre ontem... Seu pai parece cada vez mais frio, sem vida, você tem que apoia-lo, não deve estar sendo fácil para ele lhe dar com a morte da sua mãe, ele abdicou a vida dele a ela." Não consegui evitar minha indignação.

"Apoia-lo? Desculpa, você viu como ele me trata?" Gesticulei pousando meu copo sobre a mesa.

"Se ele acha que foi perda de tempo ter abdicado a vida dele para minha mãe, azar o dele, eu não pedi nada disso, eu não escolhi nada disso. Então não me venha pedir para ser tolerante com ele, sendo que ele me ignora. Ele está chocado? Foda-se, e eu? Ela é a minha mãe, minha mãe..." Disparei tudo de uma vez sentindo os meus batimentos completamente acelerados.

"Ei, calma, eu não quis dizer isso." Meu tio disse com os olhos arregalados. Suspirei jogando meu cabelo para trás.

"Eu sei que é difícil para os dois, só acho que vocês deveriam estar mais próximos, ser o suporte de ambos."

"Se ele fosse uma pessoa normal, exatamente assim que era para ser." Relaxei dando um longo gole em meu cappuccino.

"Desculpa Mélia. Você sabe que pode contar comigo né?" Perguntou colocando sua mão sobre a minha que segurava o café.

Contei até três mentalmente, não posso descontar tudo nele. Meu pai é um completo idiota. Meu tio é um amor que está me apoiando com várias coisas, que era suposto o meu pai estar presente.

Cruel FateOnde histórias criam vida. Descubra agora