Capítulo 49

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Sugestão: escutem a música da mídia e quando ela acabar vocês a reproduzam e reproduzam até acabarem o capítulo.

Engraçado como algumas coisas realmente nos abalam. Mais engraçado ainda é saber que são justo as coisas que juramos não nos importar, juramos estar inferiores. Engraçado como em questão de segundo tudo muda, o humor, a perspectiva e a vida.

Me pergunto se estou novamente em um dia cinzento, se no meio de tantas nuvens e se no meio desse imenso céu encoberto ainda existe felicidade, se acima das nuvens o sol ainda se esconde. Me pergunto se um dia terei paz.

E é claro que ao pensar em tudo isso, minha companheira me consola e me desespera, lágrimas quentes rolam sem pudor pelo meu rosto. Como ele pode ser meu pai?

Olho ao meu redor e tudo está um verdadeiro caos, assim como me encontro agora. Permito me dar tapas em meu rosto. Por quê? Por quê? Por quê? Estava tão concentrada em meus problemas-sentimentos pelo Harry e relação com meus amigos que até me esqueci da verdadeira vida que levo, do meu verdadeiro eu, de que ninguém gostará de mim, que nunca terei paz e sossego.

Me levanto do chão desolada e começo a recolher as roupas espalhadas. Como ele pode fazer isso comigo? Dobro lentamente cada peça e fito o quadro no chão, aquele que mantinha guardado e o pegava durante as minhas maiores crises. Peguei lentamente, sem força alguma de se mexer, talvez a culpa seja pelo cansaço ou pelos tapas.

Meus olhos se enchem de águas tristes novamente. O vidro estava completamente trincado, mas felizmente a foto em que eu e minha mãe estava no parque próximo daqui está em bom estado. A forma como ela sorria genuinamente para foto e como nos divertimos naquele dia é uma das lembranças mais bonitas que tenho dela.

Tudo era tão perfeito. Eu tinha uma vida social considerável, tinha minha mãe cuidando de mim, me ensinando, me educando, me aconselhando, como ela pôde me deixar para trás? Como você, forma natural ou sobrenatural da vida pôde fazer isso comigo? Eu tinha vontade de viver, tinha uma vida sossegada, tinha um pai... Isso me corrói de uma tal maneira que me frusta. Não sei o que é pior, perder alguém e nunca mais vê-lo ou vê-lo mas mesmo assim perdê-lo, ela não está aqui e é como se fosse mais próxima de mim do que ele que está exatamente no quarto ao lado.

Tudo voltou como era antes. Me agarro ao quadro e me deito a meio confusão, solidão, desilusão e tristeza. Aquela faísca que estava quase se incendiando acaba por se apagar. 

Estou me cansando de tentar encontrar um caminho diferente, parece que qualquer entrada que sigo o final é o mesmo. Tudo à minha volta não faz sentido como antes, modéstia partes até faz, porém em questões de segundos me sinto perdida. Nada é duradouro e a consciência disso me assusta e me conforta.

O que eu realmente devo fazer? Me questionei enquanto me direcionava ao banheiro para tentar tirar todas as impurezas.

Como eu queria voltar na noite em que ela se foi e dizer coisas maravilhosas, me despedir dela, explicar que mesmo que ela me perguntasse milhões de vezes a mesma coisa, mesmo que ela brigasse comigo ou tivesse suas crises excessivas de cuidado eu sempre debochava, mas no fundo eu era grata por ter alguém que se preocupa comigo. Agradecer pela pessoa bondosa que ela é, pedir incontáveis desculpas pelos sumiços repentino, pela minha rebeldia e pelo meus erros. Dizer milhões de vezes que a amo muito e que independente de tudo ela é e sempre será a pessoa mais importante da minha vida. Quem sabe assim ela desistia de partir para um mundo melhor... Se eu soubesse que aquele seria o meu ultimo beijo na testa teria prolongado, se eu soubesse que naquela noite ela deixaria de respirar... Ah, Como eu queria voltar naquela noite.

Retorno ao quarto ainda mais com os olhos inchados, organizo tudo perfeitamente em silêncio e segurando com soluço o meu sofrimento. Meu celular vibrava mas tudo o que eu sabia fazer era ignorar, até ver o nome da mãe de Chloe no visor, apesar dos apesares eu ainda tenho um emprego.

Limpei a garganta e atendi.

"Alô." Digo com a voz falha e rouca.

"Querida, está tudo bem?" Perguntou incerta me deixando emocionada com o seu cuidado e apego que tem comigo.

"É... S-sim, me desculpe, sei que já era pra mim estar aí, mas é... Eu não, eu não consegui ir." Murmurei tentando formular alguma coisa e controlar o tom da voz.

"Ei, está tudo bem, depois acertamos isso ok?" Falou suavemente fazendo com que uma lágrima escorresse em minha face.

"O-obrigada." Agradeci já me preparando para desligar.

"Mélia, qualquer coisa você tem o meu número, pode contar comigo, você sabe disso certo?" Cautela era o tom que carregava.

"Sim, obrigada por tudo, amanhã conversaremos." Falei e desliguei sem o retorno dela. Desliguei meu celular e afundei minha cabeça no travesseio.

Fecho os olhos por instantes e pensamentos ruins me atingem e por incrível que pareça, Harry não se encaixa em nenhum deles no momento. Eu queria poder estar olhando para seus olhos debochados do que olhar para os olhos frios e sem emoção do meu pai.

Me sinto surpresa em me imaginar melhor beijando os lábios macios do Styles.
***

Acordo sobressaltada com a porta da frente sendo batida, suspiro com mais um pesadelo. Coloco meu pé quente no chão frio e desço para cozinha. Arrumo tudo e encontro um pote de sorvete no freezer, pego uma colher e me tranco no quarto novamente.

Ligo a televisão e deixo em algum filme enquanto dou colheradas no sorvete. Viva e morta. Tudo e nada. Pensativa e longe. Desiludida e triste. Assombrada pelos meus fantasmas. Olhos cheios de lágrimas.

Seja bem vinda de volta Amélia.
***

Ouço batida na porta e me levanto vagarosamente. Desço os degraus imaginando que ele deve ter esquecido a chave. Abro a porta e dou de cara com a Chloe, ela me encara entrando e na mesma hora coloca a mão sobre a boca com os olhos de lágrimas.

Fecho a porta e sou surpreendida com o seu abraço apertado. Aquele abraço apertado. O abraço que eu precisava. E foi nesse momento que desabei de verdade. Sabe aquela fala "chorar alivia", se não for com a pessoa certa esse peso só aumenta, mas com a Chloe tudo é diferente, meu choro é desesperado e com vários soluços, toda forma que tinha encontrado para me recompor sumiu.

"Shhh, eu estou aqui, está tudo bem." Ela dizia alisando as minhas costas e pela sua voz aposto que estava controlando o choro.

Ela é quem eu tenho, ela é a minha pessoa, aquela que cuida de mim, aquela que tenta me animar e resgatar tudo de bom que tenho. Ela quer o meu bem. Ela é a minha verdadeira e única melhor amiga, minha Chloe.

Como eu sou grata por ter ela em minha vida!

Olaaá gente,
Esse capítulo não foi um dos mais felizes, mas me dediquei em expor os sentimentos da Amélia referente ao pai dela e essa situação toda.
"The Night We Met" é uma linda música e tem uma base grandiosa referente à série e ainda é inspiradora, agradeço por isso, ela foi minha companheira para escrever esse capítulo.
Agradeço vocês por tudo e peço desculpas pelos meus erros.
Até breve ❤️

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