Capítulo 09

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Erick Pierce

17 de março de 2016

Eu via meus emails, mas na verdade só os relia para não ter que encarar o humor monstro da minha esposa. O e-mail que mais me dediquei foi o do reverendo Lockwood. Ele me avisou. Dizem que o primeiro ano é o mais difícil, talvez seja verdade, talvez...

Um vulto passando pela janela atrás do notebook me fez ficar alerta. O que era aquilo? Ficaria feliz em saber que alguém está aqui para me sequestrar. Olho novamente para um segundo vulto caindo do segundo andar. Mas que...

Levanto da cadeira de rodinhas indo para a janela, tiro a cortina transparente de frente do vidro vendo peças de roupas no gramado do jardim. Espere... espere... é a minha calça ali?

Gritos do andar de cima me fazem ficar mais alerta ainda. Pelo amor de Deus. Seis letras, uma palavra, um medo eterno... Thalya.

Saio de dentro do escritório olhando ao redor para ver se tudo está limpo. Por enquanto está tranquilo.

Vejo o cachorro vindo da cozinha... bom, ele está vivo então isso significa um problema a menos. Subo as escadas nas pontas dos pés até chegar à frente da porta do meu quarto. Minha esposa ainda não saiu daqui de dentro hoje, achei estranho, são oito da manhã, mas ontem eu a acordei enquanto ia trabalhar e... falaram-me que a terceira fase começou.

Bato na porta devagar e os gritos e grunhidos cessam. Olho para o cachorro quietinho atrás de mim, esse é esperto.

- amor, tudo bem?

A porta é aberta com rapidez e brutalidade.

- não, Erick, não está.

Olho por cima dos seus ombros e tudo parece inteiro e a janela aberta.

- o que foi, meu amor? Eu posso fazer algo por você? – digo o mais sereno possível.

- pode. Pode começando parando de colocar o seu blazer sobre o divã.

Blazer?

Instantaneamente olho para o divã e não vejo o meu blazer. Meu Deus.

- e pode parar de deixar o seu sapato no canto da cômoda.

Thalya pega o me sapato e o levanta nas mãos. Meu coração para e tento ao máximo me controlar.

- amor, desculpe, mas me devolva aqui o sapato.

- você quer, Erick?

- quero.

Então ela caminha até a janela e o joga do segundo andar.

- por quê? Por que fazer isso?

- porque está me incomodando.

As suas mudanças de humor, delírio, temperamento e loucuras estão me incomodando e mesmo assim você não me vê te jogando da janela.

- pare de fazer isso, por favor. – suplico.

Jacob deveria ganhar um Oscar de melhor segurança, um Grammy de mais paciente e um Nobel de nunca tê-la assassinado.

- é que eu... desculpe-me, querido. É porque eu fiquei deitada na cama e não tinha nada pra eu fazer, já pintei o nosso quarto e sala. – eu que sei disso. a fase artista – então eu levantei e fui abrir a janela e acabei tropeçando no seu sapato e não sei o que deu em mim. Desculpe, meu amor.

Ela enfia a cabeça entre as mãos quase chorando e meu peito se aperta. Deus, ela é doente. Coitado do meu amor. Puxo-a em meus braços a abraçando e sentindo seu cheiro maravilhoso. Foi por isso que me casei e me apaixonei.

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