Capítulo 14

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Thalya Pierce

26 de março de 2016

Eu, como sempre, faço algo que magoa alguém no final. Ontem acusei Jaqueline no calor do momento, mesmo assim não justifica o que eu fiz, ela é minha mãe.

Depois que a Natalie e Mike saíram daqui de casa, Erick tocou no assunto de termos filhos novamente, eu não estou preparada para isso. Ainda nem sei se vou estar um dia, isso está me doendo, pois sei que além de machucar meu marido, minto para ele.

Desço para tomar meu café, Mary me oferece uma xícara de cappuccino e aceito de bom grado. Pego a bebida e dou um gole pequeno, mas que faz com que o líquido desça quente pela minha garganta. Tem gosto de chocolate. É muito bom.

- Erick tomou o café dele? - pergunto como quem não quer nada.

- não, parecia meio abatido e disse que ia tomar no trabalho.

Perco meu apetite assim que ouço.

- desculpe, Mary, não estou mais com fome - falo saindo da cozinha e ignorado qualquer interjeição e chamada de atenção sua.

Passo pela sala indo ate o escritório. Preciso tirar um pouco de tudo da minha cabeça. Já que vou ficar presa em casa, não posso ir para a empresa, só me resta trabalhar.

Sobre a mesa tem uma pilha de contratos não mexidos. Seria uma ótima distração. Começo a lê-los e mais alguns documentos. Adeus mundo tedioso e olá mundo tedioso de trabalho...

No décimo papel, as letras passavam pelos meus olhos, mas não queriam entrar no meu cérebro. Respondi e-mails e fiz uma vídeo conferencia e apenas vejo a tela do computador com a setinha ligado a nada.

Fito meu celular sobre a mesa no meio de papeis e canetas. Eu poderia ligar para Erick. Dou um sobressalto da cadeira de rodinha quase caindo e alcançando meu telefone. Disco o número do celular de meu marido e espero que comece a chamar.

- oi, Thalya. - diz ele sem se expressar.

- você vai almoçar comigo? – pergunto inventando algo.

Diz que sim, diz que sim, diz que sim;

Peço em pensamento.

- hoje não, tenho uma reunião na hora do almoço.

- tudo bem. - a linha fica em silêncio. - eu te amo.

Ele não disse nada e preciso olhar na tela pra ver se a ligação não caiu ou ele desligou. Volto por o telefone no ouvido.

- Thalya... Thalya. - escuto Erick me chamar.

- estou aqui. - digo surpresa ao ouvi-lo. - pensei que a ligação tivesse caído.

- desculpe. Eu também te amo, amor. - quando o ouço dizer isso sinto um enorme alívio, não era como eu queria está, mas só de ouvi-lo dizer que me ama já é um balsamo.

- vou deixar você trabalha então. - digo me sentindo melhor.

- tudo bem.

Desligo o telefone encosto a cabeça na cadeira fechando os olhos. Não sei o motivo, mas sento uma lágrima descer pela minha bochecha. Desde que toda essa loucura começou, lágrimas sem nome ou endereço descem pelo meu rosto em momentos como esse.

Porque tudo é tão difícil?!

- não estraguei tudo. - falo para mim mesma.

Limpo meu rosto antes que Mary ou Jacob me veja assim.

O telefone toca e atendendo no segundo toque.

- alô.

- oi, Thalya. Tudo bem?

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