Capítulo 19

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Jasmim Montgomery

Ele é simplesmente encantador, então como não se encantar?

Lembro-me da primeira vez que o vi. Papai tinha convidado seus amigos e eles trouxeram seus dois filhos. Um deles era mais baixo e mais novo, cabelo escuro como os do pai e olhos escuros. Este era ao contrário do mais velho, o loiro, ele sorria abertamente e seus olhos fitavam todos como se sempre os conhecem.

O mais novo conversava com as meninas, mas o mais velho estava sempre entre os homens. Ele era oito anos mais velho que eu e mesmo distante era legal vê-lo.

Aos poucos, todos os dias, eles passaram a ser parte da família. O mais novo, Sebastian, estava sempre com Lya. Era visível que se amavam, mas o mais velho estava sempre com uma "amiga" nova, seus olhos nunca brilharam por ninguém.

Dani e Stevan eram melhores amigos, como irmãos de pais diferentes. Quando ele vinha para minha casa, me cumprimentava com um sorriso e um novo bom dia, para Isabela mostrava a língua, Kate acenava, mas para Lya, ele abraçava.

Stevan era jogador, sempre amou, mas não joga xadrez, uma vez tentou jogar comigo, mas ele ficava distraído olhando pela janela os meus irmãos. Eu queria continuar jogando com ele por conta de sua presença, era cativante o ver, mas eu sabia que ele não estava gostando. Acho que Stevan nem percebeu quando me levantei e me retirei e fui para meu quarto ler um livro na varanda. Fiquei o vendo com meus irmãos, ele ria e brincava.

Estava com saudade de Natalie. Ela tem andado distante, mas pelo menos joga xadrez comigo, claro que nunca vence, pelo menos conversamos bastante.

Por noites e noites eu via Lya saindo com Sebastian. Papai nem sonhava com isso.

Aos meus quinze anos havia um garoto, um outro diferente, ele era educado. Eu o convidei para ir estudar em minha casa. Mamãe aceitou e ficou feliz, mas papai... ele me olhava com a testa franzida e com raiva. Meu amigo temeu sobre o olhar assassino de meu pai. Foi a pior coisa que me aconteceu.  Eu não podia rir que o Senhor Montgomery ou Daniel estavam na biblioteca me atrapalhando.

Eu nunca teria um namorado, nunca poderia sair de casa, nunca poderia viver livremente com esses dois me amolando. Era chato, mas eu os amava.

E então... veio a grande notícia, ou a pior delas. Nosso amigo se foi. Sebastian sofreu um acidente e se foi.

No enterro eu não chorei, me fiz não chorar. Tinha que ser forte por Lya, ela estava desolada, mas ele... o mais velho... Stevan... nunca tinha o visto chorar, nunca o tinha visto sofrer desse jeito.

Abracei-o forte como se pudesse passar a minha força a ele. Stevan beijou a minha cabeça e passou o dedo pelo meu rosto.

- obrigado.

- pode contar comigo. - disse apenas.

Então me afastei. Stevan foi até Thalya e a abraçou do mesmo jeito que fiz com ele, provavelmente disse as mesmas coisas que eu, mas não me importei. Se foi tão verdadeiro quanto as minhas palavras.

Meu pai ofereceu que ele e seus pais para que dormissem lá em casa. Eles foram. Stevan dormiu no sofá da biblioteca. Mesmo assim seu semblante era triste, mas lindo. Peguei um cobertor em meu quarto e o cobri. Torci para que seu cheiro ficasse preso na coberta para que eu pudesse ficar cheirando. Thalya me assustou entrando na sala.

- o que está fazendo? - perguntou-me.

- estou o cobrindo. Está frio, não quero que ele pegue resfriado.

Ela deu um sorriso e se deitou ao lado dele o acordando. Eles ficaram conversando e me retirei para dar espaço. Eu queria ter essa intimidade com ele, ser alguém que faz seus olhos brilharem como os meus brilhavam quando o viam. Queria que seu coração acelerasse como o meu acelerava quando ele sorria, mas então o tempo passou.

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