CAPÍTULO 4

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SEBASTIAN "HONOR" HOFFMAN
BERLIM, ALEMANHA
13 DE AGOSTO DE 2023, 15:37

— Não encontramos nada. Não perdemos ninguém, mas alguns não poderão retornar conosco na próxima operação.

— Então você voltou para a base de mãos vazias — ele afirmou para mim. Velho cretino.

— Nós vasculhamos tudo, general. Se era Zielinski ou não, alguém sabia que estávamos a caminho — justifiquei. — O ponto é que, antes do sargento Field encontrá-los no hotel, ele viu alguns atuantes do BOPE nas redondezas.

Ele riu. Eu me controlei para não avançar nele.

— O BOPE? Ali? Em quais circunstâncias? — ele suspirou. — Poderiam estar em uma operação individual, não creio que tenham sido eles a... você sabe. Nos cercar.

— Me pergunto se a guarda costeira do México... — eu comecei, mas não continuei.

— Você está insinuando que os mexicanos nos caguetaram?

O ponto não eram os mexicanos, mas quem sabia sobre a nossa missão. Se Zielinski não foi encontrado no hotel em que possivelmente havia se hospedado, e os homens do meu batalhão foram feridos, uma coisa precisava ter relação com a outra. Mas Herman era um cuzão. Ele precisava ter razão nos momentos mais improváveis. Trabalhar ao seu lado era frustrante. Agora, estava diante de um dilema. A oportunidade de capturar Zielinski se apresentou, mas estava sozinho. Meu superior não estava disposto a me ouvir.

— Dispensado, tenente Honor — foram suas últimas palavras para mim.

No entanto, minha determinação não podia ser tão facilmente abalada. Eu conhecia meu potencial e sabia que era capaz de liderar uma operação bem-sucedida. Se aproximava o momento de confiar em mim mesmo e utilizar minha experiência para traçar um plano mais eficiente do que o de um general como Herman.

Quando voltei para Strausberg, reuni minha equipe e compartilhei com eles a nossa nova e mais real situação. Expliquei que, desta vez, estávamos por conta própria, sem o apoio do general. Ressaltei que isso não significava que não éramos capazes. Em meu gabinete, comecei a elaborar um plano alternativo, explorando todas as opções disponíveis e considerando todas as variáveis. Coloquei minha mente em ação, questionando as suposições convencionais e buscando soluções únicas.

Quando a noite avançou na unidade, ouvi duas batidas na porta.

— Entre — eu avisei sem tirar os olhos dos papéis em minha mesa.

— E aí, tenente — ouvi a voz de Field, então levantei o rosto. — Gabinete legal.

— Ah, é você — suspirei — Não mexa em nada.

— Então é aqui que você se esconde — ele zombou, me fazendo suspirar outra vez. — Não é tão ruim — ele olhava ao redor. — Quer dizer, para um cara como você.

— Do que você precisa, sargento? — tentei ser direito.

Field não respondeu. Eu senti os olhos curiosos dele sobre mim e a decoração ao redor. De relance, pude perceber como ele observava meu gabinete com um fascínio infantil. Era difícil explicar, mas de alguma forma aquilo não me tirava do sério. Embora devesse. Não precisei de muito para notar que o sargento Field era um veterano experiente, com anos de serviço e uma aura de seriedade em torno dele. Meu gabinete era repleto de lembranças, desde fotografias de família até prêmios e reconhecimentos por meu desempenho no exército. Era um espaço pessoal, uma extensão de mim mesmo. Ao notar o interesse genuíno dele por aquele pequeno pedaço da minha vida, senti um pequeno desconforto interno.

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