CAPÍTULO 2

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ROBERT "FIELD" KOSLOWSKI
BYTOM, POLÔNIA
14 DE JULHO DE 2023, 17:06

— General Herman, será um prazer estabelecer esta aliança com as forças locais alemãs — Rajmund sorriu para o velho do outro lado da tela. — Tenho certeza que faremos progresso, assim detendo Zieliński.

Dê seu melhor, Andrzejczak — eu ouvi ele dizer. — Estou desligando. Confie no Honor, ele liderará a operação da melhor maneira possível. Vejo você em breve.

Rajmund parou de sorrir quando fechou a tela do notebook. Eu, encostado na porta, comprimi os lábios para não rir. O general me olhou exausto, como se um blindado tivesse acabado de passar por cima dele. Nós dois sabíamos o quão cansativo era negociar com os alemães, principalmente os mais velhos, poderosos hierárquicos de outro século. Rajmund era meu superior, chefe do estado-maior, o general das Forças Terrestres, mas a nossa relação me afastava da posição de subordinado. Ainda que fosse mais velho, Rajmund e eu éramos amigos. Ele tinha quase o triplo da minha idade e todas as medalhas das quais eu sonhava em adquirir, mas uma coisa que não tínhamos em comum, era a paciência.

Eu não tinha pavio curto, mas Rajmund Andrzejczak era o homem mais tolerante que eu conhecia. Ele assumia todas as funções, se preciso, apenas para que nosso batalhão não perdesse conexões com outros chefes de estado, uma vez que ele sempre sabia o que dizer. As conferências eram sempre frequentadas por ele, dando as ordens finais e monitorando as operações. Ele era um general de verdade, diferente do nosso mais novo aliado alemão, Herman Von Apell.

Ouvíamos dizer que ele nunca comparecia a nenhuma das tarefas designadas, enfurnado em seu gabinete apenas dando ordens aos seus suplementares. Não era uma realidade nas Forças Terrestres, desde que Rajmund era um líder perseverante, no entanto, era eu quem ficava encarregado de todos os compromissos em sua ausência. Reconhecia que não era bom o suficiente para trabalhar com o governo, era um bastardo para persuadir, mas Andrzejczak era a pessoa que enfatizava as minhas destrezas militares. Como no presente momento em que ele me olhava com olhos de quem trazia notícias.

— Ele escolheu você para a base em Strausberg — ele disse com um suspiro. — Parece ter sido a dedo, a considerar o tom de voz do velho — ele riu gradualmente. — mas imagino e prefiro acreditar que tenha sido pela sua ficha.

— Essa informação me deixa com fome — comentei, meus braços se cruzaram na altura do peito e caminhei devagar até a cadeira em frente a mesa dele, me sentando.

— Herman Van Apell deixa você com fome — Rajmund retrucou num tom zombeiro, me fazendo franzir o cenho. — Não é um rumor bom de se espalhar, sargento.

— Herman Van Apell me deixa nauseado, general — corrigi. Meu estômago, silencioso, se contorceu. — E quando devo ir?

— Você não está resoluto, Field — ele sorriu com a própria afirmação. Era mentira. Definitivamente eu estava, mas questionar ordens não era uma coisa minha. — Qualquer um no seu lugar estaria em calafrios.

— Não é a minha primeira operação para buscar Zieliński. Me juntar aos alemãos não era o meu primeiro plano, mas considerando que não sou o tenente desse batalhão, parece que devo me manter em silêncio e acatar. Não é? — arqueei uma sobrancelha para ele.

Rajmund riu discreto. Ele deu de ombros. Meus problemas estavam quase sempre fixados em Stanislaw, o tenente da nossa força tarefa. Como sargento, devo admitir que minha relação com Stanislaw sempre foi uma fonte constante de frustração e descontentamento. Sinceramente, não conseguia encontrar uma única qualidade admirável naquele homem. Desde o momento em que ele chegou à nossa unidade, ficou claro que estava mais preocupado com seu próprio avanço na hierarquia do que com o bem-estar da equipe. Ele sempre buscava destaque, seja assumindo crédito por nossas conquistas coletivas ou desviando a responsabilidade quando algo dava errado. Sua natureza egocêntrica era evidente em suas ações e palavras, e isso prejudicava diretamente a moral da tropa.

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