STRAUSBERG, ALEMANHA
16 DE AGOSTO DE 2023, 20:08Field e Honor estavam sentados do lado de fora da torre de controle da base militar durante a noite. A penumbra envolvia o ambiente, iluminado apenas por luzes suaves que realçavam a silhueta dos equipamentos ao redor. Enquanto o mundo lá fora seguia seu ritmo, dentro da torre reinava um silêncio profundo. O tenente Honor estava com o braço enfaixado, uma lembrança dolorosa do recente confronto. Seu semblante sério e concentrado refletia a determinação e a coragem que o haviam levado a se tornar aquele líder respeitado. Ele apoiou o braço ferido suavemente sobre o colo, buscando algum conforto, mas não demonstrava qualquer sinal de incômodo.
Por outro lado, Field mantinha o olhar fixo na paisagem noturna que se estendia diante deles, como se encontrasse nela respostas para os questionamentos que ecoavam em sua mente.
Apesar do silêncio que pairava entre eles, não era necessário nenhum tipo de diálogo para entender o que compartilhavam naquele momento. Enquanto a noite avançava, o vento sussurrava suavemente do lado de fora, mesclando-se com os sons distantes da base. Os dois militares permaneciam em silêncio, absorvendo a tranquilidade momentânea que aquela torre de controle proporcionava. Embora estivessem envolvidos em um cenário de guerra e desafios constantes, naquele momento, o tenente e o sargento encontraram um consolo naquele lugar.
— Então? — Field quebrou o silêncio. — Algum sinal do Zielinski?
— Não — Honor mexeu a cabeça. — Nosso batalhão já está voltando. Ainda que nem todos. Mais uma missão fracassada onde eu perco homens.
O sargento soltou um suspiro audível.
— Poderia ser qualquer um de nós, sinceramente — comentou o polonês.
— Preferia que não fosse nenhum — o tenente travou o maxilar. — Sei o que pensa de mim. Sei que deve achar que não dou a mínima para estes rapazes, mas é completamente o contrário.
— Oh? — Field arqueou uma sobrancelha. — Você está falando.
— Estou — o tenente respirou fundo. — Porque... — ele engoliu em seco. — Estou com a guarda baixa.
— Quantos tiros você precisa levar para ficar com a guarda baixa, tenente? — Field riu.
— Vai para o inferno, Koslowski — ele usou o sobrenome e rolou os olhos.
— Sabe, tenente, eu acho que você está precisando se divertir um pouco — o polonês piscou. — Tipo um bar.
— Um bar? — Honor franziu as sobrancelhas. — Não. Negativo. Estou trabalhando.
— Não, não está — o sargento se levantou, limpando a parte de trás das calças. — A operação está pausada e todos vão descansar até a próxima missão. Você deveria ir viver um pouco também.
— Eu não vou para a porra de um bar! — ele praguejou.
STRAUSBERG, ALEMANHA
16 DE AGOSTO DE 2023, 21:14Sebastian odiava bares.
Eles eram barulhentos. Cheios de irresponsabilidades civis. Eles também eram horríveis de localizar, a menos que ele estivesse sentado em um canto, e mesmo assim a maioria deles tinha tão poucas saídas — rotas de fuga — quando houvesse risco de incêndio. Ele odiava gastar seu mínimo de tempo livre em público, honestamente, mas os bares eram considerados a pior opção. Principalmente bares de beira de estrada como aquele, no fim de mundo que era Strausberg. Ele preferiria passar uma noite em seu gabinete, trabalhando e sendo um tenente mesmo quando Honor não estava mais entre nós.
Mas bares eram sempre uma boa oferta para Field, que amava a atmosfera.
E Honor sequer poderia levar Field para longe dali. Ambos estavam a milhares de quilômetros de casa, como de costume, e suas noites livres juntos entre as missões eram raras, se não passavam a maior parte do tempo discutindo alguma divergência de opinião. Então, pela primeira vez, eles estavam em uma bar fora de um perímetro seguro ao redor da base. Não era nada de especial, mas estava lotado o suficiente para que ninguém olhasse duas vezes para sentar ao lado deles ou para reconhecer Field naquele estado.
Ele estava bêbado. Não muito bêbado, nem engessado, mas ele estava falando mais devagar, brincando com a condensação em seu copo de cerveja e compartilhando demais sobre sua infância de uma maneira cativante e divagante. Não era encorajador entrar com bebida no quartel e, quando estavam em uma missão ativa, todos ficavam lúcidos, então o sargento se entregava quando tinha a chance. Ele admirava uma boa festa.
Field reclamou — em voz alta — da música tocando e Honor tirou todas as notas amassadas de sua carteira para trocá-las na jukebox. Afinal, ele reclamava da música toda vez, então era como se o tenente já estivesse preparado.
Eles não podiam fazer isso no quartel. Eles não podiam fazer isso em qualquer lugar, havia o risco de serem vistos por alguém que os conheciam. Não porque Honor pensava que Herman ou quem quer que seja fosse homofóbico e pudessem pensar alguma besteira, mas porque Honor era o superior de Field. Eles enfrentariam alta ou até prisão se a pessoa errada descobrisse que eles estavam confraternizando enquanto Zielinski ainda não havia sido capturado.
Field voltou do jukebox e o jovem barman o elogiou por sua seleção de músicas. Aconteceu muito rápido, por isso Honor não conseguiu ouvir o que eles estavam falando. Em qualquer outro lugar, muito longe da Alemanha, o tenente não se importaria que alguém os visse em um bar. Mas com tudo o que estava em jogo, isso o fez se sentir completamente degenerado. Como se estivesse tirando vantagem de alguém que tem muito mais a perder do que ele se fossem pegos.
Quando Field se sentou novamente, ele cantou o refrão da música e provocou Honor por não saber. Em um momento, ele até descansou a cabeça no ombro do tenente quando ele ria de alguma uma piada de mau gosto. A culpa de Honor era agravada em grande parte pelo fato de Field não parecer compartilhar as mesmas preocupações. Seja a juventude, mesmo que tivessem apenas um ano de diferença, ingenuidade ou confiança cega em seu tenente, ele caía em sua aproximação secreta com facilidade, imprudente e ansioso. Field era dedicado a ele. Como seu subordinado e como seu parceiro, entrelaçados a um ponto em que as linhas de sua dinâmica se confundiam.
Eles não sabiam muito um sobre o outro, mas ali, em algum lugar, existia alguma coisa. Honor não sabia o que era e amaldiçoava a si mesmo por isso, mas era inevitável não se sentir levemente atraído pelo que o polonês carregava. Ele jamais admitiria isso. Ele também nunca tiraria vantagem de alguém bêbado, mas parecia se sentir mais confortável com Field suavemente embriagado do que sóbrio.
Uma hora depois, Honor pagou a conta e eles saíram. Era tarde, perto do bar, e a viatura estava a alguns quarteirões de distância. O bairro que eles escolheram para se esconder naquela noite estava molhado com a chuva recente, o ar abafado. Field estava bêbado e pendurado em seu braço, e Honor, embora não tão bêbado, mas alterado, provavelmente não deveria dirigir.
Antes que Honor pudesse verificar se havia alguma pousada a uma curta distância, Field o puxou para o beco ao lado do bar. Ele se encostou na parede, passou as mãos na frente da jaqueta do alemão e passou a língua entre os lábios. Ele sempre foi um pouco impaciente. Honor não estava se importando com isso.
— Pensei nisso a noite toda, tenente — disse ele, a voz baixa e apenas para os ouvidos de Honor. — Você é bom demais para mim. Eu deveria retribuir o favor?
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FIELDS OF HONOR
RomanceEm um cenário tenso e repleto de adversidades, um tenente e um sargento altamente qualificados têm uma relação cheia de desentendimentos e antipatia. Como membros fundamentais de uma força tarefa especializada em operações delicadas, eles são confro...