O Diagnóstico

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Ela continuou a falar, pensativa:
- Quando o Caíque completou quatro anos, o Jorge se sentiu muito mal, levamos ele às pressas para o hospital mais próximo de Piranguinho, que fica em Itajubá, ao chegar o médico deu uma das piores notícias de toda a minha vida, depois do diagnóstico, o médico me chamou no canto e disse- me:
- A senhora é a única pessoa próxima do senhor Jorge?
- Sim doutor, ele não tem ninguém, somente a mim. O quê aconteceu?
Ela comentou comigo, falando sobre a conversa que estava tendo com o médico:
- O médico, coçou a cabeça e disse para eu me sentar.
Ao sentar, o doutor se aproximou de mim e disse:
- O caso do seu marido é muito grave, ele vai precisar de um doador de uma medula óssea e isso não é nada fácil de se conseguir, mesmo por que a senhora me disse que ele não tem irmão e nem familiares, não é?
Eu olhei para ele, respondendo sua pergunta e fazendo uma outra em seguida:
- Ele não tem familiares e não tem ninguém, mas o que ele tem na verdade doutor?
- Bem...
Ele começou a me falar:
- O seu marido está com LLA, Leucemia Linfoide Aguda.
- O que é Leucemia Linfoide Aguda?
Eu me lembro de ter feito mais esta pergunta e ele me respondeu com toda a calma do mundo:
- Leucemia é o câncer das células brancas do sangue (leucócitos), que começa na medula óssea e se espalha para outras partes do corpo, de origem, na maioria das vezes, desconhecida.
Eu olhei para ele, as lágrimas desciam dos meus olhos e ele continuou a falar:
- As leucemias se dividem nos dois principais grupos de leucócitos:
Leucemia linfoide - Tem comprometimento da linhagem linfoide.
Leucemia mieloide - Tem comprometimento da linhagem mieloide.
Patologicamente a leucemia é dividida em:
Leucemia aguda - Caracterizada pelo crescimento rápido de células imaturas do sangue.
Leucemia crônica - Caracterizada pelo aumento de células maduras, mas anormais.
Isso gera quatro tipos de leucemias:
Leucemia Linfoide Aguda (LLA).
Leucemia Linfoide Crônica (LLC).
Leucemia Mieloide Aguda (LMA).
Leucemia Mieloide Crônica (LMC).
Eu na verdade não estava conseguindo absorver nada do que ele estava falando, aí eu pedi:
- O senhor tem algum site que eu possa entrar para poder entender melhor?
Ele então, pegou uma caneta e escreveu em um receituário o site que fala tudo sobre este assunto, ele me entregou e disse olhando nos meus olhos:
- Além do site, aí está o meu telefone, se souber de alguma coisa que possa nos ajudar, me informe o mais rápido possível. O seu marido vai continuar aqui conosco.
Ela olhava para frente e falava num som claro e alto, dizendo:
- Eu saí dalí arrasada, perdi o chão, o mundo caiu sobre mim de uma só vez...
Peguei em meu celular, enquanto seguia para um canto do hospital, não estava nem conseguindo achar na agenda do telefone o número dos meus pais.
Quando finalmente achei o número do telefone, disquei ainda trêmula e o meu pai atendeu:
- Alô filha, o quê deu?
Meus pais estavam muito preocupados, por isso, perguntou desta forma.
Eu estava em prantos, soluçava de tanto chorar...eu estava inconsolável.
- Papai!
Falei logo que ele atendeu, arrumei forças do além, dizendo ao meu pai:
- O Jorge está com uma doença horrível...
Disse isso e me desabei de novo.
Ouvi papai perguntando do outro lado da linha:
- Como assim, você pode ser mais específica?
Outra vez busquei muita força e disse, após parar de chorar um pouco:
- Após o médico diagnosticar com exames e mais exames, descobriu que o Jorge está com Leucemia Linfoide Aguda, um câncer e que vai precisar de um transplante de medula óssea, só que ele não tem familiares, irmãos e ninguém que poderia doar para ele...
O meu pai amoroso como sempre, tentou me acalmar e disse, com uma voz tranquila e acolhedora:
- Minha filha, tenha calma, o que tiver de ser será, a sua mãe e eu estamos indo aí para ficar com você, dentre alguns minutos estamos chegando...
Com uma voz mais tranquila, disse para o meu pai:
- Está bem papai, obrigada pelo apoio de vocês.
Enquanto papai e mamãe estavam vindo, peguei o tablet e busquei o site que o médico havia me entregado, precisava saber mais sobre esta doença, comecei a ler o seguinte:
A leucemia linfoide aguda (LLA) ou leucemia linfoblástica aguda que é um câncer dos leucócitos caracterizado pela produção maligna de linfócitos imaturos (linfoblastos) na medula óssea.
Na maioria dos casos, a leucemia linfoide aguda invade o sangue com razoável rapidez e pode se disseminar para outras partes do corpo, como os gânglios linfáticos, fígado, baço, sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e testículos nos homens.
Ao contrário de outros tipos de câncer, a disseminação da LLA para outras partes do corpo não significa que o câncer está em estágio avançado, já que a leucemia aguda, quando diagnosticada, é geralmente encontrada em todo o organismo.
Os tipos principais de leucemia linfoide aguda são T e B, por estarem baseados no tipo de linfócito que se tornou canceroso.
As células da leucemia linfoide aguda apresentam características semelhantes as dos linfócitos T ou B normais. Definidas essas características, a leucemia é denominada leucemia linfoide aguda T ou leucemia linfoide aguda B.
Anormalidades Cromossômicas
Alguns pacientes com leucemia linfoide aguda tem uma anormalidade genética conhecida como cromossomo Filadélfia, que é gerada erroneamente durante o processo de divisão celular.
Isto cria um novo gene, que vai produzir uma nova proteína, que por sua vez provoca a produção da enzima tirosina-quinase, que faz com que a medula óssea produza células anormais do sangue.
É importante saber se um paciente é portador do cromossomo Filadélfia, já que isso pode determinar se poderá ser tratado com medicamentos chamados inibidores da tirosina-quinase.
Podem existir outros tipos de anomalias cromossómicas presentes nas células leucêmicas, mas são raros, e não afetarão a forma do tratamento.
A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais.
Por ser um tratamento sistêmico, a quimioterapia atinge não somente as células cancerígenas senão também as células sadias do organismo.
De forma geral, a quimioterapia é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser administrados por via oral.
Dependendo do tipo e do estadiamento da leucemia, a quimioterapia pode ser utilizada sozinha ou combinada com radioterapia.
A maioria dos tratamentos quimioterápicos não atinge as áreas do cérebro e medula, por isso pode ser necessário injetá-la diretamente no líquido cefalorraquidiano para matar células cancerosas nessa área.
A quimioterapia é administrada em ciclos, com cada período de tratamento seguido por um período de descanso, para permitir que o corpo possa se recuperar.
Cada ciclo de quimioterapia dura em geral algumas semanas.
A quimioterapia para a leucemia linfocítica aguda utiliza uma combinação de drogas antineoplásicas, administradas em três fases, geralmente por dois anos.
Os medicamentos quimioterápicos mais comumente utilizados no tratamento da leucemia linfocítica aguda incluem:
Vincristina.
Daunorubicina.
Citarabina.
L-asparaginase ou PEG-L-asparaginase.
Etoposídeo.
Teniposideo.
6-mercaptopurina.
Metotrexato.
Ciclofosfamida.
Prednisona.
Dexametasona.
Possíveis Efeitos Colaterais
Os quimioterápicos não só atacam as células cancerosas, mas também células normais (tratamento sistémico), o que pode levar a efeitos colaterais.
Os efeitos colaterais dependem do tipo de medicamento, da dose administrada e da duração do tratamento.
Os efeitos colaterais comuns à maioria das drogas quimioterápicas podem incluir:
Perda de cabelo.
Inflamações na boca.
Perda de apetite.
Náuseas e vômitos.
Diarreia.
Infecções.
Hematomas ou hemorragias.
Fadiga.
Neuropatia.
Secura nos olhos.
Problemas de equilíbrio e coordenação.
Leucemia mieloide aguda.
Síndrome de lise tumoral.
Estes efeitos são geralmente de curto prazo e tendem a desaparecer ao término do tratamento.
No entanto, mantenha o médico informado sobre qualquer sintoma, pois a maioria desses efeitos pode ser manejada de forma eficaz.
As infecções podem ser muito graves em pacientes em quimioterapia, muitas vezes precisam ser administrados medicamentos conhecidos como fatores de crescimento para ajudar na recuperação dos glóbulos brancos e reduzir a possibilidade de infecção.
Se os glóbulos brancos estão muito baixos durante o tratamento, você pode ajudar a reduzir o risco de infecção limitando sua exposição a germes:
Lave as mãos com frequência.
Evite frutas frescas, cruas e vegetais e outros alimentos que possam conter germes.
Evite contato com flores e plantas.
Certifique-se de que outras pessoas lavaram suas mãos antes de tocar em você.
Evite multidões e contato com pessoas doentes.
No caso em que a contagem de plaquetas se mostre muito baixa pode ser necessária a realização de transfusões de plaquetas para ajudar a proteger contra sangramentos.
A fadiga causada pela anemia pode ser tratada com medicamentos ou com transfusões de sangue.
Se ocorrerem efeitos colaterais graves, a quimioterapia pode ter que ser reduzida ou suspensa por um curto período de tempo.
O Instituto Nacional de Câncer estima para 2014 e 2015, que sejam diagnosticados 9.370 novos casos de leucemias (5.050 em homens e 4.320 em mulheres), incluindo adultos e crianças, no Brasil.
Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,20 casos novos a cada 100 mil homens e 4,24 a cada 100 mil mulheres.
O risco de desenvolver leucemia linfoide aguda é maior em crianças de até 5 anos.
Após essa idade, o risco declina lentamente até a faixa dos 20 anos, começando a aumentar lentamente após os 50 anos. Cerca de 40% dos casos de leucemia linfoide aguda acontecem em adultos.
A maioria dos casos de leucemia linfoide aguda ocorre em crianças, mas, a maioria das mortes pela doença (cerca de 80%) ocorre em adultos.
Isso acontece devido às diferenças da própria doença nas distintas faixas etárias, assim como do tipo de tratamento, uma vez que o organismo das crianças, muitas vezes, pode lidar melhor do que o dos adultos com um tratamento mais agressivo, ou mesmo devido a alguma combinação terapêutica diferente.
O transplante de medula óssea ou transplante de células estaminais, envolve a coleta de células estaminais saudáveis para reabastecer a medula óssea do paciente. As novas células assumem a produção das células sanguíneas.
Em algumas circunstâncias, pode ser possível transplantar a medula óssea de outra parte do corpo do próprio paciente, isto é conhecido como transplante autólogo.
Nestes casos, a medula óssea é tratada, de modo a ficar isenta de quaisquer células doentes antes de serem devolvidas ao paciente.
Um transplante de células estaminais possibilita a administração de doses mais elevadas de quimioterapia, às vezes junto com a radioterapia, para destruir as células cancerígenas.
Após esses tratamentos, o paciente recebe o transplante de células estaminais para restaurar a medula óssea.
Tipos de Transplantes
Os dois tipos principais de transplantes de células tronco são:
Transplante Alogênico - Se as células tronco do próprio paciente não são adequadas para o transplante, será necessário ter um doador saudável, o que é conhecido como transplante alogênico.
Este é o tipo preferido de transplante para LLA.
Transplante Autólogo - No transplante autólogo são utilizadas as próprias células tronco do paciente.
No transplante alogênico, o tipo de tecido do dador deve corresponder ao do paciente para prevenir o risco de problemas com o transplante. Normalmente, o doador é um irmão ou irmã, se tiverem o mesmo tipo de tecido do paciente.
Se não houver irmãos compatíveis, as células podem vir de um doador que seja compatível.
A realização do transplante alogênico é limitado pelos seus efeitos colaterais, que são mais importantes em pessoas mais velhas ou que tenham outros problemas de saúde.
Uma opção para os pacientes que, por alguma razão, não podem realizar um transplante alogênico é o transplante de células estaminais, que utiliza baixas doses de químio e radioterapia, não destruindo completamente as células da medula óssea.
Isto é conhecido como transplante de intensidade não mieloablativa. Este tipo de transplante se baseia nas células do doador para destruir as células leucêmicas, em vez de químio e radioterapia.
Este não é um tratamento padrão para a leucemia linfoide aguda, e ainda está em estudo.
O transplante autólogo pode ser uma opção para os pacientes que não podem realizar o transplante alogênico, por não terem um doador compatível.
Neste procedimento, as células tronco do paciente são tratadas com altas doses de radiação ou quimioterapia para garantir que não existam células cancerígenas.
Aspectos Práticos:
Um transplante de células estaminais é um tratamento complexo que pode causar efeitos colaterais com risco à vida.
Se os médicos acham que um paciente pode se beneficiar de um transplante, o melhor lugar para ser feito é em um centro oncológico, onde a equipe tem experiência com o procedimento e com o manejo de pacientes no período de recuperação.
Dona Wilma citou estas palavras, parecia que estava lendo, estava tudo decorado, eu não posso precisar se foi palavra por palavra, mas, sei que pude entender perfeitamente a doença e seus tratamentos.
Lágrimas rolavam sobre o seu rosto, dava para ver certa tristeza em seu olhar.
Dirigi por uns cinco minutos sem ouvir uma só palavra, nem dela nem minha.
Após esta pausa, ela continua a dizer:
- Assim que eu terminei de ler sobre esta doença e depois de refletir por algum tempo, vi o carro do papai sendo estacionado, desliguei o tablet e fui ao encontro deles, meu coração estava disparado, ao chegar perto deles, eu os abracei e chorei como uma criança.
No caminho, papai havia comprado água e ele pegou a garrafa e disse ao abrir:
- Filha, tome esta água, você está muito nervosa.
Eu peguei a garrafa e tomei a água que eles me trouxeram.
Após ter tomado a água, olhei desesperada, com o rosto banhado de lágrimas, perguntei a eles:
- Por quê logo o Jorge? Uma pessoa sadia e trabalhadora?
Eles me abraçaram novamente e minha mãe disse, ao acariciar os meus cabelos:
- Filha, procure se acalmar, cada pessoa que vem a terra, vem com uma cruz para carregar e pode ser que esta é a dele e temos que estar preparados para ajudá- lo da melhor forma possível e se você estiver assim, desestruturada, você não vai conseguir dar a força que ele precisa neste momento, acalme se por favor.
Após ouvir estas palavras de uma mãe sábia, me acalmei e o meu pai então, perguntou:
- Tive uma ideia, o Caíque pode ser compatível com o pai e poder doar a medula que tanto o pai dele precisa.
Não sei como, mas, o papel que o médico havia dado para mim, estava na mão do meu pai e ele perguntou:
- Este é o telefone de quem?
Eu fui logo respondendo:
- Do doutor que está tratando do Jorge.
Assim que eu acabei de dizer, meu pai puxou o seu celular do bolso e começou a discar, ouvi ele falando:
- Doutor Lisboa, aqui é o sogro do paciente Jorge, eu estou te ligando para te dizer que ele e minha filha tem um filho de quatro anos, que possivelmente pode ser um doador da medula que tanto ele precisa, visto que ele não tem irmãos.
O doutor Lisboa, disse ao meu pai, e eu ouvi tudo, pois, o meu pai estava com o celular no viva voz:
- Nossa! Que bom! Eu tinha falado com a sua filha, dona Wilma e ela não tinha me falado, vou precisar pegar um material dele o mais rápido possível.
O meu pai desligou o celular e me perguntou:
- Por quê filha você não falou do Caíque, ele pode ser a salvação do pai dele, por quê você escondeu isso?
Fiquei um pouco sem jeito e pensei um pouco e respondi em seguida:
- Não escondi o Caíque do doutor, simplesmente estava muito nervosa e nem pensei nesta possibilidade...
Meu coração disparou...
Depois dela ter falado estas coisas, levantei o pescoço um pouco e olhei para o Caíque, ele estava dormindo, parecia muito cansado.
Neste momento, pude observar que o Caíque ainda parecia que tinha quatro anos e perguntei:
- O Caíque tem quantos anos hoje?
- Bem, ele ainda tem quatro anos, está quase completando cinco anos.
- Ele é muito lindo.
Comentei.
Aí eu quis saber o desfecho da nossa conversa e perguntei:
- Então, o seu filho foi compatível com o pai dele?
Ela se entristeceu muito ao ouvir a minha pergunta e falou:
- Após ter esta conversa com o meu pai, fomos ao carro e meu pai nos dirigiu, sem dizermos uma palavra até onde estava o Caíque; ele já estava arrumado, sem ao menos desligar o motor do carro, ele desceu e rapidamente pegou o Caíque e o colocou dentro do carro e voltamos sem conversarmos novamente, eu estava muito apreensiva, preocupada com os resultados, será que não ia dar nenhum problema para o meu filho se submeter a esta doação?
Na verdade, não importava o que eu pensava, o meu pai estava disposto a salvar o pai do Caíque, se este fosse o meio mais rápido e tranquilo para o Jorge.
O meu coração estava acelerado demais da conta, não estava cabendo mais dentro do meu peito.
Meu pai entrou levando Caíque no colo, sua determinação era movida por uma desejo de cura do pai de seu neto.
Eu, na verdade, não tinha nenhuma esperança na possibilidade do Caíque ser um doador em potencial, meu coração dizia isto.
Mesmo que eu tentasse ser positivista e quisesse que o Caíque fosse um doador positivo ao seu pai, o coração de mãe dizia exatamente ao contrário e era algo que não estava em meu controle, sentia isso e pronto.
O meu pai e o Caíque, ficaram lá dentro por horas e minha mãe e e eu ficamos aqui fora, andando de um lado para o outro, ansiosas pelo que estava por acontecer, mas, com muita vontade que tudo se resolvesse logo.
Unhas? Minha mãe e eu já não tínhamos mais, fome? Nem pensar, sede? Muito menos, só queríamos que tudo voltasse ao normal, mas, conforme as horas iam passando, as possibilidades pareciam que estavam acabando.
O celular do meu pai estava desligado, não tínhamos informações do que estava acontecendo, as vezes que fomos ao balcão de informações, foram inúteis, pois, ninguém nos dava informações que queríamos, sempre nos mandando aguardar os procedimentos, isso era muito angustiante e estava corroendo com a minha mãe e comigo.
Mas, as coisas muitas vezes acontecem, para nos ensinar algo que está nos faltando, talvez em mim seria a paciência, a fé...o amor...
É somente sentindo na pele que damos valor nas coisas e pessoas, assim foi comigo, minha visão das coisas começou a ampliar daquele momento em diante, pude ver como o meu filho era importante para todos nós, assim como éramos importantes para ele também.
As famílias não existem por acaso, elas estão aqui para um sábio propósito daquele que nos criou.
Dona Wilma olhou para mim e com uma voz firme, disse:
- É por isso, senhor Sérgio, que hoje movemos os céus e a terra para buscar o Caíque e para isso, uma coisa tem que ser muito forte, o amor...
Ela parou um pouco, parecia que estava medido as palavras e continuou, dizendo:
- Sem o amor nada disso estaria acontecendo hoje, eu não poderia ter saído de onde sair, sem o amor, a tia Lourdes também não poderia estar lá, naquele casebre ajudando o Caíque, sem amor, o senhor não estaria aqui hoje nos ajudando, saiba que o senhor foi escolhido a dedo, foi escolhido por que é um homem do bem, não foi por acaso, nada é por acaso...
Ao ouvir estas palavras dela, fiquei a pensar, que tudo o que ela está falando, faz sentido, eu não sei de onde ela teve que sair, não sei de onde a tia Lourdes teve que vir, mas, sei que tudo favorecia para eu estar trabalhando hoje, levantei bem disposto, animado para trabalhar mais um dia.
As palavras de dona Wilma eram penetrantes, gostosas de se ouvir, apesar de ser uma voz rouca e aparentar ser de pessoa com mais idade.
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Será que estamos dando o devido valor as nossas famílias, o que temos feito para eles se sentirem mais amados e felizes ao nosso lado?
O que estamos fazendo está atraindo eles para perto de nós, ou o que estamos fazendo está distanciando eles de nós?
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Os Segredos Por Trás Dos VultosOnde histórias criam vida. Descubra agora