Pesadelo

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Eu estava no meio da floresta, aparentemente sozinha, mas eu sabia que eles estavam ali. Comecei a ouvir passos e respirações pesadas ao meu redor, era só uma questão de tempo até eles atacarem. Um lobo cinzento saltou da vegetação, pronto a atacar, eu não teria força pra lutar com ele, eu ia morrer! Mas...ele não me atacou, saltou em cima de uma rapariga de cabelo platina e uns olhos castanhos avermelhados que apareceu a trás de mim do nada, eu estava em pânico. Mais dois lobos saíram da vegetação, um preto e outro castanho claro, e correram a ajudar o primeiro a lutar contra a rapariga, que tinha uns dentes incrivelmente afiados.
Acordei coberta em suor, olhei para o despertador, 6:15. Tomei banho e vesti-me, desci para tomar o pequeno-almoço, mas não consegui comer nada.

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Caroline acercou-se surrateiramente de mim enquanto tirava os livros do cacifo e "gritou-me" ao ouvido:

-E então, a menina já falou com ele?- estremeci e reprimi um grito- Care! Vais parar com isso?- Fechei o cacifo e avancei pelo corredor, ela seguiu-me:

-Desculpa, é mais forte do que eu mas não desvies do assunto- "Cusca" pensei- Já, já falei- ela ficou estérica, "por favor, poupa-me desse drama de adolescente":

-Conta-me, por favor- só lhe faltava por-se de joelhos- Ele levou-me a casa, OK?- ela encenou um desmaio.

-E o que é que te disse?-Meu Deus, que entusiasmo o dela!

-Apresentou-se- tentei não soar desanimada. Ela não estava convencida.

-Oh, vá lá, conta!

-Já contei.

-Mas não tudo- parei e encarei-a:

-Sim Care, eu disse-te tudo- ela ficou desanimada:

-Não te disse mais nada mesmo depois de te deixar em casa?

-Talvez dissesse, mas aconteceu uma coisa estranha...

-Que tipo de coisa?

-Um uivo, parecia um lobo em sofrimento- Ela soltou uma risadinha:

-Alguém andou a dormir nas aulas, já não há lobos aqui- eu não retorqui, sabia que ela começaria com os seus factos científicos e sabe-se lá mais o quê, mas eu sabia o que tinha ouvido...e era um lobo! Decidi também que não lhe contaria que ele havia desaparecido após isso, provavelmente ele estaria na cantina à hora de almoço e eu iria perguntar-lhe se estava bem.

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Procurei-o com os olhos na cantina, mas ele não estava lá, já estava a ficar preocupada, ele tinha desaparecido na floresta e agora não tinha vindo à escola. " Ah, Dean, onde estás? ". Care reparou no meu olhar, mas não me perguntou nada, devia ter percebido o porque de eu estar assim, embora não soubesse da pior parte. Peguei no tabuleiro e apenas escolhi sopa, devia estar faminta, afinal não comia desde que tinha acordado, mas tinha um nó na garganta. Quando nos sentamos Care pôs em prática o seu plano para me animar:

-Então, eu estava a pensar que podíamos fazer uma sessão de cinema lá em minha casa hoje, amanhã é dia de aulas mas poderia ser divertido, o que achas?- Ah Care, o que era de mim sem ela? Não há melhor amiga no mundo:

-Parece-me bem- nesse momento uma rapariga alta de cabelo castanho claro e olhos âmbar chegou à nossa mesa. Usava calções curtos de ganga e uma blusa azul marinha, colocou as mãos na cintura e tentou fazer uma cara de má:

-E estão a planear fazer isso sem mim?

-MEU DEUS, HALLEY!!- Care e eu disse-mos, ou melhor, gritamos isto tao sincronizado que não teria saído melhor se tivéssemos ensaiado durante semanas a fio. A nossa melhor amiga havia estado numas férias tardias e, como resultado, havia perdido o primeiro dia de aulas. Lançamo-nos as duas a ela. Toda a gente estava a olhar pra nós, mas que se danasse! Foi a melhor coisa que me podia ter acontecido naquele dia, ajudou-me a não pensar no Dean e hoje à noite ela ia nos contar como foi a viagem, sem deixar nada para trás!

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-Querida, viste o meu vestido azul?- Chamou a voz da minha mãe do cimo das escadas.

-Não mãe, não vi.

-O quê?

-NÃO VI- juro que a minha mãe esta a ganhar problemas auditivos!

-OK, acho que levo o vermelho então.

-Mãe já estou atrasada, vou pra casa da Care, chau.

-O quê?- não disse?

-VOU PRA CASA DA CARE, CHAU!

-Ah OK, diverte-te!

Fechei a porta atrás de mim e sai para a rua, acontece que não sabia se os meus pais me iriam deixar dormir na casa da Care durante a semana, mas eles festejavam hoje o aniversário de casamento deles por isso até ficaram mais aliviados ao saberem que eu não ia estar sozinha. Como estava frio aconcheguei-me melhor no casaco e continuei a andar .Mas detive-me a olhar pra casa de Dean do outro lado da rua, suspirei, virei-me pra continuar o meu caminho. Senti-me ser observada e olhei para trás.

-Ahhhhhh!!

-Calma! Sou eu!-la estava ele, Dean, acabadinho de sair de Asgard! Parecia estar bem então por que carga de água é que tinha desaparecido?

-Mas que porra é que foi aquela ontem? E por que é que não foste à escola?- Pois é, quando me assustam eu fico má... Não me assustem!

-Ah ontem...pois bem...

-Eu ouvi um lobo uivar- ele ficou ainda mais desconfortável, eu semicerrei os olhos encarando-o.

-Lobos? Não há lobos aqui Claire, foi só o meu cão- Engole essa se quiseres mas eu é que não!

-Cães não uivam assim e mesmo que uivassem era motivo pra saires assim a correr?- O meu telemóvel começou a tocar no meu bolso, mas eu ignorei-o.

-Sim, era um uivo aflito, ele...magoou-se na floresta- Ele já nem me olhava nos olhos, não sou assim tao fácil de enganar!

-E como é que ele se magoou? Posso saber?- Ele pareceu ficar irritado, o telemóvel silenciou-se no meu bolso.

-SEI LÁ! EU NÃO ESTAVA LÁ POIS NÃO?- Recoei dois passos. Era assim que ia ser?

-OH DESCULPA SE ESTOU PREOCUPADA PORQUE ONTEM DESPARECES-TE DO NADA E HOJE NAO FOSTE À ESCOLA!- Ele pareceu ficar mais zangado ainda.

-ENTÃO NÃO TE PREOCUPES! SE FICARES LONGE DE MIM, PROVAVELMENTE MAIS TEMPO VAIS VIVER UMA VIDA NORMAL- Os olhos dele começaram a brilhar numa cor parecida com ouro derretido, ele estava furioso.

-Os...os teus olhos!- Ele pareceu alarmado, virou-se escondendo a cara de mim e respirou fundo.

-Não é nada!

-Como assim não é nada? Eles estavam dourados!!!- Ele olhou o
para mim com os olhos castanho escuros do costume:

-Já disse, não é nada! É só o reflexo da luz do candeeiro!- O meu telemóvel voltou a tocar- É melhor ires-disse apenas.
OK, eu já não estava a perceber nada, reflexo o tanas! Ele tinha um segredo e eu ia descobrir, mas não agora. Virei-me dramaticamente e caminhei a passo de corrida enquanto atendia o telemóvel:

-Oh meninas, como eu preciso de vocês!

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