O Segredo Deste Rapaz

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" Querido, diário:

São quatro da manhã e eu estou em casa da Care. Estou a escrever com a ajuda da luz do telemóvel para não as acordar. Eu nem sei o que escrever! Sabes aquele rapaz de que te falei, o Dean? alguma coisa errada com ele, ele tem um segredo. E eu vou descobrir! Não deve ser nada de bom por que ele passou-se assim que comecei a dar-lhe a entender que sabia que ele estava a mentir. Também não acho que ele seja um psicopata, mas que algo de errado . Daqui pra frente estou em missão. Dean, prepara-te, porque eu vou descobrir tudo!"

Fechei o meu diário e guardei-o, deitei-me esperando o sono chegar. Hmm, não! Ainda estou acordada. Mas o que é que ele queria dizer com "...provavelmente mais tempo poderás viver uma vida normal"? Não, não vou conseguir dormir por isso vou fazer algo de útil! Algo que me fará parecer um tanto quanto desesperada, mas ninguém vai descobrir.
Levanto-me sem fazer barulho e visto-me, olho pras minhas amigas a dormir tranquilamente e desço pela janela do quarto da Care, sorte a minha que ela tem uma casa térrea!! A Care vivia a um quarteirão de mim e, consequentemente, de Dean. Não sei bem o que é que vou encontrar, provavelmente ele estará simplesmente a dormir com a janela fechada, mas nunca se sabe.
Assim que cheguei apercebi-me de que não fazia a minima de qual quarto era o quarto dele, mas também não importava porque todas as janelas estavam fechadas. Estava-me a preparar para ir para casa da Care novamente quando ouvi um barulho vindo da floresta atrás da casa de Dean. Uma pessoa minimamente inteligente teria fugido dali pra fora mas eu estava curiosa " A curiosidade matou o gato!", teimou a minha cabeça em me avisar, mas eu fui ver ainda assim.
Pareciam sussuros, mas eu não via ninguém.

-Claire!!!- Sussurou a voz. OK, eu estava oficialmente com medo! Virei-me pra correr dali pra fora mas senti uma mão agarrar o meu tornozelo fazendo-me cair. Eu gritei na noite escura e gelada enquanto o que quer que fosse aquilo me puxava. Tentei fincar as unhas no chão, mas o ser a quem pertencia aquela mão era muito mais forte do que eu. Contorci-me violentamente e gritei, a criatura estava agora a puxar-me pelos cabelos e virou-me pra me encarar. Era uma rapariga! Mas não qualquer rapariga, a rapariga do meu pesadelo! Ela não parecia ser muito mais velha que eu e sorria-me com aqueles caninos incrivelmente afiados. Ela era...uma vampira? Voltei a gritar e ela apertou-me o pescoço:

-Shhhh- disse ela com um sorriso radioso nos lábios enquanto me asfixiava- Não vai doer nada.- A rapariga dos cabelos platina aproximou os caninos afiados no meu pescoço. Nunca havia sentido uma dor tão forte! E enquanto ela bebia o meu sangue eu sentia a minha vida a esvairsse. Parei de lutar, não valia de nada, ela era dez vezes mais forte que eu! Pensei nos meus pais, que chegariam a casa e não me procurariam, pois pensariam que eu estava em casa da Care. Pensei nas minhas amigas, que acordariam e não saberiam de mim. E pensei em Dean...nunca descobriria o seu segredo! Mas de repente ela foi afastada de mim, atirada ao chão por um lobo preto, eu queria correr, mas não tinha força para isso, mas não me ia limitar a ficar ali! Se não podia correr ou andar então rastejaria dali pra fora! Enquanto eu me arrastava pelo chão ouvi a rapariga ou lá o que era a soltar um grito horrível. Comecei a sentir a minha cabeça a latejar. O lobo preto aproximou-se de mim e olhou-me com uns olhos castanho escuros que eu conhecia-a:

-D-Dean?- É a última coisa de que me lembro antes de apagar.

*★*★*★*★*★*★*★*★*

Acordei num quarto pintado de branco com soalho de madeira, estava deitada sobre o edredão azul marinho da cama, ao lado desta estava uma cadeira onde Dean se encontrava sentado, assim que me viu acordada virou-se pra mim:

-Claire? Estás bem?- a minha cabeça estava a mil, era isso, tinha de ser! Fora só mais um pesadelo, tinha de ser!!!

-O...o que se passava com aquela rapariga- Dean suspirou e passou as mãos pela cara, obviamente preferiria não falar no assunto, mas deve ter chegado à conclusão de que eu merecia saber, porque disse:

-Claire... Ela não era uma rapariga...era um monstro... Uma vampira- Devo ter ficado branca como a neve porque ele perguntou-me se ia desmaiar outra vez:

-Não, eu estou bem. Sabes? Não, não estou! Vampiros não existem! Não podem existir!- Ele olhou-me com compaixão.

-Não Claire, infelizmente eles existem.- Senti o meu mundo desabar. Ele tinha-me acabado de revelar que eu não vivia no mundo em que pensava viver!

-Mas...- não valia a pena negar os factos, eu havia visto com os meus próprios olhos- Eras tu...o lobo?- Ele fitou o chão durante alguns segundos e acenou que sim. Demorou alguns momentos enquanto ganhava coragem e depois encarou-me:

-Claire...eu sou um lobisomem- Não, por favor diz que não é verdade! Eu desci da cama e recuei até ao parade do lado oposto ao dele.

-Não, Claire. Por favor não tenhas medo. Nós não atacamos humanos.- Ele tinha um olhar suplicante e eu não li ali nenhuma agressividade por isso aproximei-me lentamente e sentei-me na borda da cama ao lado dele.

-Preciso que me expliques- ele anuiu.

-E fá-lo-ei, mas perdeste muito sangue, precisas de comer.- Ele guiou-me escadas abaixo até à cozinha, onde me preparou um sande que devorei com um apetite voraz, assim que acabei lancei-me ao interrogatório:

-Como é que te tornas-te um...lobisomem?- Costou-me realmente dizer a palavra "L".- Foste mordido por um lobisomem ou um lobo ou...

-Não, não é assim que as coisas funcionam- explicou- É hereditário, passa de pais para filhos e ocasionalmente, quando o gene salta uma geração, para netos. No meu caso é a minha mãe.

-A lua cheia?

-Isso eu gostaria de dizer que não é assim mas não posso, nós podemos transformar-nos quando queremos mas durante a lua cheia perde-mos o controlo.- ele deve-me ter visto perder a cor, porque apressou-se a continuar- Claire a ti não te magoariamos.

-Porquê?- ele ficou constrangido e não respondeu- Porquê?- insisti

-Porque não atacamos outros lobisomens.

-O quê? Não eu não sou uma lobisomem!- ele suspirou, não me queria trazer para aquele mundo:

-Sabes como é que o teu avô paterno morreu?

-Ataque animal, a policia disse que provavelmente foi um puma.- ele balançou a cabeça negativamente.

-A policia encobriu porque não tinham respostas e não queriam alarmar as pessoas- olhou-me demoradamente, enquanto escolhia as palavras- Ele era o alpha da nossa alcateia, Claire. Ele morreu a proteger-nos contra os vampiros.- Senti-me a ficar sem chão- O teu pai não recebeu o gene, mas tu sim. Se o ativares tornar-te-ás uma lobisomem.- Não escolheu propriamente as melhores palavras, senti-me ficar zonza.

-Como é se ativa o gene?- ele balançou a cabeça:

-Não Claire, é melhor não saberes.

-Dean! Eu preciso de saber o que é que não posso fazer!- ele suspirou.

-Alguém precisa de morrer por tua culpa.

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