Mentiras

14 0 0
                                    

Ele acompanhou-me até casa da Care, elas ainda dormiam. Ainda faltava uma hora para nos levantar-mos. Deitei-me a olhar pro teto "Alguém precisa de morrer por tua culpa." as palavras de Dean ecoavam ma minha mente, alguém precisava de morrer por minha culpa, mas ele havia dito que não precisava de ser proposital, bastava um acidente de carro e...Não, não podia pensar nisso agora. Mas havia algo mais a perturbar-me, eu perguntara se o meu pai sabia e ele anuira. Como podera o meu pai esconder isto de mim? Ele mentiu-me sobre a morte do meu avô e não me contara sobre o risco que corria!! Será que ele também tinha mentido de todas as vezes que disse que me amava? Quando chegasse a casa depois da escola iria confrontá-lo.

*★*★*★*★*★*★*★*★*★*

Eu estava a dirigir-me pra minha mesa do costume quando reparei que Dean me acenava para que fosse ter com ele:

-Olha quem tem um encontro e não nos disse nada!- disse Care virada pra Halley. As duas riram-se e eu fulminei-as com o olhar antes de lhes dar as costas e ir ter com Dean:

-Estás bem?- perguntou.

-Psicologicamente ou fisicamente?- ele olhou-me com um olhar compreensivo:

-Olha...ontem, quando te disse que o teu pai sabia, tu pareces-te ficar chateada, mas eu tenho a certeza de que ele só te mentiu para te proteger.

-Proteger? O quê? Se ele me tivesse contado eu teria evitado sair à noite por causa dos...-olhei à volta e reduzi a minha voz a um sussurro- dos vampiros, e também teria estado mais atenta e fugido de todas as situações potencialmente perigosas em que alguém estivesse comigo!

-Talvez ele estivesse a tentar proteger-te da paranóia!!- eu não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir!

-O que é que estas a insinuar?

-Claire olha pra ti! Estas completamente histérica e esses olheiras, quanto é que tens dormido nos últimos dias?- como é que ele podia ser tão insensível? O meu mundo tinha colapsado, será que ele não entendia isso?

-É bom saber que é isso que pensas!- olhei-o com uma cara de desprezo e sai a correr, ouvi-o chamar-me mas só parei de correr assim que passei dos portões da escola. Dirigi-me ao parque urbano e sentei-me num banco de jardim com os joelhos ao peito e a cabeça entre eles. Sempre achei que a auto comiseração era para fracos, mas acho que mudei de ideias! Fiquei assim durante uns bons quinze minutos até que vi alguém sentar-se na outra ponta do banco através do canto do olho:

-Estás bem?- era o que mais me faltava!

-Da última vez que me perguntas-te isso não correu muito bem!

-Claire tens de admitir...- a sério? Ele vai mesmo chamar-me paranóica outra vez? Eu acho que não!

-É assim tão mau ser um lobisomem?

-Porque é que perguntas?

-Porque estou prestes a matar-te!!! Seu idiota!- rosnei-lhei, ele ia dizer algo mas apercebeu-se de que eu estava a falar a sério e levantou-se.

-Claire, HUMPF- ele perdeu o fôlego assim que lhe acertei um soco forte no estômago e dobrou-se sobre si mesmo- Claire...- disse a custo- Acredita, irritar alguém como eu não é uma boa ideia.

-Oh, porquê? O lobo mau não consegue ouvir as verdades?- eu estava completamente fora de mim.

-É o teu gene de lobisomem que faz com percas o controlo, mas comigo é ainda pior. Por favor, não me provoques.

-"Oh, não me provoques!!!"

-Para- ele rosnou-me com os olhos a adquirirem uma cor de ouro derretido. Mas eu não conseguia, algo dentro de mim queria espicaça-lo, queria violência. Uma parte de mim que eu não conhecia e preferia que se tivesse mantido assim.

-O que? Achas que não posso contigo- empurrei-o. Foi a gota de água, num piscar de olhos Dean havia desaparecido e no seu lugar estava o lobo preto que eu vira no meu sonho e que me salvara na noite passada. Mas desta vez ele queria me atacar, e não proteger. Larguei a correr, mas eu sabia que ele era muito mais rápido que eu, por isso subi à primeira árvore que encontrei, o lobo preto saltava tentando alcançar-me mas a árvore era alta de mais. PARA TUDO!!! Alta de mais, eu tenho imensas vertigens! Olhei para o chão que parecia oscilar, senti-me ficar zonza e agarrei-me desesperadamente ao tronco cerrando os olhos.

Não tinha ideia de quanto tempo havia passado, mas parecia-me uma eternidade quando finalmente ouvi a voz de Dean:

-Desculpa.- havia uma arrependimento palpável na sua voz- Eu não queria...mas nós somos muito temperamentais.

-Eu também não devia ter provocado.- disse sem abrir os olhos.

-Acredita, não é culpa tua, não precisas de ativar o gene para teres o temperamento de um lobisomem. Já podes descer.

-Não, não posso! Tenho vertigens!!!

-Então deixa-te cair, eu apanho-te.- É que nem pensar! Eu não me queria estatelar no chão, ele podia-me deixar cair!

-Estás maluco?

-Eu apanho-te, não tenhas medo.- eu não queria cair, mas também não queria ficar ali em cima para o resto da vida, por isso, com muito custo, deixei-me cair. Estava quase à espera de realmente cair no chão, mas ele apanhou-me:

-Agora- disse ele- tenho que te ensinar como controlar essa raiva- não contestei.

Os Filhos Da Lua Onde histórias criam vida. Descubra agora