Lua Cheia

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A conversa com o meu pai fora difícil. Assim que decidira ficar ligara-lhe. Devem pensar que sou insensível por lhe ter contado por telefone, mas eu não teria sido capaz de o encarar. Eu amava o meu pai e a minha mãe! E agora estava a deixá-los para proteger pessoas que conhecia à poucas horas. Mas havia um sentimento de obrigação dentro de mim. Eu tinha de proteger estas pessoas! A minha mãe ainda pensava viver num mundo onde a ciência é capaz de explicar tudo, o meu pai teria muito que explicar. No final, após aceder ao meu pedido apenas disse:

-Tem cuidado filha!

-Terei pai. E prometo que voltarei para casa em menos de nada.

-Não filhota, não voltas. Vais à guerra meu amor, provavelmente vais ativar o gene, mas mesmo que não o faças eles querer-te-ão ao seu lado. Mas não te preocupes, eu sei que é o que tens de fazer, segue o teu instinto e o teu coração, e vem visitar-nos.- depois disto desfiz-me em lágrimas, mas ainda tinha de falar com Care e Halley.

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Tens a certeza de que é seguro?- Fazia já três dias que eu vivia na grande casa branca do meu avô, com a alcateia. Hoje seria a minha primeira Lua Cheia com eles.

-Sim Claire, tens o gene, não te magoaremos, és uma dos nossos.
 
-Ok, então.- mas eu não podia deixar de estar nervosa. Sentei-me numa clareira encostada a uma árvore. A Lua estava linda e prestes a atingir o seu pico. De alguma forma, desde que viera viver com eles, os meus sentidos aguçaram-se, embora que ligeiramente. Consegui ouvi-los falar mais ao longe na floresta expessa. Assim que se transformassem viriam ter comigo. Encostei a cabeça à árvore e olhei a Lua pacientemente. Como ela atingisse o seu pico comecei a ouvir rosnados graves. Coloquei-me de pé, num piscar de olhos um grande lobo preto de olhos cor de ouro derretido (Dean havia-me explicado que os olhos dos lobisomens apenas ficavam dourados quando estavam fora de controle, durante a Lua cheia estavam sempre dourados), não senti medo, ele não me rosnava nem nada, apenas olhava para mim com aqueles olhos desconhecidos. Coloquei-me de joelhos para ficar ao seu nível e toquei-lhe ao de leve a pelagem negra atras das orelhas, ele não se mexeu. Passei-lhe a mão a todo o comprimento da coluna e ele deitou-se, com a cabeça sobre as minhas pernas. Não tardaram a chegar os outros lobos, cada qual com a sua coloração, que variava desde preto a cinza claro. John dissera-me que o meu avô havia sido o único lobo branco da alcateia. Olhavam-me com aqueles olhos de uma cor bizarra e ao mesmo tempo linda, levantaram as cabeças e lançaram um uivo aos céus, ao qual Dean se juntou. Não os conhecia à muito mas, naquele momento, soube que morreria para os proteger.

Acordei com uma dor de costas terrível, dormira ali mesmo, no chão da clareira. Todos os lobos haviam desaparecido para as suas casas, exceptuando Dean, que dormia mais à frente no chão, na sua forma humana. Levantei-me e fui até ele, abanei-o devagar:

-Hey, Dean!- chamei baixo. Ele soltou um grunhido ensonado e abriu os olhos para mim:

-Claire?

-Anda lá, estas a dar cabo das costas.- ele encolheu os ombros.

-Que se lixe. Tenho um "fator de cura" de meter inveja ao Wolverine.- ri-me.

-Anda lá.- incitei. Ele levantou-se e encaminhamo-nos para casa.

-Claire!- virei-me e vi John com um olhar de preocupação no rosto.- Temos de falar.

-Claro.-anui, ambos entramos na antiga casa do meu avô que agora me pertencia, e sentamo-nos na cozinha, de frente um para o outro.

-Claire...-principiou- Eu sei que ainda não és a alpha, mas eu já não sei o que fazer! Ontem à noite eu senti o cheiro dos Caçadores no limite do nosso território. Eles sabem onde estamos.- eu estava em pânico, mas não podia deixar transparecer. 

-Quanto tempo acha que falta até eles lançarem o seu ataque, John?

-Eu diria que no máximo dois dias.

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