Os Filhos Da Lua

O Uivo Da Perda

A alcateia estava em alerta máximo. Eu não era realmente a Alpha deles, nas eles confiavam em mim e acatavam as minhas ordens. Colocara grupos de patrulha a rondar o território da alcateia cinco vezes por dia, qualquer sinal suspeito eles uivariam para nos alertar. Havia discutido muito com Dean acerca da minha participação na batalha. Ele defendia que eu já havia feito muito por eles mas que não era seguro lutar com os Caçadores, uma vez que não tinha o gene ativo. Eu relembrava-lhe, que, tal como ele havia dito, eu era mais forte do que qualquer humano e que me sabia proteger. Resignado ele acabara por me levar até John, para que este me ensinasse a usar armas de fogo, mas eu não me ajeitara com nenhuma, até que vi um arco e flecha. Nunca havia usado um na minha vida, mas tinha um talento nato inegável:

-YAAA, TOMA LÁ!!!- gritara eu entusiasmada, após ter conseguido a proeza de rachar ao meio uma primeira seta que estava no exato centro do alvo. John sorrira com aprovação mas Dean mantinha-se cauteloso:

-Não dispares pro peito ou para a cabeça, atrasa-os apenas ate os matar-mos. Promete que vais ter cuidado para não os matar!- Os olhos deles deixavam transparecer medo e eu prometera. Neste momento estou a praticar com o arco enquanto espero o regresso da quarta patrulha do dia. Durante a noite os grupos de vigia revezariam-se, de maneira a nunca deixar o território desprotegido. Estava a preparar-me para deixar a próxima seta voar quando sinto o meu telemóvel vibrar no meu bolso. Pego nele e olho para o ecrã.  A receber ligação: Pai. Atendo:

-Olá pai, está...

-Olá Claire!- uma voz que eu não conhecia saudou-me do outro lado. Conseguia ouvir barulhos abafados, como se alguém amordaçado estivesse desesperadamente a tentar falar.

-Quem é você? Por que está com o telemóvel do meu pai?- Disse ameaçadora.

-Bem, isso não é exatamente um "olá", mas...- dava para perceber pela sua voz que estava a sorrir, um sorriso diabólico.- Sabes, eu estava a pensar que podíamos fazer todos um jantar ca em casa, para nos conhecermos melhor.- soltou uma gargalhada diabólica.- Só não sei se o teu pai vai conseguir comer assim amordaçado.

-Não lhe toques!!!! Quem és tu e o que queres?!!!- gritei.

-Eu? Eu não quero nada!- fingiu-se ofendido e depois soltou um riso abafado.- Colocaste a tua alcateia inteira a procura de mim e dos meus Caçadores e nem sabes o meu nome!- disse com desprezo.

-Não toques no meu pai!!!- berrei-lhe.

-Claro que não! Desde que chegues antes do jantar arrefecer!- disse sarcástico- Oh, e o meu nome é Dylan.- senti o meu sangue ferver de raiva e atirei o meu telemóvel contra uma árvore, fazendo-o partir-se em pedaços. Ele ia ver! Ninguém tocava no meu pai! Peguei no meu arco e nas minhas flechas, abri a garagem e entrei para o meu carro. Aguenta-te pai, estou a chegar, e acelerei ate casa do meu pai.
Estava tudo muito sossegado, o que não era bom. Peguei no meu arco e numa flecha, Dylan não me apanharia desprevenida. Deitei a mão à porta, estava destrancada. A voz de Dylan chegou-me da cozinha:

-Ah olá, Claire! Espero que gostes macarrão com queijo- disse enquanto pousava uma travessa na mesa cuidadosamente posta.- Espero que pouses as armas antes de te sentares, não é de bom tom trazer objetos perigosos perigosos para a mesa.
Acabei de percorrer o corredor e vi o meu pai na sala de jantar, estava amordaçado e amarrado a uma cadeira, conseguia ver vários hematomas e cortes na sua cara e havia uma mancha de sangue crescente na sua camisola:

-Pai!!!- ele abanou a cabeça freneticamente, avisando-me para não me aproximar. Eu sabia que era uma armadilha, mas tinha de o ajudar! Enquanto corria para ele senti umas mãos agarrarem-me os ombros fazendo-me cair de costas. Ele arrancou o arco da minha mão, mas antes que pudesse tirar-me a flecha também eu espetei-lha na perna, ele gritou de dor e soltou-me. Levantei-me e corri até à cozinha onde peguei numa faca: