Nosso primeiro enconto.

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Sábado, 5 de setembro de 2015.

Hey amor, como você está? Eu sei que estamos passando por um momento difícil, sei o quanto você está sofrendo com tudo isso só de olhar nos seus olhos... Nossos últimos dias estão sendo contados, infelizmente, mas eu sempre te falei que iria estar com você pra sempre, lembra? Eu prometo a você que vou cumprir o que disse. Mas eu quero que você me prometa uma coisa em troca, ok? Quando eu der meu último suspiro e meu coração bater pela última vez por você e por Adam, quero que me prometa que se permitirá sentir, amor. Não estou dizendo que quero que você fique mal e coisas do tipo, só quero que você sinta. Se sentir vontade de chorar, chore; Se sentir vontade de gritar, grite; Se sentir vontade de fazer uma festa por estar se livrando de mim, faça. Não importa o que seja, Charlie, só quero que você se permita sentir. E que se for pra doer, sinta a dor até o último, pra quando superar, cuidar do nosso pequeno como sempre fez e ser o herói que sempre foi pra nós dois.

Meu sangue de escritora não quis me deixar quieta, então essa ideia surgiu de repente, mas eu achei uma boa, ainda mais porque você pode mostrar ao Adam quando ele crescer e sofrer pelo primeiro coração partido, só para que ele não desacredite do amor, porque venhamos e convenhamos, amor do caralho esse nosso, né?! Chega de papo, vamos a primeira carta. (PS: espero que chore lendo, obrigada, de nada.)

Você lembra da primeira vez que nos vimos? E do nosso primeiro encontro? Provável que não, mas eu lembro. Dos dois.

Eu havia acabado de chegar na cidade, era meu primeiro dia na escola, estava mais nervosa que tudo, mas por um milagre, Emily já era destinada a ser importante na minha vida desde lá, igual a você. Ela veio falar comigo e me apresentou aos amigos dela. Confesso que nunca gostei muito deles, mas aturava por ela. Apresentou a escola, a nossa sala e os grupos que eu não deveria me meter ou querer fazer parte e por ironia do destino, você fazia parte de um desses grupos. Nossa história é até um pouco clichê, não? Ainda bem que sempre fui amante de um bom e velho clichê.

Quando Emily mostrou a mesa do seu grupo, seu olhar se cruzou com o meu e eu já soube dali que você era problema. Lembro como se fosse hoje: você usava uma regata preta só pra deixar a mostra a única tatuagem que tinha – e se achava por isso –, seu cabelo era mais curto e estava penteado pra trás, mas o fato principal era que Julie estava no seu colo. E mesmo com Julie no seu colo, você não tirava os olhos de mim. Sinto até hoje o mesmo efeito que seu olhar sempre me causou. Como você consegue manter o mesmo efeito em mim como se tudo fosse sempre a primeira vez?

Sentei em uma mesa um pouco afastada da sua, mas dava pra te ver perfeitamente de lá e você também conseguia me ver. E não tirava os olhos de mim. Droga, você sabia que quase me fez cavar um buraco e me enfiar? E sem tirar os olhos de mim – preciso enfatizar sempre que você NÃO TIRAVA OS OLHOS DE MIM e eu estava morrendo de vergonha –, colocou a garota pro lado e veio caminhando, como se fosse o dono do mundo, até a mesa que eu estava com Emily. Eu fiquei tão envergonhada, amor, a escola inteira nos olhava!

Eu deveria saber que não tinha que me envolver com você, principalmente porque suas primeiras palavras para mim foram:

— Seu cabelo é natural?

Porra. Aquilo foi tão broxante! Nossa que vontade de te socar! Só que não muito satisfeito com minha resposta positiva, você sentou do meu lado e passou a mão no meu cabelo. Porra, de novo. Quero muito te socar nesse momento, mas você está dormindo tão profundamente do meu lado que fico com dó.

— Qual o seu nome? – você perguntou enrolando uma mecha do meu cabelo e eu me afastei vagarosamente.

— Angeline.

— Saia comigo, Angeline.

— Isso foi uma pergunta?

— Não.

— Por que deveria?

— Porque eu sou bonito... – eu te encarei com a sobrancelha erguida – E bem legal, só pra você saber.

— Hoje é só meu primeiro dia, vou conhecer outros garotos bonitos e legais, não vou sair com todos eles só por isso.

— Eu gostei de você, Angeline, saia comigo.

É ridículo dizer que eu sempre gostei do meu nome nos seus lábios.

— Não, Charlie.

— Vamos, Angeline?

Eu fui, Charlie. E ainda não sei se me bato ou se me beijo por ter saído com você aquele dia. Eu, sinceramente, achei que você me levaria pra jantar ou algo do tipo, mas eu deveria saber que você não era como os outros garotos. Você lembra aonde me levou? Ou do medo que me causou por me levar em um bar de motoqueiros mal encarados?

Nós mal conversamos no nosso primeiro encontro, eu lembro. Você estava muito mais preocupado em prestar atenção no decote da moça que vinha toda hora encher seu copo de cerveja, do que em mim que usava só um short jeans e camiseta normal. Eu te odeio por isso, Charlie, muito a propósito. Você foi o motivo do meu primeiro porre. Naquele mesmo dia. Mas eu gostei de você logo depois, porque você cuidou de mim.

Do mesmo modo que cuida até hoje.

Você pode me deixar ir, Charlie, pois seu papel de meu anjo da guarda, foi cumprido.

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Deixe-me ir  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora