Nossa primeira vez.

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Quarta-feira, 9 de setembro de 2015.

Sempre gostei de dormir agarradinha a você, mas isso só acontecia quando ficávamos no sofá de casa com meus pais por perto. Lembra disso? Do quão super protetor meu pai era por sua causa? Ele não confiava em ti e temia, por mim, o que você podia fazer com meu coração. Já minha mãe temia por você, já que só conhece o veneno do escorpião quem realmente merece.

Ah, Charlie, lembra quando minha mãe perguntou se você conhecia astrologia e com sua resposta negativa, ela te deu uma verdadeira aula depois? Fazer o que, ter uma mãe astróloga e um pai escritor, fizeram de mim a mulher que você ama.

Apesar disso, a gente sempre dava um jeito de deitar agarradinhos na casa dos amigos – quando mentíamos para os meus pais de que você não estaria – ou quando você aparecia em casa de madrugada e entrava pela minha janela. Descobri a pouco tempo que minha mãe sabia sobre suas visitas, mas ela não dizia nada porque vivia brigando com meu pai por causa dessa super proteção e achava "bem feito" pra ele nós arranjarmos alguns jeitinhos de conseguir fazer o que ele proibia.

É uma verdade mundial que o proibido sempre é mais gostoso.

Na nossa primeira viagem juntos, tivemos a nossa primeira vez. E eu creio que meu pai não sabe até hoje que naquela viagem pra Los Angeles, eu não estava, somente, com minhas amigas.

Outra verdade mundial é que mãe sempre sabe. Tudo, a propósito.

E a minha sabia bem que você estaria comigo lá e que era inevitável que algumas coisas aconteceriam. Emily foi comigo, enquanto junto a você, tinha outros 5 amigos, ficaríamos na casa do pai de um deles. A casa era gigantesca e tinha 8 quartos, obviamente que você foi atrás de um pra gente e era o que tinha a maior cama de casal. Eu me senti ligeiramente envergonhada por dividir uma cama com você durante uma semana, ainda mais porque me veria acordando sem maquiagem alguma e com o cabelo todo cagado, porém você nunca se importou com as minhas sardas tão aparentes ou minhas olheiras arroxeadas a mostra constatando com o branco da minha pele sem base ou corretivo. Ou com o meu cabelo que, mesmo liso, acordava armado e cheio de nós. Tu sempre disse que gosta de como meus grandes olhos azuis acizentados ficavam pequenos quando acordava.

É hilário lembrar daqueles dias, em como eu e Emily parecíamos perdidas enquanto você e seus amigos pareciam animados demais com a ideia. Nós duas fomos no seu carro e no outro tinha os meninos, vocês brincaram no meio do caminho, minha barriga chegou a doer de tanto rir com as palhaçadas. Até que tivemos que parar pra abastecer e aproveitamos pra ir em um mercado. Você e seus amigos foram na frente, eu e Emily mais atrás vimos um grupo de garotas que comiam vocês com os olhos e aquilo me incomodou tanto, Charlie, você não tem noção. Seus amigos, óbvio, que logo estufaram o peitoral pra parecer mais forte pra elas, enquanto você só diminuiu o ritmo do passo, me alcançado e enlaçando meu ombro com seu braço. Eu tentei não demonstrar reação por fora, mas meu coração sorria abertamente por você.

Já lá na casa, chegamos a noite e seria nossa primeira noite juntos sem que você precisasse entrar pela minha janela e ir embora antes que meus pais acordassem. Eu me vi tremendamente assustada com a expectativa de ficar sozinha num quarto de casal como o casal que éramos. Ainda mais que eu havia levado apenas dois pijamas e eles eram, completamente, infantis. Juro. Alguma parte de mim torcia pra Emily aparecer implorando pra que eu dividisse o quarto com ela só pra você não ver meus pijamas, mas, muito inteligente que eu era, cacei na sua mala alguma camiseta legal que fosse comprida o bastante para mim dormir.

E eu nem preciso dizer que seu queixo foi no chão quando eu sai do banheiro com sua camiseta, o cabelo feito coque bagunçado com alguns fios soltos e sem maquiagem. Confesso que achei que sua reação era negativa, de que não tinha gostado, mas você logo abriu o sorriso que eu sempre amei e eu, como sempre, me derreti. Naquela noite, não fizemos nada além de dormir de conchinha.

Foi só na terceira noite que eu não aguentei mais te sentir tão perto, mas não ter você em mim.

Tem vezes que vejo você dormir do meu lado sem camisa e de bruços e lembro de você naquela noite, dormindo da mesma forma logo depois que caímos exaustos. É um emaranhado de lembranças daquela viagem, mas aquela noite é a principal e uma das mais importantes para mim.

Emily e os garotos tinham saído, eu inventei que estava com dor de cabeça e que preferia ficar em casa naquele dia e eu sei, amor, que você não queria ter ficado em casa, sua vontade era de ir explorar com seus amigos e por isso eu disse pra você ir e você foi.

Mas voltou meia hora depois alegando que não conseguia ficar longe de mim e então tudo começou a acontecer muito rápido. Eu já estava deitada quando você chegou dizendo isso e foi até a cama se deitando ao meu lado, eu fiquei de lado e me ergui no meu braço pra te olhar e selei nossos lábios, logo depois seus braços já me puxaram para ti e eu me vi em seu colo com uma perna em cada lado. Você tirou minha camiseta me deixando corada e eu tirei a sua, passando as unhas no seu abdômen e deixando um rastro vermelho por cada gominho definido. Por baixo da camiseta, eu só usava a lingerie e estava em desvantagem, pois você ainda tinha a bermuda.

— Você ainda tem muita roupa...

Eu disse e você sorriu malicioso me dando espaço pra arranca-la de ti. Vê-lo só de cueca boxer preta com os olhos queimando de desejo por mim foi a sensação de sonho realizado, amor. Juro. Tudo aconteceu naturalmente, de forma simples, sem ser planejado, sem ter pétalas de rosas, ou algo do tipo, mas naquela união de corpos e troca de energia tinha algo que em muitos casais não tem: amor e esse nosso amor vive até hoje, sete anos depois.

E eu quase morro de amor por ti quando lembro daquela noite e da forma como você me disse aquelas três palavrinhas que toda pessoa sonha em escutar de forma pura e verdadeira. Foi logo quando eu senti você dentro de mim, nossos olhos não se desgrudaram um segundo se quer, mas eu fui obrigada a desce-los para seus lábios quando você disse "Eu amo tanto você". Durante todo o tempo que nossos corpos se tornavam um, você repetia essa frase de todas as formas, inclusive como gemido e eu fazia a mesma coisa. Eu queria que você sentisse meu amor não só no nosso ato, mas nas minhas palavras, no meu olhar, no meu sorriso e até na forma que eu gemia seu nome.

E eu posso partir com o coração tranquilo, porque sei que nessa missão, eu fui bem sucedida.

O 5º motivo pra você me deixar ir é que eu senti. Com você, eu senti todas as emoções possíveis para o ser humano. Você me fez completa.

Deixe-me ir  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora