O feitiço da luz da lua

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O grupo passou o dia à espera de alguém que pudesse voltar à vila. No entardecer uma senhora apareceu esperando encontrar seu filho. Ao ver o grupo, correu até eles para dizer o que havia acontecido. O desespero era tão grande que as poucas palavras que conseguia dizer se confundiam em seu choro. Um dos homens a acalmou e pediu que falasse o que viu para entenderem aquela horrível situação. Assim que ficou mais tranquila ela contou sua história:

- Os Argeus desceram a montanha cercando toda vila. Quando resolvemos fugir era tarde. Em pouco tempo estávamos cercados por todos os lados... sem nenhuma maneira de fugir. Mikhael distribuiu armas aos homens... conseguiram abrir uma passagem no cerco. Muitos fugiram pela floresta, mas enquanto eles fugiam... os que lutavam eram mortos pelos bárbaros. - Subi a montanha deixando meu filho para trás, não consegui encontrá-lo antes de fugir. Enquanto eu corria olhava para todo lado procurando por ele, foi quando eu vi Mikhael sendo morto... Ele lutava com um dos bárbaros quando outro lhe atravessou uma espada pelas costas. Foi quando eu senti que não veria meu filho outra vez.

- Teu filho já é um rapaz, senhora? - Perguntou um deles.

- Sim. Por que perguntas? O viste?

Ele apenas trocou olhares com um de seus companheiros. Ambos sabiam que aquele garoto poderia ter sido levado pelos Argeus.

- Acalme-te, senhora. Vamos encontrá-lo.

Logo que anoiteceu foi acesa uma fogueira para esquentar o frio, todos se mantiveram juntos e discutiram sobre o que iriam fazer no dia seguinte. Pela manhã iriam enterrar os mortos, que eram muitos. Os corpos de Mikhael e Richard seriam cremados no ponto mais alto da montanha. Talvez outros poderiam voltar, portanto decidiram que iriam continuar na vila por mais alguns dias.

Ao amanhecer alguns homens começaram a cavar a cova, os corpos de Mikhael e Richard foram colocados em uma carroça, dois homens iriam levá-los até o alto da montanha. Já estavam de saída quando foram surpreendidos pela imagem de um homem saindo da mata. Tentaram identificar o estranho e logo puderam notar que era o velho Ladislau. A mulher estranhou ao vê-lo, a última vez que o vira ele estava cercado pelos bárbaros.

O velho se aproximava vagarosamente, os demais se juntaram próximos da carroça aguardando sua chegada. Ao chegar, o velho foi interrogado por um dos homens:

- Vieste sozinho, velho?

- Sim. - Disse ele. - Vi muitos subirem a montanha, mas não creio que voltarão para cá.

- Se pensaste assim, por que voltaste? - Perguntou um outro.

- Vim cumprir uma missão. Tenho que levar o corpo de Mikhael. Vocês não podem cremá-lo.

O mais jovem do grupo se revoltou e, se colocando na frente dos outros, disse:

- Quem és tu para nos dizer o que fazer? Não passa de um velho lunático.

Ladislau respondeu calmamente:

- Eu poderia tentar explicar, mas nunca iriam entender. Seria mais fácil tirá-lo de vossas mãos.

- Que arrogância. - Disse o rapaz. - É um velho louco.

- Não sou louco e posso provar. Derroto qualquer homem em uma luta justa.

O líder do grupo se manifestou dizendo:

- Não acredito nisso, velho. Mas se conseguiste, poderás levar o que vieste buscar. - Puxou a espada, entregou ao rapaz e continuou: - Se diz que ele é louco, prove.

Ladislau recebeu uma espada e se colocaram em posição de luta.

Logo que começaram a manusear suas espadas os demais puderam ver que provavelmente estariam errados a respeito de Ladislau, porém o rapaz era muito bom e dificilmente seria derrotado.

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