Capítulo 6 - O Cavaleiro

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Ana e Raquel tornaram a correr, como se suas vidas dependessem daquela corrida. E dependiam mesmo.

Ou não?

Por via das dúvidas, o melhor a fazer em horas como esta é correr e não parar.

Mas as dúvidas na mente de Raquel logo se esclareceram quando a mesma olhou para a esquerda e viu que o cavaleiro sombrio as observava e corria com seu cavalo na mesma velocidade que as duas, como se estivesse acompanhando-as, separados por aproximadamente um metro e meio. As duas gritavam e nem percebiam, e nem sequer sabiam para onde estavam correndo. Só queriam fugir daquele monstro que as seguia sem parar.

Os três foram chegando perto de corredores feitos de divisões altas de cana-de-açúcar. Raquel reconheceu o lugar pois haviam passado por ali no dia anterior, e sabia que o Lago da Voz ficava a uns bons metros dali. Havia três corredores, e se seguissem em minha reta iriam colidir com a vegetação. Então Raquel segurou o pulso da amiga e a puxou para o caminho da direita quando estavam bem perto das primeiras plantações, prestes a colidirem, o que significa que não deu tempo suficiente para o cavaleiro entrar no mesmo caminho. Através da plantação ainda era possível ver pequenos pedaços negros do cavaleiro, que ainda cavalgava na mesma velocidade que as amigas. As duas já estavam se cansando; não aguentariam correr por mais de um minuto.

Mas elas continuaram. Raquel olhando para a frente, Ana sempre atenta à sua esquerda. A fileira de canas-de-açúcar já estava chegando ao fim, e o coração de cada uma acelerou mais do que já estava acelerado. Quando as duas saíssem do corredor, iriam ser seguidas de perto novamente pelo cavaleiro sombrio. E ele poderia pegá-las.

E estava quase acabando. Ana acompanhava a sombra pelo outro lado, e quando chegaram ao fim...

O cavaleiro não estava mais lá. Sumira, simplesmente.

Ana segurou o braço de Raquel, que continuava correndo, e parou.

- O que houve, Ana? - perguntou Raquel.

- Ele sumiu.

Raquel foi até o corredor do meio e espiou. Não tinha mesmo ninguém lá.

- Mas pra onde ele foi? - perguntou.

- Sei lá. Eu ainda conseguia vê-lo no espaço entre as canas, mas quando saímos do corredor, ele sumiu.

Raquel sentia-se aliviada. Talvez fosse cedo demais para sentir-se assim, ela pensou, mas se o cavaleiro desaparecera era porque desistira de persegui-las.

- Precisamos voltar. - ela disse.

- Você lembra o caminho?

Raquel pensou, olhando para o rosto de Ana.

- Não. Mas podemos seguir as nossas pegadas.

***

- Raquel!

Depois de algum tempo andando, as duas tinham se perdido. Foi quando Raquel escutou vozes conhecidas chamando seu nome.

- Ei, Raquel!

- Lucas! - gritou de volta. - Eu e Ana estamos aqui!

- Onde vocês estão? - perguntou Jennifer.

- Não faço ideia. - respondeu.

- Siga a minha voz. - gritou Alice, e começou a cantarolar.

Ana e Raquel foram na direção da voz de Alice, e logo se encontraram.

- Vocês estão bem? - perguntou Jennifer.

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