— Socorro! Socorro! — gritava Jonathan, desesperado, enquanto Nicolas permanecia deitado no chão, contorcendo-se de dor. O incrível era que, mesmo com Nicolas já no chão, os homens e a grande mão não pareciam se importar em deixá-lo ali, caído, gemendo. Isto levava o jovem a pensar que o que quer que os homens e a grande mão queriam era apenas Jonathan, e não Nicolas.
Mais sangue saía da coxa de Nicolas, deixando o sofrimento complementado por uma forte dor no ombro esquerdo. Nicolas nunca havia sofrido tanto na vida, nem quando caíra do muro da escola de três metros de altura e quebrara a clavícula.
Por sorte, duas meninas passavam por ali naquele momento. Dois anjos.
— Você ouviu isso, Michele? — perguntou Raquel, assustada.
— Ouvi sim. Parece Jonathan.
— Socorro! Socorro! — gritava o menino.
— Vem da direita. Vamos ver o que é. — disse Raquel, enquanto as duas seguiam a voz do menino.
Chegando num ponto, Raquel não acreditou no que via: Jonathan estava no alto de uma árvore, encolhido, enquanto uma mão gigante que crescia cada vez mais do solo tentava alcançá-lo. Do outro lado, homens sujos de terra e despedaçados tentavam subir na árvore. Pareciam zumbis, mas Raquel não ousaria dizer isto: aqueles homens pareciam raciocinar muito bem, e não andavam molengos do jeito que zumbis eram retratados em filmes ou livros. Parecia que tinham saído de suas tumbas em sã consciência, porém com orelhas ou dedos faltando. Pessoas normais, mas mortas, porém vivas.
— Jonathan! — gritou Raquel, tentando ignorar o pavor e o enjôo que sentia.
— Raquel! Michele! Me ajudem, por favor!
— Onde está Nicolas? — perguntou Raquel. Michele estava paralisada: não conseguia fazer nada além de olhar a cena com incredulidade e horror.
— Está no chão. Me tire daqui!
Raquel procurou por Nicolas no chão, mas não o encontrou. Sem saber o que fazer, tentou apelar para a educação.
— Parem! Parem! Deixem-no em paz!
Mas, como o previsto, não funcionou. Ainda com esperanças, gritou o mais alto e no tom mais sério que pôde:
— Parem agora!
Por incrível que pareça, o movimento foi parando e, aos poucos, os homens desviaram a atenção de Jonathan para Raquel. A mão era a única que continuava querendo alcançar Jonathan. Raquel sentiu arrepios.
— Pa-parem com isso. Não estão vendo que ele está assustado? Não vêem que ele quer apenas descer da árvore e ir embora? — Raquel não sabia ao certo o que estava dizendo, mas se fizesse algum efeito, seria bom.
A mão parecia um monstro querendo devorar Jonathan, faminta, incontrolável. Já estava pronta para dar o bote, até que uma luz começou a brilhar na escuridão. E vinha de Raquel.
Percebendo a luz de alguma maneira, a mão endireitou-se e foi se encolhendo de volta ao solo, até, por fim, desaparecer. Agora, só restavam os homens, Raquel, Jonathan, Michele e um Nicolas que Raquel ainda não localizara.
Até que Raquel percebeu que a luz vinha de si mesma. Não de seu corpo, mas de algo que estava em seu corpo.
Raquel sentiu o peito queimar. Quando foi ver o que acontecia, viu que a lua que havia no cordão agora estava numa cor branca e brilhava intensamente. E isto não ajudou em nada a esclarecer as coisas.
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Ilha da Lua
Mistero / ThrillerATENÇÃO: PLÁGIO É CRIME! Gosta de mistério? Bem, se eu fosse você, adicionaria este livro à biblioteca. Raquel Cruz é uma menina gentil, apaixonada por natureza e está prestes a fazer quinze anos. Ao pedir permissão aos pais - Pedro e Vitória Cruz...