Todo mundo ama o dia de ação de graças. E é óbvio que Harry adoraria também, se sua família passasse com ele, certamente.
A verdade é que ele sente saudades de Gemma e de Anne e de Des e de Elliot e de Zayn e de tudo. E sabe que infelizmente, isso não vai passar tão cedo.
Seus pais lhe compraram um pequeno apartamento para que ele pudesse fazer faculdade sem frequentar os dormitórios sujos de lá (Porque Harry tem TOC, e seria realmente difícil habitar o mesmo lugar que jovens porcos), desde que a mensalidade fosse por conta dele. Harry aceitou sem hesitar, afinal, aquilo significava uma vida nova.
Seus pensamentos banais são de repente interrompidos, e quando Harry vê, lá estão os jogadores de futebol americano.
É uma biblioteca. Se eles são burros e odeiam ler, o que estão fazendo numa biblioteca?
Louis Tomlinson, um dos jogadores, tem suor em excesso escorrendo pela sua testa e deus, Harry tem vontade de vomitar. E, por um momento, o jovem até pensa em expulsa-los, mas os alunos não o levam a sério. Nunca, na verdade. Então ele opta por continuar sentado em sua cadeira pouco confortável, mas ainda assim limpa e longe deles.
— Bom dia, sweetheart.
Os olhos verdes de Harry rolam. E ele levanta a cabeça, encarando o dono daquele sotaque estúpido com uma horrível cara de tédio.
— Mr. Horan, no que posso ajudar você dessa vez?
— Eu estava procurando por um livro.
— E o nome dele seria...? — Harry o encara, fazendo Niall sorrir.
— Eu amo quando você me pede para terminar as frases. — O irlandês dá uma piscadinha, apoiando seus braços na mesa marrom à sua frente.
Não, por favor não. Tire o braço, por favor, só tire, Harry pensa constrangido, mordendo o lábio inferior.
— Louis, me fale um nome de um livro qualquer aí!
Harry revira os olhos pela segunda vez no dia. Niall consegue ser bastante idiota às vezes. Na verdade, sempre.
— Hmm... A Seleção!
— Nós não temos esse tipo de livro aqui, perdão. Mais alguma coisa?—O cacheado continua encarando suas mãos, que no momento, estão sobre seu colo.
— Você está livre amanhã à noite?
— Não, terei compromissos. —Harry morde o lábio novamente. Ele não consegue mentir, não mesmo. Mas também não aceitaria sair com Niall nem por 1.000.000 de libras. E não é a primeira vez que Niall pergunta, então...
— Tudo bem. Semana que vem?
— Compromissos.
— Sério?
Harry assente.
— Tudo bem. Você é o primeiro que me rejeita, e isso não vai durar muito tempo. — E com isso, Niall pressiona seus lábios contra a bochecha rosada de Harry, fazendo o mesmo arregalar os olhos.
— Eu... Você deveria sair, Niall. Por favor.
— Tudo bem, bebê.
— Niall, eu... sou um ano mais velho que você.
— Harry, você deveria realmente, digo, realmente, aceitar sair comigo. Eu sou um amor de pessoa, ok? Mantenha isso em mente.
E com isso, Niall deixa a mesa, e sinceramente, ele parece um pouco frustrado. Frustrado porque ele tem todas as meninas e todos os meninos homossexuais da escola aos seus pés, e todos eles parecem tão... Superficiais. E justo o que ele quer, o que ele deseja, está o rejeitando e pisoteando na pedra fria que ele chama de coração como se estivesse numa pista de dança.
Enquanto Horan saía da biblioteca junto com o escandaloso e curioso seu amigo Tomlinson, Harry fecha os olhos e respira fundo. Puxa, que alívio.
As gotículas de suor de Niall estavam passando para mesa, o que fez Styles pegar suas luvas plásticas e seu pano no bolso, esfregando ali de leve.
— Sr. Styles? —O cacheado escuta a voz estridente do professor de artes cênicas ecoar pela grande biblioteca. E Sr. Anderson parece um pouco nervoso, de certa forma.
— Sim?
— A minha esposa caiu de uma espécie de escada em construção e quebrou o braço, e... eu preciso visita-la, sabe? Saber se está bem e quanto tempo ela vai ficar com o gesso. Será que você poderia assumir a detenção para mim hoje?
— Oh, eu sinto muito, espero que ela esteja bem, senhor. Eu posso sim, não tenho nada a fazer, afinal.
— Ótimo! Obrigado, mesmo! Se me der licença, tenho que correr.
— Tenha um bom... dia. — Harry suspira ao ver que Sr. Anderson já havia deixado a sala com provavelmente, um grande alívio.
Mas Harry nunca assumiu a detenção. E nem pretendia. Pretendia, porque agora, infelizmente, ele tem que o fazer. Na detenção, só tem praticamente seniors. Não é que ele odeie seniors, é que ele já é uma pessoa bastante tímida, e coloca-lo para habitar o mesmo ambiente que os alunos do último ano escolar é complexo, principalmente porque não há nenhuma espécie de respeito vindo deles. E isso acontece porque é estranho para os jovens verem Harry como um adulto, sendo que ele só é um ano mais velho e as vezes é até mais novo, quando se trata dos estúpidos e ignorantes repetentes, sem generalizar. Pode ser generalizando também, tanto faz.
(...)
A cadeira não está limpa o suficiente. E Harry sabe disso. Ele sabe disso e quer, de alguma forma, limpa-la, mas os olhares sobre si já estão sendo suficientes, ele não precisa de risadas para acompanha-los.
Harry senta na cadeira e fecha os olhos e fecha os punhos e morde os lábios. Depois disso, encara os alunos à sua frente.
— V-vocês podem... conversar, desde que seja baixo. — O jovem deixa sua bolsa preta sobre a mesa delicadamente, abrindo-a e puxando seu livro de pouquíssimas páginas de lá.
— Bom dia, Harry. —Harry ergue o olhar do livro para cima, encarando Niall com um sorrisinho no rosto.
— Bom dia, Niall. Pode se sentar, por favor.
— Antes posso fazer uma
— Hm... claro, sim, pode.
Se isso fizer você parar de me encher, você pode tudo, Harry pensa.
— Você é gay? — Niall o olha de uma forma curiosa. E nesse momento, nesse exato momento, as bochechas de Harry estão tão vermelhas quanto rosas no jardim. Trágico.
— N-não... digo, — O cacheado coça a garganta, olhando nos olhos do irlandês. — não consigo entender onde você está querendo chegar.
— Eu só quero saber se meu investime nto em você está valendo à pena, porque se você for hétero, eu...
— Bem, Niall... hm... Eu não sou — você não pode fazer perguntas assim e... e eu não sou, digo, hm... Eu não sou um restaurante prestes a ser aberto para você investir em mim e... eu jamais iria querer alguma coisa com você. Desculpe.
— Desculpe por quê?
— Você... ouviu tudo o que eu disse, correto?
— Não, sinto muito. A cor dos seus lábios é linda e eu só estava pensando em beijar você e... Eu não ouvi nada depois de você dizer meu nome, porque o seu sotaque é maravilhoso.
E agora as mãos de Harry estão cobrindo seu próprio rosto e ele começa a murmurar algo que não consegue ser ouvido. Não por Niall.
— Você é adorável, Harry. Eu acho que eu te assustei, então eu vou apenas sentar lá e cumprir minha detenção, mas eu quero que você saiba que você é realmente uma pessoa adorável e eu adoraria sair contigo.
E quando o mais velho se dá conta, Niall já está sentado conversando algo sem importância (para variar) com Liam Payne, mas seus olhos não saem de Harry. Embora sim, Niall seja uma pessoa que sabe elogiar e seja realmente, realmente bonito, Styles não sairia com ele. Por que? Bem, porque Harry sabe da fama que Niall tem pelo colégio e que com certeza Harry não é o primeiro para quem ele diz que adoraria sair com. E sim, Harry é gay, mas... Niall não é uma opção. Ele não pode, e não será uma opção.
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lush life (narry)
FanfictionNa qual Harry ama livros e bem, Niall ama Harry. © 2017 bea.