Cap 6

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Fui acordada com a claridade nos meus olhos com isso percebi que já devia ser tarde para o sol estar com tamanha intensidade. Levantei com lentidão e andei até o closet a procura de uma blusa limpa. Achei uma blusa de alça preta e uma de manga comprida, vesti a de alça e a de manga coloquei na mochila. Peguei dois pares de meia, uma para calçar e outra para por na mochila. Coloquei minha calça e bota, amarrei minha camiseta jeans na cintura. E estava pronta. Antes de fechar a mochila peguei uma das marcaras descartáveis e a guardei no meu bolso. Fui até  o criado mudo e peguei o pequeno livro de poesias e guardei dentro da bolsa. Desci as escadas e fui direto para a cozinha procurar algo para comer, depois de abrir alguns armários achei algumas latas de atum enlatado e doce de banana. Abri uma de atum e comi ela toda. Depois abri a compota de doce e dei uma colheradas. Me sentindo satisfeita guardei tudo dentro da mochila, aproveitei para tirar minha colt 45 da bolsa e coloquei na minha cintura. Escovei meus dentes e fechei a mochila. Já estava no hall de entrada da casa quando me virei e fiquei de frente para um grande espelho. Me lembrei da última vez que tinha me visto, estava magra cheia de olheiras, pálida e com os ossos da clavícula aparecendo indiscretamente. Hoje já estou mais corada provavelmente de andar no sol, sem olheiras e com um aspecto mais saudável, não estou tão magra assim. Pego um elástico que estava no meu pulso e prendi meu longo cabelo que atualmente batia na metade das minhas costas num rabo de cavalo alto. Observo o penteado que fiz e ele parece resistente e isso me faz sentir satisfeita. Estou preste a sair pela porta quando vejo um lápis na pequena mesa de vidro do hall até agora não tinha o percebido, pego ele e penso em passar mais fico em dúvida, mais logo lembro que não há nem um ser humano que eu vá encontrar então que se dane. Passo o lápis na minha linha d'água e na minha pálpebra. Depois esfumaço e o resultado fica do meu gosto. Pela primeira vez me lembrei de uma Ringer que não tinha medo de nada e de ninguém, uma Ringer louca, extrovertida, engraçada, uma Ringer que eu não sou mais, virei uma sombra do que eu era. Essa maquiagem é o mais perto que eu vou chegar de parecer comigo a 4 messes atrás. Me permiti lembrar da época que meu pai dizia que eu parecia uma gótica e eu ficava irritada com seus comentários sobre meu estilo, um dia eu me vesti como uma garota ''normal'' e mostrei para ele para saber se ficava melhor e foi aí que ele disse.

Flashback on
_ presta atenção querida, nunca, nunca mude o que você é para agradar ou calar os comentários alheios. Porque você é o que você é, e se não aceitarem o problema é deles. Entendeu?

_ mas você sempre diz que eu pareço uma gótica.
_ eu sei meu amor, mais na verdade eu acho que essa sua maquiagem realça mais os seus olhos amendoados.

Desde então eu nunca mais me importei com a opinião alheia, sempre recebia olhares reprovadores por não seguir o padrão, mas eu nunca dei importância. Meu pai me ensinou que o importante é ser você e o resto é só o resto.

Flashback off

Fechei a porta atrás de mim e resolvi ir por trás da casa não queria ser vista pelo movimento do hospital, quando já estava suficientemente longe resolvi sair do meio das casas e andar pela estrada principal, assim teria menos risco de me perder. Já estava andando a pelo menos umas 3 horas e a estrada continuava a se estender pelo horizonte, com certeza já  passava do meio dia, o sol queimava os meus ombros e minha cabeça. Eu conseguia sentir o suor pingar pelo meu rosto, minhas roupas estavam encharcadas. Um enjoo e mal estar se instalaram no meu corpo, eu não estava bem, minha visão estava embaçada e nada estava nítido, tudo tinha se duplicado eram duas arvores, dois carros, duas placas escrito ''PARE''. Uma vontade enorme de vomitar me invadiu e sem controle do meu corpo foi exatamente isso que me aconteceu. Tudo agora girava nada parecia estar parado, tirei a mochila dos meus ombros e o fuzil do meu braço, joguei ambos para longe. Cai no chão de uma vez, eu estava tão tonta que nem senti o impacto. A última coisa que eu vi foram as folhas das arvores se mexerem com a brisa, para a esquerda e para a direita e de repente tudo apagou.
Eu estava imersa a escuridão.

Abri os olhos com certa dificuldade, muita para falar a verdade. A luz era forte e brilhante, demorou alguns minutos até meus olhos se acostumarem. A imagem foi se focando,  percebi que estava deitada numa maca, havia um acesso no meu braço, parecia que era soro mais eu não tinha certeza. Tudo era branco e limpo, com certeza eu estou em um hospital, por um momento eu tive a esperança de estar em umas das tendas do hospital improvisado, mas logo vi que eu não estava em uma tenda e nem em uma barraca. Eu não sabia onde estava, e quem tinha me trazido. O pânico começou a dar sinais. Eu estava suando frio, um arrepio me atingiu da cabeça a ponta dos pés. Me levantei da cama em um pulo, arranquei o acesso que estava no meu braço e senti uma pequena dor. O quarto não tinha janela somente uma porta, passos começaram a ecoar por trás da porta. Eu não tinha o que fazer, eu não tinha com o que me proteger. Simplesmente eu esperei e de repente  a porta abriu. Uma mulher loira, fardada entrou no pequeno cômodo sem cerimônia.
_ Eu sou a sargento Reznik.

''Sargento, como assim o exército não existe mais, existe? O que estava acontecendo.''

_Como assim sargento, onde é que eu estou?

_ Eu não estou aqui para responder suas perguntas. Preste atenção, você foi achada numa estrada no meio do nada desmaiada. Quase sem pulso, nós a recolhemos e a curamos. Nós como pode ver somos o exército americano. Você nesse momento está na base aérea Wright-Patterson, que está servindo de abrigo para todas as crianças refugiadas que são resgatados de todas as partes dos Estados Unidos. Vocês aqui serão treinados para combater esses malditos.

Tudo aquilo foi praticamente jogado em mim, era muito informação. Tudo que eu consegui pensar era.

_ Porque só as crianças, os adultos podem ajudar.

_ Primeiramente não temos espaço e nem mantimentos para todos e segundo os pais de todas as crianças, eles preferem que nós resgatemos vocês e terceiro vocês são a nossa esperança e futuro. Tudo está apostado em você e nas crianças e adolescentes. Mas por que se preocupar você foi encontrada sozinha na estrada ou á mais alguém?

_ Eu não estou preocupada, eu estou curiosa é diferente, e não, não há mais ninguém.

_Perfeito. Mais fácil dessa forma.

''A forma como ela falava não me parecia algo bom. Na verdade ela exalava uma coisa ruim. Ela podia simplesmente esconder que gostou de saber que eu não tinha ninguém, porém ela deixou claro que estava satisfeita.''

_ Sabe eu gostei de você, qual é o seu nome?

_ Ringer.

_ Então Ringer eu acho que você se encaixa perfeitamente no nosso treinamento e pelo o que eu sei você foi achada com armas e munição, não é verdade. Você sabe mexer em armas não é mesmo?

_ Eu tenho uma noção.

_ Querida, você foi achada com um fuzil M16, esse tipo de arma não é para quem tem noção, mas sim para quem sabe atirar. Eu não estou te pressionando, pelo contrário eu realmente  acho ótimo você saber atirar.

''Ela ficou me olhando por um longo tempo e eu não fiquei intimidada com seu olhar pairando sobre mim, até que ela finalmente resolveu falar.''

_ Bom, aqui está  a farda que você deve usar. Deve servi, se vista que eu estou a sua espera lá fora precisamos fazer um teste com você para termos certeza que valeu a pena resgatar e salvar você, Ringer.

Ela saiu da sala e eu por alguns instantes tentei assimilar tudo ou melhor engolir.
Me direcionei para a pequena mesa onde ela tinha deixado uma calça, uma blusa de manga preta e meias, as bostas estavam no chão.

Tirei a roupa azul clara do hospital e coloquei a calça, era do meu tamanho parecia ser daquele tecido camuflado com vários tons de verde e marrom.
A blusa entrou perfeitamente e as botas também. Fiz rapidamente um coque no meu cabelo e sai do pequeno quarto. E lá estava a sargento Reznik com mais dois tenentes, eu acho.

_ Que bom, serviu perfeitamente. Agora vamos. Me siga.

5° onda (Ben e Ringer)Onde histórias criam vida. Descubra agora