Cap-2

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POV-Ringer

                  

Quando eu acordei senti uma dor terrível na minha cabeça ela latejava, parecia pulsar. Consegui sentar com muito esforço, eu estava tonta provavelmente porque bati muito forte no chão, percebi que estava escuro, mas painda sim conseguia enxergar. Com muita dificuldade levantei-me segurando  nos poucos móveis que tinham no quarto que eram basicamente uma cama de casal, uma cômoda e um espelho. Cheguei perto da janela que era a única fonte de luz do cômodo, puxei a cortina e o sol estava se pondo. Eu devo ter apagado por algumas horas para já está escurecendo. De repente como uma bomba eu me lembrei de tudo, com a lembrança vieram os flashes, meu pai, sangue, o casal deitado, foi um soco forte no estômago. As lágrimas voltaram a escorrer no meu rosto. Eu não queria mais sentir aquilo, aquele aperto, aquela agonia dentro do peito que as vezes se misturava com raiva.

As únicas pessoas que eu poderia culpar estão mortas no corredor ao lado e no fundo eu sabia que não poderia culpa-los eles estavam se protegendo. Talvez meu pai tivesse feito o mesmo se fosse o contrário. Fechei a cortina e sai de perto da janela, sentei na cama e abracei meus joelhos, eu não tinha mais nada nem ninguém. A sensação de solidão total me invadiu, dessa vez as lágrimas não vieram, talvez secaram de tanto cair.

As horas simplesmente não passavam, me levantei de supetão e olhei no espelho eu estava visivelmente mais magra, abatida, eu tinha olheiras profundas. Se as ondas já haviam consumido muito de mim,  isso tudo nem se comparava, eu mesma não me reconhecia, na verdade nada disso parecia ser real, nada. E assim as horas passaram devagar e insuportavelmente silenciosas.

Finalmente amanheceu e eu sabia o que fazer, pelo menos pensava. Foi uma luta para mim sair daquele quarto eu não queria ter que ver aquela cena macabra do casal no corredor, mas eu não tinha opção eu precisava sair desse lugar. Respirei fundo abri a porta e o mau cheiro me deu um belo de um tapa na cara nem sei como descrever, ignorei o cheiro e os cadáveres que já deveriam estar em decomposição pelo tempo.

Dei alguns passos e parei em frente a porta onde meu pai estava, uma dor pairou sobre meu peito, por um momento me lembrei do meu pai, sorrindo, me ensinando a atirar e até brigando comigo por eu querer fazer uma tatuagem escondido. A dor por incrível que pareça amenizou depois das lembranças felizes e com isso me virei em direção contraria a porta e consegui chegar a sala. A parti dali percebi que não me lembraria dele gelado e pálido como agora ele estava, mas sim vivo, feliz, gritando, falando. É assim que ele vai estar na minha memória. Soltei o ar do pulmão e expulsei qualquer pensamento que pudesse me desconcentrar eu precisava sair daqui e procurar suprimentos. Comecei a vasculhar a cabana melhor e descobri que esse casal não era nada despreparado eles tinham algumas latas de feijão e alguns biscoitos mais tarde achei armas e munição.

Eles tinham uma 5 mm e uma colt 45 e algumas caixas para recarregar, coloquei tudo em uma mochila que estava jogada no chão. Olhei a sala mais uma vez e enfim sai da cabana, senti a claridade aumentar e muito.

A sensação de estar fora daquele pesadelo era estimulante. Ver o sol , sentir o vento no meu rosto só isso foi um calmante pra mim. Comecei a andar pra fora daquela rua, por enquanto meu objetivo era chegar no centro da cidade, que não era muito longe.

Caminhei por uma hora e já avistava algumas lojas, alguns prédios baixos talvez de 2 ou 3 andares. Quando estava no que parecia ser a rua principal percebi uma placa que dizia ''Seja bem vindo a New Castle- Pensilvânia''. Eu já sabia que me encontrava dentro da Pensilvânia eu e meu pai já tínhamos percorrido boa parte do estado. Após termos saído de Nova York chegamos á Towanda, depois não paramos mais, foi uma longa jornada passamos por Williamsport, State college, Indiana, Butler e agora aqui estou em New Castle. Enquanto lembrava da minha caminhada com meu pai me deparei passando por um pet shop que por sinal estava com a vitrine toda quebrada e por dentro parecia que tinha sido saqueado ou pelo menos destruído, quando parei de prestar atenção na loja olhei ao redor e vi que aquela pequena cidade estava do mesmo jeito que as outras por onde eu passei, acabada, largada, suja e no mínimo virada de cabeça baixa, os carros estavam virados como se tivessem capotado.

5° onda (Ben e Ringer)Onde histórias criam vida. Descubra agora