Madrugada na Ilha de San Diego, o que significava mais festas. Molly estava apenas de roupa de banho, duas peças azul petróleo e uma saída branca transparente que mais parecia um blusão de manga longa, totalmente bêbada ela tropeçava ao tentar andar descalça pelo caminho de concreto que levava até o hotel. Ria das próprias quase quedas, cumprimentando a todos que passavam pelo caminho, provavelmente envergonhados pela situação da mulher. Apesar de tudo, ela conseguiu ir até seu quarto, parando no corredor antes de abrir, foi quando ela riu alto lembrando que estava sem o cartão magnético que abria a porta. Viu a porta do quarto ao lado, 327 em dourado chamando sua atenção. Era o quarto de Sherlock, o seu 326, e ao lado oposto, 325, o de John Watson.
- Quem é? - Sherlock dizia do outro lado do quarto, após a mulher bater a porta por quase um minuto seguido até ele responder- Molly, o que quer? - ele disse impaciente ao abrir a porta, com cara de quem estava dormindo e foi bruscamente acordado, vestia apenas um roupão preto e sem sapatos. Recebeu um sorriso meigo de Molly, que mais o parecia provocar por não dizer logo o que queria - Diga.
- Eu não posso entrar no quarto. Perdi o cartão - Ela soltou uma risada e ele percebeu que ela estava totalmente bêbada.
- Deveria ir até a recepção pedir outro.
- Oh, Sherlock, vai me negar ficar no seu quarto quentinho, enquanto estou aqui congelando?
- Porque quer. Mas tudo bem, entre. Ela entrou sorridente como se houvesse ganhado uma batalha, permanecendo em pé ao lado da porta. Mas seu sorriso foi cortado pela vontade de vomitar que a pegou com toda força, fazendo ela se curvar ali mesmo. Sherlock a viu sujar a entrada, fechando os olhos como se não acreditasse. Passou as mãos pelos cabelos. Deixando-a ali, pegando uma toalha no banheiro, entregando em sua mão para que se limpasse.
- O que está fazendo com você mesma, Molly Hooper? - ele disse com uma pontada de raiva latente em sua voz.
- Hey, eu sei o que faço comigo! Ela levantou, um pouco cambaleante indo até a janela de vidro, fechada, mas que permitia ver o horizonte azul escuro pela noite, largando a toalha sobre uma cadeira de metal, sendo logo tirada por Sherlock de lá, colocando no cesto dentro do banheiro. Quando ele voltou ao quarto, trazia um roupão branco com o logo do hotel.
- Vista - ele ergueu o roupão. Ouvindo ela falar com a voz embargada logo a seguir.
- Você acha que não sei me cuidar. Que nunca faço nada certo - disse tomando o roupão, o deixou sobre a cama, para retirar o tecido molhado que vestia.
- Eu só acho que você não precisa fazer tudo isso para chamar atenção.
- O quê? - Molly virou para ele com os olhos marejados, mas sua expressão revelava a raiva que sentia naquele momento.
- Você ouviu.
- Porque acha que tudo gira em torno de você? - ela pôs uma mão no pulso de Sherlock, para que ele a olhasse nos olhos quando ela despejasse em palavras tudo o que estava sentindo, apontando efusivamente para o rosto dele
- Eu não sou idiota, Sherlock, nunca fui. Eu só era uma pessoa gentil com todos e paciente demais com você. Mas acabou. Eu cansei de tudo. - Lágrimas caíam enquanto ao falar, porém, ela prosseguia como se precisasse daquilo para viver - Sabe, de ser boazinha. E num belo dia eu acordei. Eu sou o que sou. Não preciso mudar, mas também não preciso viver para atender expectativas dos outros. Porque a verdade é que ninguém se importa comigo - ela baixou a cabeça deixando ser tomada pela tristeza ao dizer aquelas palavras em voz alta, principalmente com a certeza que não havia antes - Ninguém gosta de mim, Sherlock, nem eu mesma gostava! Quer dizer, eu achava que gostava, que estava tudo bem, mas não estava.
Ela começou a soluçar. Ele, na mesma posição, não sabia o que fazer, seus braços estavam sendo apertados pelas mãos da mulher, enquanto o espaço entre seus ombros e pescoço começava a ficar úmido com as lágrimas dela. Em poucos segundos ela se recompôs, se afastando e limpando o rosto, andando até a cama, antes vestindo o roupão que estava sobre a mesma.
- É por isso que eu gosto de mim agora, Sherlock. - ela respirou fundo, sentando na ponta - E não permito que diga o contrário - ela sorriu com a área ao redor dos olhos brilhando pelos resquícios de lágrimas.
- Tudo bem, eu respeito. - ele saiu da sua pose estática, sentando ao lado dela, de lado, mas com a cabeça virada para olhá-la - Não quer dizer que eu concorde. Porque sinceramente parece uma grande burrice se encher de álcool e sair com qualquer homem que encontre na frente.
- Não canso de me surpreender com sua estupidez, Sherlock - ela soou divertida apesar das palavras sérias, parecendo não levar a sério o que ele disse - Não tem curiosidade em saber o que fiz durante esse últimos dois meses fora de Londres?
- Realmente temo pelo que possa ter feito - ele se levantou da cama.
- Eu o desafio a uma aposta. - ela disse também se levantando, ficando na ponta dos pés para igualar a altura - Fique comigo, se eu vir que você gostou temos direito a mais uma noite. Se não gostar eu prometo não ter noites como essa enquanto estivermos aqui.
- Desafia a ficar com você aonde? - ela ergueu as sobrancelhas pelas palavras dúbias e por estranhar ele ceder tão facilmente.
- Eu arranjo um programa na ilha, alguma festa - ela respondeu voltando a altura normal, mas ainda confiante.
- Em segredo? - Viu ela sorrir malandramente, como se descobrisse algo sujo dele. Ele logo tratou de explicar. - Não quero Watson no meu pé. Se ele souber que vou com você a alguma festa vai pensar que estou ficando louco e voltando para as drogas.
- Em segredo. - ela confirmou, deitando no lado da cama que ficava perto da porta, de costas para ele.
- Eu não disse que podia dormir ai. - ele rispidamente falou.
- Eu faço o que eu quiser até você ganhar a aposta.
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Agent Hooper
Fanfiction- Esta é uma história sobre Molly Hooper - As pessoas costumam não levar Molly Hooper a sério, assim como desprezam seu valor como mulher e pessoa. Ela mesma sente-se mal consigo. É claro, todos nós temos os momentos que repensamos nossa vida inteir...