The World Was Gone ✔

7. O Que É Real

"Há algo dentro de mim que puxa abaixo da superfície, consumindo, confundindo.
Essa falta de auto-controle que eu temo não tem fim, controlando...
Eu não pareço conseguir me encontrar de novo."
Crawling — Linkin Park

STILES

EU SENTIA COMO SE ALGO ESTIVESSE EM CIMA DE MIM, pressionando-me para baixo, contra o meu colchão. Tentava me mexer, me libertar do que quer que fosse aquilo, mas não conseguia mover nem sequer um músculo. Conseguia ouvir algumas vozes, mas elas não estavam completamente nítidas, então, eu não conseguia entender o que diziam — mas parecia tão perto de meus ouvidos. A sensação era horrível. Minha voz não saía e eu não podia fazer nada em relação a isso. Já estava entrando em pânico. Esforcei-me o máximo que pude tentando me mover e gritar.

Abri os olhos e percebi estar deitado de bruços, exatamente como no pesadelo. Não, isso não fora um pesadelo. Era aquela porcaria de paralisia do sono que, às vezes, eu tinha. A sensação era tão ruim que eu nem consiguia descrevê-la direito. O tempo inteiro eu estava ciente de onde estava e como eu estava; Porém, era como se meu corpo fosse uma casca e eu não tivesse o mínimo controle sobre ele. Eu odiava isso e agora estava acontecendo cada vez com mais frequência. Meu corpo ainda estava meio dormente e eu ainda estava com sono. Remexi-me de um lado para o outro na cama e então me sentei, com medo de que eu apagasse e aquilo acontecesse outra vez.

Depois daquela noite que passei no hospital — quando Melissa me injetou um calmamente —, não dormi quase nada. Aquilo foi ótimo para um descanso, mas agora tudo estava como antes. Mal conseguia dormir e, quando dormia, ou eu sentia a paralisia do sono ao despertar ou eu acordava em algum outro lugar da casa. Maldito sonâmbulismo que tinha voltado. Eu não aguentava mais essas coisas, já estava cansado.

Levantei e lavei o rosto, antes de perceber que já era quase meio dia. Sinto falta do tempo em que acordar essa hora em um domingo era sinômino de ter dormido demais. Nos tempos atuais, não chegava nem perto disso. Eu havia passado a noite inteira sem conseguir dormir e o pior, sem ter ninguém para ficar conversando enquanto não conseguia dormir. Minha melhor amiga e vizinha não havia dormido em casa, mas isso não era novidade — eram poucos os dias em que ela dormia na casa dela. Simplesmente parei de questionar sobre isso. Se é algo sobre o qual ela não queria falar, era melhor eu respeitar. E outra que eu já tinha milhares de problemas comigo mesmo para eu me preocupar — como ela costumava constantemente me lembrar.

Desci e saí, trancando a porta atrás de mim. Atravessei o limite do meu jardim para o de Sidney e bati na porta de sua casa. Para manter as coisas como eram nos últimos dias, Roxanne foi a primeira pessoa que eu ouvi a voz desde que acordei.

— A porta está aberta, entre — ela gritou e eu entrei, seguindo até a cozinha, já que era onde ela quase sempre estava — Ah, é você. Sidney vai almoçar fora e só volta mais tarde.

— Ah, okay.

Abri e fechei minha boca umas duas vezes seguidas, mas decidi não perguntar mais nada. Como eu disse antes, havia parado de questionar — e sim, até mesmo para Roxanne eu não insistia mais. Bufei, fechando meus olhos logo em seguida. Já estava ficando chato isso de eu nunca conseguir encontrar a minha melhor amiga em casa. Virei as costas e voltei para a sala, dirigindo-me à porta.

— Hey, Stilinski, aonde você está indo? — Roxanne indagou, vindo até a divisa da cozinha para a sala. — Almoça aqui — disse então. — A comida já está quase pronta mesmo.

— Tudo bem — concordei.

Voltei até a cozinha com ela e sentei-me em uma cadeira próxima a mesa. Fiquei em um silêncio total. Estava absorto em meus pensamentos. E se tudo o que ainda estivesse acontecendo comigo tivesse tudo a ver com a mensagem que deixei no quadro? Aquela porta em minha mente ainda estava entreaberta? Se fosse isso, por que eu não conseguia fechá-la de nenhuma maneira? Será que esses pesadelos nunca iriam cessar?