The World Was Gone ✔

17. Uma Outra Tragédia

"Me resgate, pegue essa mão. Por mim mesmo, sozinha eu me mantenho.
Me resgate desse mundo, de mim mesma, antes que eu envelheça...
Alguém me resgate!"
Rescue Me — Zebrahead

SIDNEY

— ASSIM? — LYDIA QUESTIONOU antes de puxar o gatilho mais uma vez.

A bala passou raspando na árvore em que era para ela acertar.

— Está indo bem para quem nunca tinha pegado em uma arma antes — fui sincera. — Você aprende rápido mesmo, hein.

— É de família — ela piscou para mim.

— Com certeza, é — ri. — Amanhã treinamos mais assim que eu retornar do meu treino com o Parrish.

— É, precisamos ir — ela soou triste. — Você e o Parrish estão se dando bem mesmo depois de todo aquele término? É difícil até de acreditar.

— É mesmo — concordei. — Mas tudo o que acontece em nossa vida é difícil de acreditar. Essa é uma das coisas mais simples.

— Estou desabando — Lydia confessou.

Passamos todo o caminho para a minha casa — que não era muito longo — refletindo sobre nossas perdas. Allison e Aiden. Não tivemos nem tempo para ficarmos de luto por Allison e Aiden se fora também. Tínhamos uma vida muito complicada. Estávamos arrasadas. E não éramos as únicas. Todos estavam. Hoje era um dia simbólico para tudo o que estávamos sentindo; Era o dia do funeral de Allison Argent, nossa amada e falecida amiga.

Lydia foi para a casa dela e eu para a minha. Tomei um banho assim que Roxanne liberou o chuveiro. Optei por usar uma roupa preta que me lembrasse Allison. Nada de vestido. Não usei óculos escuros por um principal motivo: eu não queria esconder as lágrimas que provavelmente escapariam, e além disso, eu preferia ficar com meu óculos de grau. Roxanne me acompanhava com um vestido comprido, cabelos presos e seus óculos de sol de armação preta.

— É como se Beacon Hills nos puxasse para baixo — Roxanne observou com pesar.

— As desgraças sempre continuam nos perseguindo — não hesitei em concordar.

— Mas é mais fácil de lidar com esse tipo de coisa quando estamos juntas, em família — ela segurou minha mão.

Lydia não demorou para chegar em nossa casa. Entramos no carro dela e fomos até o cemitério onde o funeral ocorreria. Pela primeira vez na minha vida, ficar em silêncio parecia a melhor opção, além de não parecer nada desconfortável. Era apenas o certo a se fazer.

Não foi um funeral grande como havia sido o de Kate Argent, mas todo mundo que importava estava lá. Fui até Chris Argent e dei os pêsames a ele e me desculpei por não ter conseguido fazer nada para ajudar. Observei Isaac, que estava ao lado do Sr. Argent. Ele estava devastado, muito mais do que eu. Abrecei-o e o reconfortei tanto quanto consegui. E nesse momento eu já havia desabado em lágrimas.

Saí do lado deles com minha cabeça baixa e me afastei. Só parei quando eu estava atrás das outras pessoas, mas mesmo assim, não ousei levantar a cabeça. Aquilo tudo era algo muito triste para simplesmente aceitar. Nossos amigos eram novos e não deveriam estar mortos.

Não deveriam.

Alguém segurou minha mão, obrigando-me a levantar a cabeça para ver quem havia feito isso. Stiles Stilinski estava ao meu lado.

Antes mesmo que eu reagisse de qualquer modo possível, ele me puxou de lado para um abraço. Apertei meus braços em volta dele com força e chorei tudo o que tinha para chorar. Só então, levantei a cabeça para encará-lo. Não havia nenhuma lágrima em seu rosto. Mas tinha algo diferente lá. Eu tinha que me acostumar a isso. Ele nunca seria o mesmo depois de tudo o que passou por causa daquele maldito nogitsune.

— Como está se sentindo? — murmurei, olhando bem para ele.

— É minha culpa — ele olhou no fundo dos meus olhos. — Ela está morta por minha culpa.

— Não é sua culpa, Stiles — falei, segurando ambas as suas mãos. — Ele nem estava mais no seu corpo.

— Mas...

— Nós vamos superar isso — garanti. — Eu nunca vou te abandonar.

— Você é a melhor pessoa do mundo para mim, Sid — ele beijou minha testa. — Mas dizer isso não vai fazer eu parar de sentir esse peso dentro de mim, essa culpa.

Eu sabia disso. E ele sabia que eu sabia. Mas palavras pronunciadas pela boca de uma pessoa com quem você se importa e que se importa com você são de valor inestimável.

Stiles e eu permanecemos abraçados, de lado. Nosso abraço era tão forte que era como se fossemos nos partir se nos soltássemos. E talvez isso fosse acontecer mesmo.

ROXANNE

Por quê?

Isso era tudo o que eu conseguia pensar em quase todos os momentos nos últimos dias.

Por quê? Alguém me diga o porquê.

Por que estavam me fazendo passar por uma coisa dessas?

Por quê?

Eu queria chorar. Por que ninguém vinha me resgatar?

Derek Hale era meu e eu era dele. Então, por que ele não vinha me tirar daqui?

E Sid? E Lydia? Stiles? Até mesmo Stiles — aquele idiota sarcástico que era apaixonado pela minha prima.

Por que ninguém vinha? Como poderiam ter me esquecido aqui?

Eu só queria que meus amigos me resgatassem e me tirassem dessa dor.

Mas pensar em meus amigos só fazia a dor aumentar com uma tremenda intensidade. Era sempre assim. Só que eu não conseguia simplesmente não pensar neles. Eles eram a minha família. Eu fazia parte da alcateia. Eles eram tudo o que eu tinha. A única coisa pela qual valia me manter viva no meio desse sofrimento era saber que, algum dia, em algum momento, eles entrariam por aquela porta e me tirariam daqui.

A Casa Eichen era o pior lugar do mundo. E isso só piorava quando a dor me consumia por inteira e as vozes começavam a ficar altas, tentando me dizer alguma coisa que eu me negava a ouvir. O médico queria que eu me lembrasse — assim como as vozes —, mas era como se minha memória estivesse bloqueada.

As vozes agora gritavam. Milhares delas. Mas eu não as entendia. Não queria entender.

Seja lá o que tivesse acontecido, eu não queria me lembrar. Eu não queria lembrar e também não queria contar para ele.

Lembrar tornaria tudo real...

— As vozes... Elas estão altas — choraminguei. — Por que as vozes estão ficando mais altas?

— Porque eu estou tentando amplificar seus poderes, Roxanne — ele disse com toda a calma que sua voz podia carregar, mas aquilo não me acalmava nem um pouco. — Mas primeiro você precisa se lembrar. Deixe as vozes guiarem você.

— Não — resmunguei. — Não quero que você continue fazendo isso comigo.

— Você não tem escolha — disse simplesmente. — Agora me diga, Srta. Palmer, me diga o que aconteceu até o momento em que as vozes e os gritos ficaram tão altos e incessantes em sua cabeça que fizeram você sucumbir e acabar parando aqui.

— Eu não consigo, eu...

Comecei a negar, mas ele fez algo com a minha cabeça; Algo que doía demais.

— Continue contando, Roxanne — ordenou. — Conte-me o que aconteceu depois que vocês conseguiram salvar Stiles, depois do funeral de Allison Argent.

— Era a hora de salvar a Sid — contei, finalmente cedendo. — Tínhamos que tentar ajudá-la a controlar sua transformação antes que ela pudesse matar algum inocente.

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